A integração contínua da inteligência artificial está a levar os líderes de recursos humanos a reavaliarem e a adaptarem as suas estratégias de talentos
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A diminuição de funções básicas, a transformação da capacidade de recrutamento, a retenção como barreira à produtividade e a gestão de desempenho são quatro tendências que vão moldar a gestão de talentos em 2026. A conclusão consta de uma pesquisa da Gartner, que aponta para uma reavaliação das estratégias de talentos por parte dos líderes de recursos humanos. Reter talento nos primeiros anos de carreiraDe acordo com um estudo levado a cabo pela Gartner no segundo trimestre de 2025, e que envolveu 919 funcionários com idades compreendidas entre os 22 e os 27 anos, a Geração Z valoriza mais a mobilidade profissional do que a segurança no emprego, com a Inteligência Artificial (IA) a surgir como uma alternativa viável para a execução de trabalhos de menor valor. Desta forma, uma das tendências para o próximo ano aponta para a diminuição da contratação num nível básico, com as organizações a tornarem-se mais dependentes de talentos de nível médio. “A organização do futuro requer um pipeline de talentos de nível básico altamente eficiente, o que coloca uma enorme pressão sobre o RH para mudar a maneira como contrata, treina e retém funcionários em início de carreira”, sublinha Tony Guadagni, Director, Research da Gartner HR practice. Segundo a Gartner, as duas ações a ter em conta para reter talentos neste âmbito passam por redesenhar os programas de desenvolvimento de início de carreira e criar estratégias de retenção para os melhores talentos, tendo em conta fatores como a remuneração e o desenvolvimento de carreira. Transformar o recrutamentoA necessidade de reduzir as lacunas de competências e criar engagement nos funcionários tem levado as organizações a investirem mais em mobilidade interna. Ainda assim, as taxas de a este nível permanecem estáveis. “À medida que novos empregos são criados, um em cada cinco funcionários precisará de ser realocado até 2030, e as organizações não estão preparadas”, afirmou Guadagni. “As organizações devem alavancar as suas equipas de recrutamento para serem mais proativas em colocar funcionários com capacidades críticas nas funções certas”, acrescentou. De acordo com a Gartner, os líderes de gestão de talentos devem garantir que os dados sobre as capacidades dos funcionários estejam atualizados para determinar onde se poderão encaixar numa organização em constante mudança. Retenção pode ser barreira de produtividadeOs líderes de RH deverão trabalhar para reinventar os planos de melhoria de desempenho, uma vez que a maioria das organizações ainda revela ineficácia em melhorar a produtividade de funcionários com baixo desempenho. Em 2026, os líderes de recursos humanos deverão concentrar-se na criação de mecanismos prescritivos para funcionários de baixa produtividade que tenham metas de desenvolvimento muito claras para serem cumpridas por cronogramas predeterminados. “Cerca de um quarto da força de trabalho é pelo menos 20% menos produtiva do que a média”, afirma Guadagni. Gestão de desempenho mais ou menos humanaApesar de já estarem a utilizar a IA na gestão de desempenho, a maioria dos gestores não recebeu formação sobre como utilizar a tecnologia de forma adequada. Os responsáveis de recursos humanos deverão fornecer aos gestores ferramentas de IA aprovadas e informação sobre o bom e mau uso da IA no que toca à gestão de desempenho. Neste ponto, Tony Guadagni relembra que “o futuro dos processos de gestão de desempenho é a automação, mas o futuro da gestão de desempenho não pode ser”. |