O estudo global lançado pelo Grupo Adecco destaca a Inteligência Artificial como a maior força transformadora do local de trabalho em 2025, num momento em que aumenta também a confiança na utilização da tecnologia
À medida que as ferramentas de Inteligência Artificial (IA) são amplamente adotadas, os profissionais revelam que estão a poupar, em média, duas horas por dia. No entanto, esta perceção de ganhos de produtividade não reflete a realidade de muitas organizações. Os dados constam da sexta edição do relatório anual Global Workforce of the Future, com o título Humanity at work: How to thrive in the AI era, lançado pelo Grupo Adecco, e que tem por objetivo explorar o impacto da IA, do propósito e da ligação humana na transformação do trabalho. A IA é, de acordo com as principais conclusões do estudo, identificada como a maior força de transformação no local de trabalho em 2025, ultrapassando outros pontos como a incerteza económica e o trabalho flexível. A confiança na utilização da tecnologia também aumentou, com 71% dos inquiridos a afirmarem que não há nada que os impeça de utilizar estas ferramentas, valores que refletem um crescimento significativo face aos 19% registados na edição de 2024 do relatório. Com base nas respostas de 37.500 trabalhadores em 31 países e 21 setores, mais de três quartos dos trabalhadores referem que a IA lhes permite realizar tarefas anteriormente inacessíveis; quase o mesmo número refere que a tecnologia já alterou, ou está prestes a alterar, as competências e atividades exigidas nas suas funções. O relatório sublinha ainda que, apesar do tempo poupado com a IA, um terço dos trabalhadores continua a ocupá-lo com tarefas rotineiras ou pouco significativas. Para transformar essa eficiência em motivação e envolvimento, as empresas devem ajudar os colaboradores a avaliar o impacto do seu trabalho e a direcionar-se para funções de maior valor acrescentado. “Para que os ganhos de eficiência se traduzam em impacto real, os líderes devem investir na formação e no envolvimento ativo dos colaboradores. Só assim se desbloqueia valor. A utilização estratégica da IA tem o poder de capacitar as pessoas, reforçar a confiança e criar ambientes de trabalho mais sustentáveis para todos”, defende Denis Machuel, CEO do Grupo Adecco. Profissionais mais preparadosOs trabalhadores considerados “future-ready” são aqueles que estão a atualizar as suas competências e a adaptar-se às novas tecnologias, beneficiando de maior clareza nos objetivos e de um apoio estruturado ao desenvolvimento da carreira, revela o estudo. “Estes profissionais prosperam quando têm objetivos claros, metas mensuráveis e acesso contínuo a aprendizagem”, refere Daniela Seabrook, Chief HR Officer do Grupo Adecco. “Cabe às empresas fornecer as ferramentas certas, a formação adequada e quadros éticos robustos para que a IA seja um motor de crescimento e potencial humano e não uma fonte de incerteza.” Em 2025, 37% dos trabalhadores consideram-se “future-ready”, mais do triplo dos 11% registados no ano anterior. Mas apesar do otimismo generalizado, a ansiedade persiste: 76% acreditam que a IA criará novos postos de trabalho, 70% preveem reestruturações, mas 23% temem perder o emprego. Propósito e desenvolvimento são caminho para a fidelizaçãoOs trabalhadores que compreendem o impacto da IA nas suas funções, e a forma e como o seu trabalho se liga à estratégia da empresa, têm maior propensão a manter-se na organização, mesmo quando as preocupações com a privacidade aumentam para 44%. O estudo demonstra que ter um propósito claro é um fator determinante na fidelização de talento. Entre os que sentem que o seu trabalho tem um sentido claro e está alinhado com a estratégia da empresa, a grande maioria (99%) planeiam manter-se na organização nos próximos 12 meses, em contraste com os 53% que nunca sentem esse alinhamento. Além disso, um em cada três profissionais manter-se-ia na empresa se tivesse oportunidades claras de progressão, face aos 22% registados no ano anterior. Confiança e ligação humanaApesar da abertura à IA em tarefas automáticas e de formação, os trabalhadores continuam a dar primazia às decisões de carreira tomadas por pessoas. O estudo revela que líderes e gestores estão mais confortáveis com agentes de IA do que os profissionais em início de carreira, o que reforça a importância de comunicação transparente e diretrizes éticas claras. Os profissionais preparados para o futuro, que compreendem o seu impacto e assumem a responsabilidade pelo seu desenvolvimento, demonstram maior confiança na IA — o que reforça que clareza e envolvimento são essenciais para gerar confiança. “As organizações têm de perceber que a adoção de IA deixou de ser opcional — é uma prioridade estratégica. Investir em governação transparente, ética e requalificação contínua é a única forma de garantir ganhos sustentáveis de produtividade, mantendo a confiança. Tudo isto deve ser feito com as pessoas no centro da estratégia”, reitera Denis Machuel. |