CIO enfrentam fosso entre o valor real do IT e a perceção das organizações

À medida que a tecnologia passa a influenciar cada vez mais a estratégia, as operações e até a cultura das organizações, o peso dos departamentos de IT cresce – mas a perceção do seu valor nem sempre acompanha essa evolução. Segundo um novo relatório da Info-Tech Research Group, muitos CIO continuam a enfrentar um desfasamento entre o contributo real do IT e a visão que o resto da empresa mantém sobre esta área.

O estudo mostra que a imagem tradicional do IT como um serviço de suporte reativo ainda condiciona o seu impacto, mesmo quando as equipas estão no centro de iniciativas de modernização, inovação e transformação digital. O plano divulgado pela Info-Tech, intitulado “Assuma o Controlo da Narrativa do IT”, apresenta um método estruturado para ajudar os CIO a reposicionarem a função, corrigindo perceções, reforçando relações internas e comunicando valor de forma mais eficaz.

Os números ilustram bem esta disparidade. O Diagnóstico de Alinhamento de Executivos revela que, embora 53% dos líderes defendam que o IT deveria ter um papel estratégico no crescimento e transformação do negócio, 96% ainda o classifica apenas como “Trusted Operator” – um nível associado a operações fiáveis, mas pouco influentes. A desconexão repete-se noutros níveis: dados do Diagnóstico de Visão de Negócio do CIO mostram que dois terços das empresas não reconhecem o elevado valor que o IT já lhes entrega.

A própria gestão operacional absorve grande parte da atenção dos CIO. A Avaliação de Equipas de IT indica que estes responsáveis dedicam cerca de um quarto do seu tempo à gestão de tecnologias ou processos existentes, reduzindo a disponibilidade para comunicação estratégica e interação com as partes interessadas. Para a Info-Tech, este cenário reforça a urgência de redefinir a identidade do IT e reconstruir a confiança necessária para uma verdadeira parceria estratégica.

“Muitos CIO entregam muito mais valor do que a organização percebe, mas continuam presos a visões antiquadas”, afirma Laura Herran Sanchez, gestora de produto associada do Info-Tech.

Apesar da crescente responsabilidade das equipas de IT, persistem obstáculos estruturais: a ideia de que o departamento é apenas um centro de custos, a dificuldade em explicar claramente os seus serviços e contributos, e desalinhamentos internos que alimentam uma perceção de baixo valor – mesmo quando o desempenho melhora. Para ultrapassar este ciclo, os CIO precisam não apenas de executar bem, mas de gerir ativamente a narrativa sobre a área.

Como resposta, a Info-Tech propõe um modelo em quatro etapas para construir uma marca de IT mais forte e coerente. O processo começa por avaliar a perceção atual, segue para a definição da identidade desejada, continua com iniciativas internas que reforcem essa imagem e culmina numa estratégia de comunicação e relacionamento que faça o valor do IT chegar a toda a organização. Segundo a consultora, este percurso pode transformar um departamento visto como reativo numa função estratégica, confiável e alinhada com as ambições corporativas.