EUA e China na corrida ao armamento com inteligência artificial

Os EUA ainda têm vantagens em áreas como semicondutores e chips de inteligência artificial, mas com o decorrer da guerra comercial, o governo chinês está a reduzir a sua dependência de tecnologias estrangeiras

EUA e China na corrida ao armamento com inteligência artificial

A narrativa de uma "corrida ao armamento" com Inteligência Artificial (IA) entre os EUA e a China tem vindo a crescer nos últimos anos. Muitas são as manchetes que sugerem que a China está pronta para assumir a liderança na investigação e utilização de IA, devido ao seu plano nacional de domínio de inteligência artificial e aos milhares de milhões de dólares que o governo investiu no terreno, em comparação com o foco dos EUA no desenvolvimento do setor privado.

Mas a realidade é que, pelo menos até ao último ano, as duas nações têm sido em grande parte interdependentes no que diz respeito a esta tecnologia. É uma área que tem chamado à atenção e investimento de grandes sucessos tecnológicos de ambos os lados do Pacífico.

"As narrativas de uma 'corrida ao armamento' são exageradas e há más analogias para o que realmente se passa no espaço de IA", explica Jeffrey Ding, líder chinês do Centro para a Governação de IA no Instituto do Futuro da Humanidade da Universidade de Oxford. “Quando se olha para fatores como a investigação, o talento e as alianças empresariais, pode-se ver que os ecossistemas de IA dos EUA e da China ainda estão muito entrelaçados”.

Apesar disto, a combinação de tensões políticas e a rápida propagação da COVID-19 em ambas as nações está a alimentar mais uma separação, o que terá implicações tanto para os avanços na tecnologia como para a dinâmica do poder mundial nos próximos anos.

"Aqueles que construíram e que controlarem tecnologias com IA também vão controlar partes do mundo. E isto não pode ser ignorado”, garante Georg Stieler, diretor-geral da Stieler Enterprise Management Consulting China.

Em 2016, a administração de Barack Obama divulgou três relatórios sobre a preparação para um futuro com a IA, estabelecendo um plano estratégico nacional, e descrevendo os potenciais impactos económicos. Alguns dos políticos chineses presentes tomaram esses relatórios como um sinal de que os EUA estavam mais à frente na sua estratégia de IA do que o esperado.

Esta situação levou a que em julho de 2017, o governo chinês divulgasse um plano de desenvolvimento para que o país se tornasse líder mundial em IA até 2030, incluindo um investimento de milhares de milhões de dólares em startups de IA e parques de investigação.

"A China tem observado como a indústria de IT é originária dos EUA e exerce uma influência suave em todo o mundo através de várias inovações de Silicon Valley", explica Lian Jye Su, analista principal da empresa de consultoria de mercado tecnológico global ABI Research. "Como uma economia construída apenas com base nas suas capacidades de produção, a China está ansiosa por encontrar uma maneira de diversificar a sua economia e fornecer formas mais inovadoras de mostrar os seus pontos fortes ao mundo e a IA é uma boa maneira de fazê-lo".

Apesar da competição, há muito que as duas nações trabalham juntas. A China tem massas de dados e regulamentos muito mais laxistas em torno da sua utilização, por isso pode implementar testes de IA mais rapidamente. Acontece que a nação ainda depende em grande parte de semicondutores dos EUA e software de código aberto para alimentar a IA e algoritmos de aprendizagem automática.

E enquanto os EUA têm vantagem no que diz respeito a pesquisas de qualidade, universidades e talentos de engenharia, os melhores programas de IA em escolas como Stanford e MIT atraem muitos estudantes chineses, que muitas vezes vão trabalhar para a Google, Microsoft, Apple e Facebook.

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