O mercado de trabalho no início de 2025 revela sinais de abrandamento, com menos candidatos a receberem múltiplas ofertas e uma maior seletividade nas escolhas, com o salário e as oportunidades de crescimento profissional como os principais fatores de decisão
De acordo com o mais recente inquérito da Gartner, apenas 44% dos candidatos a emprego relataram ter recebido múltiplas ofertas no seu processo de recrutamento no primeiro trimestre de 2025. O valor representa uma quebra face aos 51% registados no mesmo período de 2024 e uma queda ainda mais acentuada em comparação com os 72% verificados no primeiro trimestre de 2023. O estudo, que analisou respostas de quase três mil candidatos entre janeiro e março de 2025, revela também uma diminuição na taxa de desistência após aceitação de uma oferta. No primeiro trimestre deste ano, 35% dos candidatos desistiram após aceitarem uma proposta, contra os 48% registados no ano anterior. “Estamos a observar sinais de um mercado de trabalho em declínio, com menos candidatos a receberem múltiplas propostas ou a desistirem após aceitar uma vaga”, sublinha Caroline Ogawa, Diretora de Investigação na Gartner HR Practice. “Apesar da redução nas oportunidades, as organizações continuam a enfrentar dificuldades na captação de talento, já que os candidatos se mostram mais seletivos nas vagas que consideram”. Outro inquérito da Gartner, este dirigido a mais de cem líderes de recursos humanos nos Estados Unidos, mostra que 61% dos responsáveis de RH do setor privado preveem um aumento da concorrência por talento, impulsionado pelas novas políticas de taxas alfandegárias do governo norte-americano, com especial impacto na contratação de trabalhadores da linha da frente. “À medida que as empresas enfrentam um ambiente económico instável, os líderes de RH devem reavaliar suposições sobre a dinâmica do mercado de trabalho e focar-se no comportamento real dos candidatos”, destaca Dion Love, Vice-presidente da área de consultoria da Gartner HR Practice. No que respeita aos critérios de decisão dos candidatos, o salário foi o fator mais valorizado, citado por 53% dos inquiridos, um aumento de 11 pontos percentuais face ao ano anterior. Em seguida, 47% referiram as oportunidades de crescimento profissional como principal motivação para aceitar uma proposta de trabalho. Também o equilíbrio entre vida pessoal e profissional (45%), melhores condições de trabalho (39%) e oportunidades de aprendizagem de novas competências (39%) foram apontados como fatores determinantes. Em contrapartida, elementos como planos de saúde melhorados (22%), férias pagas (10%) ou licença de maternidade (6%) foram menos relevantes no processo de escolha. |