O relatório da Dun & Bradstreet revela que as preocupações com as tensões comerciais, a geopolítica e a compressão de margens estão a levar os líderes a reavaliar os seus investimentos
A Dun & Bradstreet divulgou o mais recente Global Business Optimism Insights, revelando o nível mais baixo de otimismo empresarial desde o final de 2023. O relatório baseia-se nas respostas de aproximadamente 10 mil líderes empresariais de 32 economias e 17 setores, recolhidas entre maio e junho de 2025. Após uma acentuada queda de 12,9% no primeiro trimestre de 2025 e uma ligeira diminuição de 1,3% no segundo trimestre, o Índice Global de Otimismo Empresarial voltou a cair 6,5%. Esta tendência descendente é impulsionada por uma contínua incerteza macroeconómica, tensões geopolíticas e preocupações crescentes com a cadeia de abastecimento global. Segundo o relatório, 54% dos líderes empresariais acreditam que as tensões comerciais se manterão ou aumentarão nos próximos meses, enquanto apenas 46% antecipam uma redução dessas tensões, através de acordos formais ou informais. Embora diversos bancos centrais tenham iniciado cortes nas taxas de juro, essas medidas ainda não se refletiram numa melhoria significativa das condições financeiras para as empresas. “A instabilidade geopolítica no Médio Oriente, os persistentes atritos comerciais e a desaceleração da procura global contribuíram para uma mudança significativa no apetite pelo risco entre os decisores empresariais”, afirmou Neeraj Sahai, presidente da Dun & Bradstreet International. “Com a conjuntura global a manter-se instável, muitas empresas estão a reavaliar os seus planos de investimento e a reforçar estratégias de resiliência para enfrentar a incerteza”. O relatório destaca ainda que a confiança empresarial caiu mais acentuadamente no setor industrial (-8,3%) do que no setor dos serviços (-5,4%). Os segmentos mais afetados foram os da metalurgia, automóvel e bens de equipamento, dependentes de cadeias de abastecimento globais e sensíveis a alterações nas políticas comerciais. Com a procura global em queda e os custos dos inputs persistentemente elevados, muitas empresas enfrentam uma pressão significativa sobre as margens de lucro. Para algumas, a estratégia de aumento de preços já atingiu o seu limite. É o caso dos fabricantes de bens de consumo discricionários, como os têxteis (-17%), produtos elétricos (-15%), metais (-12,7%) e automóveis (-9,7%), que registaram os piores níveis de otimismo trimestral em relação às margens operacionais. |