Mudança estrutural no mercado de trabalho é inevitável, apesar da cautela atual

O Fórum Económico Mundial alerta para um período de prudência nos mercados de trabalho globais, mas destaca que mudanças estruturais na força de trabalho são inevitáveis, impulsionadas pela inteligência artificial, pela falta de talentos qualificados e pelas novas prioridades dos trabalhadores

Mudança estrutural no mercado de trabalho é inevitável, apesar da cautela atual

O Fórum Económico Mundial publico o Chiel People Officers Outlook 2025, relatório que aponta para um cenário duplo nos mercados de trabalho: a par da prudência a curto prazo, existe uma pressão crescente para transformações profundas a médio e longo prazo.

As conclusões refletem a persistente volatilidade geoeconómica, os avanços rápidos da Inteligência Artificial (IA) e as mudanças demográficas que obrigam organizações a repensar como atraem, desenvolvem e retêm talentos.

Segundo o documento, muitos empregadores estão a adiar decisões de contratação e reestruturação e optam por aguardar maior estabilidade antes de avançar com planos de crescimentos ou de reorganização interna.

Contudo, o mesmo relatório sublinha que esta estratégia defensiva não pode ser prolongada indefinidamente. Para garantir resiliência e competitividade, as empresas vão ter de redesenhar funções, investir no desenvolvimento de competências e adaptar-se às novas exigências do mercado.

Mercados de trabalho em mudança, apesar da estagnação

O Chief People Officers Outlook 2025 revela que os mercados de trabalho estão a atravessar sinais de estagnação, com taxas de contratação e de despedimento em níveis baixos. As expectativas para os próximos 12 meses são incertas, com os diretores de Recursos Humanos consultados a não chegarem a um consenso quanto à evolução do mercado, o que reflete, por sua vez, o clima de instabilidade atual.

Apesar disso, o relatório regista uma convicção partilhada, uma vez que a transformação da força de trabalho não é opcional, mas sim um imperativo estratégico para enfrentar as disrupções contínuas. Um dos diretores citados no estudo resume a situação, afirmando que “a cautela é o cenário atual – mas a transformação é a oportunidade de longo prazo”.

Destaque para os desafios estruturais

Entre os fatores que pressionam a mudança, os líderes de pessoas destacam três vetores: adoção da inteligência artificial, escassez global de talentos e transformação das expectativas da força de trabalho.

A tecnologia surge como uma das forças mais transformadoras, mas também com riscos. Aliás, é sobre este fator que os diretores alertam, já que os trabalhadores podem não conseguir atualizar competências à velocidade necessária, o que pode vir a gerar estagnação de carreira e problemas éticos relacionados com privacidade e utilização de dados.

O Fórum Económico Mundial defende que as estratégias de IA devem ser intencionais e centradas no ser humano, de forma a evitar desigualdades acrescidas e garantir benefícios partilhados.

Atualmente, a escassez de talentos continua a ser um problema global, intensificada pela distribuição desigual de competências e pelas mudanças demográficas. Para manter a competitividade, governos e empresas recorrem a estratégias globais, recorrendo a equipas distribuídas, modelos de trabalho híbrido e colaborações transnacionais. Um responsável ouvido no estudo afirma que “no ambiente atual, a resiliência da força de trabalho decorre de estratégias de talentos globais, não apenas locais”.

Expectativas em transformação

Outro vetor de transformação prende-se com as mudanças nas prioridades dos trabalhadores, sobretudo das gerações mais jovens. Flexibilidade, propósito e impacto social são hoje critério tão valorizados quanto a progressão de carreira ou o salário. Segundo um diretor citado no relatório, “o talento de hoje é confiante, bem informado e assumidamente seletivo. São claros sobre o que querem e dispostos a afastar-se do que não lhes serve”.

O estudo sublinha que esta tendência convive com taxas reduzidas de vagas disponíveis em várias regiões, o que resulta num paradoxo entre maior autonomia dos trabalhadores e crescente precariedade.

A saúde mental, a polarização de valores dentro das organizações e a redefinição da forma como os profissionais se identificam com as empresas são igualmente fatores que moldam o ambiente laboral.

Reestruturação do futuro do trabalho

O relatório sublinha que os diretores de Recursos Humanos estão a priorizar o redesenho das estruturas organizacionais, a adaptação da cultura empresarial e a integração responsável a inteligência artificial e da automação.

O Fórum Económico Mundial alerta que os modelos de emprego atuais já não respondem às exigências das economias futuras, pelo que a transição para novas formas de organização do trabalho é inevitável. Embora complexa, esta transição é vista como uma oportunidade para construir locais de trabalho mais resilientes, inclusivos e ágeis.

Num contexto marcado pela incerteza, o Chief People Officers Outlook 2025 conclui que os diretores de Recursos Humanos emergem como figuras centrais para liderar as mudanças estruturais que vão definir o futuro do trabalho.

Tags

NOTÍCIAS RELACIONADAS

RECOMENDADO PELOS LEITORES

REVISTA DIGITAL

IT INSIGHT Nº 56 Julho 2025

IT INSIGHT Nº 56 Julho 2025

NEWSLETTER

Receba todas as novidades na sua caixa de correio!

O nosso website usa cookies para garantir uma melhor experiência de utilização.