Falta de estratégia em open source põe em risco a liderança tecnológica da Europa

Apesar da adoção generalizada de open source, a Europa arrisca perder terreno na inovação tecnológica por falta de estratégias coesas e apoio de liderança, revela o relatório World of Open Source Europe 2025

Falta de estratégia em open source põe em risco a liderança tecnológica da Europa

O novo relatório World of Open Source Europe 2025: Open Source as Europe’s Strategic Advantage, divulgado pela Linux Foundation Europe em colaboração com a Canonical, LF Europe e LF Research, conclui que a ausência de uma abordagem estruturada e de compromisso ao mais alto nível ameaça a capacidade da Europa de transformar o open source numa vantagem competitiva sustentável.

O relatório, que se baseia em contributos de mais de 300 líderes de IT europeus, mostra que o open source já está profundamente enraizado nas organizações europeias. Cerca de 64% utilizam-no em sistemas operativos, 55% em soluções de cloud e containers, 54% no desenvolvimento de aplicações e web e 41% em inteligência artificial. Mais de 90% das empresas reconhecem que o software de open source (OSS) continua a gerar valor consistente, o que reflete o seu papel estratégico no panorama tecnológico europeu.

Ainda assim, a Europa encontra-se aquém do benchmark global em termos de maturidade estratégica, sendo que apenas 34% das organizações europeias possuem estratégias formais de OSS e somente 22% criaram Open Source Program Offices (OSPO), contra 37% e 28% a nível mundial, respetivamente.

O relatório destaca que o cenário geopolítico tem levado governos a reconhecer o papel do open source como alavanca para a soberania digital. Entre os inquiridos, 52% defendem que a adoção de OSS por parte do setor público deve ser uma das principais áreas de investimento. Já 54% acreditam que o financiamento nestas tecnologias pode vir a acelerar a padronização, a interoperabilidade e reduzir a dependência de fornecedores.

A criação de uma Agência Tecnológica Soberana ao nível da União Europeia surge mesmo como proposta para garantir financiamento e manutenção de projetos críticos de OSS. A título de exemplo, as atualizações regulatórias, como as verificadas no Cyber Resilience Act e no AI Act, são apontadas como medidas que já ajudaram a mitigar riscos adicionais para as comunidades de desenvolvedores.

Oportunidades em risco

Apesar de o OSS ser amplamente reconhecido como fator de inovação e competitividade – 75% dos inquiridos acreditam que resulta em software de maior qualidade e 69% defendem que reforça a competitividade organizacional – subsistem lacunas no compromisso da liderança. Apenas 62% dos executivos de nível C reconhecem o valor estratégico do OSS, contra 86% dos profissionais que lidam diretamente com a sua implementação.

Outro dado revelado indica que apenas 28% das organizações empregam colaboradores em tempo integral em projetos de OSS de que dependem, embora 81% dessas mesmas organizações afirmem retirar elevado valor desse investimento.

A Linux Foundation Europe alerta que a Europa dispõe de talento e de uma base tecnológica sólida, mas só vai conseguir manter a sua posição global com um envolvimento estratégico intencional e com apoio político e empresarial consistente.

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