Empresas portuguesas ajustam modelos de trabalho remoto à procura de equilíbrio entre produtividade e cultura

À medida que o trabalho remoto evolui, o modelo híbrido assume-se como o mais comum — mas as abordagens divergem consoante o setor e os desafios internos de cada organização

Empresas portuguesas ajustam modelos de trabalho remoto à procura de equilíbrio entre produtividade e cultura

Depois de se consolidar como uma solução dominante em muitos contextos durante os últimos anos, o trabalho remoto enfrenta agora um novo momento de reavaliação. A análise mais recente da Adecco Portugal mostra que o cenário atual é tudo menos homogéneo: enquanto algumas empresas reforçam o compromisso com a flexibilidade, outras iniciam um movimento de regresso ao escritório.

Segundo o estudo, o modelo híbrido continua a destacar-se como o mais adotado, mas o panorama permanece fragmentado. Setores com forte componente digital, como tecnologia, marketing e serviços partilhados, mantêm a aposta em formatos flexíveis. Já áreas mais reguladas ou operacionais, como a indústria, a banca e a saúde, tendem a favorecer uma maior presença física nos locais de trabalho.

Para Alexandra Andrade, Country Manager da Adecco Portugal, não existe uma fórmula única. “O verdadeiro desafio das empresas hoje está em encontrar fórmulas que garantam performance e proximidade, sem comprometer o equilíbrio e a motivação das equipas”, afirma. O que se observa, em 2025, é a necessidade crescente de definir políticas claras e estruturadas para o trabalho híbrido, abandonando a fase de improviso dos primeiros anos da adoção massiva do remoto.

As organizações mais maduras estão a investir em modelos híbridos sustentados por métricas de desempenho, rituais de equipa, momentos de contacto presencial e tecnologias de colaboração. A cultura organizacional assume um papel central neste processo: quando o espaço físico deixa de ser o principal canal de expressão cultural, o peso recai sobre a liderança e a comunicação interna.

Do ponto de vista dos colaboradores, o trabalho remoto continua a levantar desafios relevantes. Sentimentos de isolamento, dificuldade em estabelecer limites entre vida pessoal e profissional, e a perceção de menor progressão de carreira são algumas das questões mais apontadas. O sentimento de pertença é também um dos aspetos mais afetados, em particular nos modelos totalmente remotos.

Apesar desses desafios, a flexibilidade mantém-se como uma prioridade para muitos profissionais. De acordo com o estudo global “Workforce of the Future”, mais de 60% dos trabalhadores em todo o mundo preferem o modelo híbrido. No entanto, cerca de um terço dos inquiridos afirma sentir-se menos ligado à organização desde que passou a trabalhar fora do escritório.

Alexandra Andrade sublinha que “o trabalho remoto não está a desaparecer — está a amadurecer”. Para a responsável, as empresas que souberem combinar consistência, cultura interna e proximidade, independentemente do formato, estarão preparadas para liderar no futuro do trabalho.

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