Uma nova investigação da Salesforce mostra que os CFO deixaram de encarar a inteligência artificial como um investimento conservador e passaram a apostar na tecnologia como um motor de crescimento das receitas
Os Chief Financial Officers (CFO) abandonaram a postura conservadora face à Inteligência Artificial (IA). Um estudo da Salesforce mostra que, em 2020, 70% seguiam uma estratégia cautelosa, mas atualmente apenas 4% mantêm essa posição, passando a encarar a tecnologia como fator de eficiência e crescimento sustentado. De acordo com o estudo, esta mudança resulta de uma reavaliação profunda do retorno do investimento em tecnologia. Mais de metade (61%) dos CFO reconhece que os chamados agentes de IA estão a alterar a forma como medem o ROI, sendo possível ir além das métricas financeiras tradicionais e abrangendo indicadores mais amplos de negócio. O papel destes agentes não é tecnológico, é disso que se dá conta Robin Washington, presidente e Chief Operating and Financial Officer da Salesforce, ao considerar que “com os agentes de IA, não estamos apenas a transformar modelos de negócio; estamos a redefinir o papel do CFO”, e sublinha que estes profissionais passam de guardião financeiro a arquiteto do valor empresarial. Agentes de IA ganham peso nos orçamentosSegundo o relatório, os CFO reconhecem agora que a IA traz benefícios a longo prazo, desde a geração de receitas ao aumento da produtividade, passando por melhorias na tomada de decisão. Isso traduz-se no facto de, em média, os CFO já destinarem 25% do orçamento de IA a agentes autónomos. Mais de um terço (35%) admite que este tipo de investimento exige uma maior tolerância ao risco, enquanto 64% refere que a introdução de agentes está a alterar a forma como encaram os gastos da empresa. A perceção sobre o impacto da tecnologia também mudou, com 74% dos inquiridos a acreditarem que os agentes de IA não só reduzem custos, como também impulsionam receitas. Entre aqueles que já aplicaram estas soluções, a expectativa é de um crescimento de quase 20% nas receitas. Além disso, o relatório demonstra que os CFO antecipam ainda transformações no próprio modelo de negócio, com 72% a considerarem que os agentes vão ter um efeito estrutural nesse campo, enquanto 55% esperam que assumam funções estratégicas em detrimento de tarefas rotineiras. No que toca à avaliação do ROI, 61% dos executivos financeiros sublinham que os agentes de IA já mudaram o processo de análise, ao integrarem novos fatores como poupança de custos, melhorias em compliance, ganhos de produtividade e qualidade da tomada de decisão. O relatório sublinha ainda os receios associados à adoção da IA: dois terços dos CFO identificam riscos de segurança ou privacidade como entraves e 56% apontam a demora no retorno como um desafio. Acrescentam-se preocupações éticas e a necessidade de investimentos contínuos em requalificação e monitorização dos modelos, fatores que podem comprometer a estabilidade do ROI. |