Estudo do ManpowerGroup revela que a automatização está a transformar profundamente funções em áreas como TI, Logística e Sustentabilidade. Grandes empresas lideram intenção de investimento, com destaque para os setores das Tecnologias de Informação, Finanças e Imobiliário
Mais de seis em cada dez empresas em Portugal preparam-se para aumentar o investimento em tecnologia com vista à automatização de tarefas repetitivas. A conclusão é do ManpowerGroup Employment Outlook Survey, um estudo trimestral que, nesta edição, recolheu as opiniões de mais de 40.600 empregadores em 42 países e territórios, incluindo Portugal. O inquérito, referente ao terceiro trimestre do ano, fornece uma visão global sobre as tendências de contratação e transformação digital no mundo do trabalho. Em território nacional, 61% dos empregadores afirmaram que pretendem reforçar o investimento em automação — sendo 14% de forma significativa e 47% de forma moderada. Este valor acompanha a média global, sinalizando um alinhamento com os ritmos internacionais de modernização. A automatização surge como resposta à necessidade de aumentar a eficiência, enfrentar a escassez de talento e melhorar a competitividade. As Grandes Empresas lideram esta transição tecnológica: entre as organizações com mais de 1000 trabalhadores, cerca de dois terços (67%) planeiam intensificar o investimento. Já entre as Microempresas, o valor desce para 45%, revelando uma diferença de mais de 20 pontos percentuais. O setor das Tecnologias de Informação destaca-se como o mais proativo na adoção de soluções automatizadas. Em Portugal, 81% dos empregadores desta área indicam intenção de reforçar o investimento, valor que ultrapassa a média global (70%) e reflete o papel central que a tecnologia desempenha na reorganização do trabalho. Outros setores com intenções robustas de modernização incluem Finanças e Imobiliário (72%) e Energia & Utilities (69%). Estas áreas têm vindo a incorporar a digitalização como elemento estrutural das suas operações, sendo acompanhadas por Bens e Serviços de Consumo (59%) e Saúde e Ciências da Vida (56%), também em linha com os valores globais. Apesar da tendência generalizada de crescimento, nem todos os setores seguem o mesmo ritmo. Transportes, Logística e Automóvel (53%), Indústria Pesada e Materiais (55%) e Serviços de Comunicação (50%) revelam intenções mais cautelosas, ficando abaixo das respetivas médias globais. Estes dados sugerem desafios específicos ou ritmos distintos de transformação digital. No que respeita ao impacto da automação nas funções empresariais, os empregadores portugueses apontam as áreas de Tecnologias da Informação e Data como as mais sujeitas a transformação, com 74% a identificarem mudanças significativas nos próximos cinco anos. Este valor está alinhado com o cenário global (76%). Vendas e Marketing (69%) e Operações e Logística (67%) surgem também entre as mais impactadas, revelando a abrangência da automatização nos domínios estratégicos e operacionais. As funções ligadas à Sustentabilidade e Ambiente (66%) registam igualmente forte impacto, reforçando a importância da tecnologia na resposta às exigências ambientais. A Indústria e Produção, com 66%, surge como outra área relevante, embora o valor esteja abaixo da média global (71%). Esta diferença poderá indicar limitações na capacidade de modernização da indústria portuguesa ou uma abordagem mais gradual na adoção de tecnologias automatizadas. A transformação digital e a automação não se apresentam como tendências passageiras, mas como pilares da reorganização empresarial, de acordo com este estudo, sendo que a sua evolução dependerá não só do investimento, mas também da capacidade de adaptação dos setores e das qualificações disponíveis no mercado. |