Quase um quarto dos empregos a nível global poderá ser transformado pela inteligência artificial generativa, com a Europa a surgir como a região mais vulnerável
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) alertou que 23% dos postos de trabalho em todo o mundo enfrentam um elevado grau de exposição à Inteligência Artificial Generativa (IA generativa), especialmente em tarefas administrativas e de análise de dados. De acordo com um novo índice global desenvolvido em parceria com o centro polaco NASK, a Europa é a região mais exposta, com um terço dos empregos em risco de serem automatizados ou substancialmente alterados. O relatório aponta que a IA generativa tem maior impacto sobre funções que exigem tarefas cognitivas repetitivas, em particular nas áreas de administração, apoio ao cliente e entrada de dados. Embora os efeitos possam variar consoante o contexto económico e social de cada país, a tendência é clara: profissões de escritório são, para já, mais vulneráveis do que funções manuais ou técnicas. Na Europa, 34% dos empregos apresentam um nível alto de exposição à IA generativa, sendo que, em países como a Suécia e a Estónia, essa percentagem ultrapassa os 40%. A OIT sublinha que esta vulnerabilidade reflecte o elevado grau de digitalização e a forte presença de setores com tarefas susceptíveis de automatização. O estudo alerta, contudo, que a exposição à IA generativa não equivale automaticamente à substituição de postos de trabalho. “Nem toda a exposição é negativa. Em muitos casos, as tecnologias podem complementar as tarefas humanas, melhorando a produtividade e a qualidade do trabalho”, refere o relatório, destacando que os efeitos dependerão das políticas públicas e das estratégias de adoção tecnológica. Ao contrário do que se verifica na Europa, as regiões da Ásia e África apresentam uma exposição média ou baixa. Isto deve-se, segundo os autores do estudo, à maior prevalência de empregos em setores com menor probabilidade de automatização, como a agricultura, os serviços informais e o trabalho manual. Apesar das diferenças regionais, a OIT recomenda que todos os países desenvolvam quadros de regulação e formação que permitam uma transição justa. “É essencial investir em competências digitais, garantir proteções sociais adequadas e envolver trabalhadores e empregadores na definição das regras de utilização da IA”, pode ler-se no documento. O índice agora divulgado pretende servir como ferramenta de monitorização contínua do impacto da IA generativa nos mercados de trabalho, permitindo aos decisores políticos acompanhar tendências e antecipar necessidades. Além disso, a OIT prevê atualizações regulares para acompanhar o ritmo acelerado de desenvolvimento tecnológico. |