Escassez de talento tecnológico desafia crescimento de Portugal como hub de inovação

Apesar de manter custos competitivos, o mercado português sofre falta de especialistas sénior e enfrenta concorrência de destinos como Alemanha e Países Baixos

Escassez de talento tecnológico desafia crescimento de Portugal como hub de inovação

O relatório Tech Talent Explorer da Hays, que analisou dados de mais de 9.800 profissionais de tecnologia em 32 países, posiciona Portugal como um destino competitivo para investimento tecnológico, mas lança um alerta sobre a crescente dificuldade em reter talento qualificado.

O estudo confirma que o território nacional continua atrativo para projetos de nearshoring e centros de desenvolvimento, uma vez que apresenta custos salariais abaixo da média europeia. No entanto, os salários estão a aumentar, em particular em áreas críticas como engenharia de software, dados e cloud, refletindo a elevada procura por profissionais qualificados.

Apesar da concentração de profissionais em Lisboa e Porto, existe uma escassez crítica de talento em áreas como cibersegurança, DevOps e machine learning. Esta realidade leva a que uma percentagem significativa de profissionais considere emigrar para mercados como a Alemanha, Reino Unido ou Países Baixos.

O relatório sublinha uma mudança nas prioridades dos profissionais de tecnologia em Portugal, onde o equilíbrio entre vida pessoal e profissional é mais importante do que o salário, destacando a flexibilidade no trabalho como o fator mais valorizado, seguida por progressão de carreira, formação contínua e cultura organizacional positiva. Estes dados reforçam a necessidade de as empresas desenvolveram uma proposta de valor clara e autêntica, alinhada com as expectativas da nova geração de profissionais.

O estudo destaca que o modelo de contracting (trabalho por projeto) está a aumentar no Sul da Europa. Estes profissionais valorizam a autonomia, a clareza contratual e a possibilidade de trabalhar em projetos com propósito. Este modelo de contracting pode representar uma oportunidade para empresas que procuram agilidade e acesso rápido a competências críticas, sobretudo em áreas como a Inteligência Artificial (IA), automatização robótica de processos (RPA) e DevSecOps.

A nível global, a IA destaca-se como competência transversal e essencial: 82% dos profissionais querem aprofundar conhecimentos nesta área e 64% já identificam ganhos de produtividade com o seu uso.

A nível global, as competências mais procuradas em tecnologia incluem Cloud Architecture, DevSecOps, RPA e IA. A maioria destes perfis apresenta elevada senioridade, por exemplo, 81% dos Cloud Architects têm mais de oito anos de experiência, o que exige processos de recrutamento mais ágeis e pacotes de benefícios competitivos. No entanto, apenas 31% das empresas na região EMEA recomendam ativamente o uso de ferramentas de IA, revelando uma oportunidade para diferenciação.

Portugal continua a destacar-se como um destino estratégico para investimento tecnológico, mas a pressão sobre o talento qualificado é real e crescente”, refere Miguel Gonçalves, Business Director da Hays Portugal. “Cada vez mais, a retenção e atração de profissionais exige uma proposta de valor mais ajustada às suas prioridades, que vão muito além do salário. O modelo de contracting, que tem vindo a crescer no Sul da Europa, pode ser uma resposta eficaz a esta realidade, permitindo às empresas aceder rapidamente a competências críticas e oferecer projetos com propósito, flexibilidade e clareza. É uma solução que complementa, mas não substitui, uma estratégia de talento mais ampla e bem estruturada”.

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