Portugal destaca-se na Europa com uma elevada taxa de adoção da inteligência artificial e uma perceção amplamente positiva, tanto no uso pessoal como profissional, mas persistem desafios significativos na formação e na obtenção de retorno financeiro
A Inteligência Artificial (IA) está a ganhar expressão no quotidiano profissional e pessoal dos portugueses, colocando Portugal entre os países com maior taxa de adoção e satisfação com esta tecnologia, segundo o estudo EY European AI Barometer 2025. O inquérito, que envolveu 4942 trabalhadores de nove países europeus, incluindo 200 inquiridos portugueses de 21 setores, revela que 83% dos profissionais em Portugal utilizam IA, sendo 31% em ambos os contextos (profissional e pessoal), 40% apenas pessoalmente e 12% exclusivamente no trabalho. Portugal lidera na perceção positiva da experiência com IA, com 90% a considerarem-na favorável, acima de Espanha (89%) e Suíça (86%). Em termos de uso, Portugal e Espanha (83%) surgem logo a seguir à Suíça (85%). Contudo, a formação surge como um dos principais desafios: apenas 24% dos profissionais portugueses sentem que as suas empresas oferecem formação adequada em IA, e 66% desejam mais ou melhor apoio formativo. “A adoção de IA não deve ser encarada apenas como questão de investimento tecnológico. É essencial um apoio estruturado e especializado, com foco em resultados mensuráveis e sustentáveis”, afirma Sérgio Ferreira, partner e líder de IA da EY em Portugal. Embora as empresas europeias estejam a registar ganhos ou poupanças superiores a seis milhões de euros, Portugal surge entre os países com menor retorno percecionado (42%). Ainda assim, 62% dos que reportam benefícios em território nacional estimam ganhos até um milhão de euros. A maioria das empresas prevê investir menos de 500 mil euros em IA nos Três em cada quatro trabalhadores portugueses acreditam que a IA irá substituir parcialmente as suas funções, valor superior à média europeia. Apesar disso, 57% consideram que essa transição será gradual, e 48% afirmam já sentir melhorias na produtividade, superando os 43% da média europeia. O estudo evidencia também um desfasamento entre gestores e colaboradores quanto aos efeitos da IA no desempenho das equipas. Embora se reconheçam benefícios como eficiência operacional e melhor serviço ao cliente, persistem preocupações com privacidade, segurança e perda de empregos. Ainda assim, 61% dos profissionais portugueses acreditam que o AI Act da União Europeia terá um impacto positivo, nomeadamente na proteção de dados e na promoção de práticas éticas no uso de IA. |