A decisão já gerou atrito com os EUA após Donald Trump classificar a sanção como “injusta” e ameaçar retaliar com medidas comerciais
A Google foi multada em 2,95 mil milhões de euros pela União Europeia (UE) por práticas anti-concorrência no setor da publicidade digital. A decisão, considerada uma das mais severas aplicadas a uma Big Tech, já gerou atrito político com os Estados Unidos, onde o presidente Donald Trump classificou a sanção como “injusta” e “discriminatória”. A penalização marca a quarta multa da Google no espaço de uma década em disputas com os reguladores europeus. A Comissão Europeia acusa a gigante tecnológica de ter favorecido os seus próprios serviços de tecnologia de anúncios, reforçando o domínio da sua plataforma AdX e impondo custos mais elevados a concorrentes e editores online. Segundo Bruxelas, a empresa tem abusado da sua posição dominante desde 2014. Além da multa, a Comissão Europeia ordenou à Google que interrompa práticas de autopreferência e resolva os conflitos de interesse inerentes ao seu modelo de negócio. A empresa dispõe de 60 dias para apresentar um plano e 30 dias adicionais para implementar medidas. A decisão da UE foi recebida com forte oposição em Washington. Trump, através da rede Truth Social, acusou a Europa de penalizar o “engenho americano” e prometeu acionar a Secção 301 da Lei do Comércio de 1974 que permite aos EUA impor sanções comerciais a países considerados hostis ao comércio norte-americano. “Se isto continuar, serei forçado a iniciar um processo para anular estas penalizações injustas”, afirmou o presidente, acrescentando que poderão ser aplicadas taxas à UE, como já aconteceu no setor automóvel. A multa surge num contexto de crescentes tensões comerciais entre a UE e os EUA. Bruxelas tem endurecido a fiscalização sobre as plataformas digitais dominantes, enquanto Washington ameaça retaliar contra medidas que afetem as Big Tech. Segundo fontes europeias, a aplicação da sanção esteve para ser anunciada mais cedo, mas foi adiada devido ao receio de retaliações tarifárias sobre automóveis europeus. A Google arrisca ainda a enfrentar medidas mais drásticas, incluindo eventuais desinvestimentos forçados, caso não satisfaça as exigências de Bruxelas. |