Cinco passos para as empresas se adaptarem à Lei da IA da União Europeia

Definir objetivos concretos, identificar lacunas e adotar normas existentes são algumas estratégias que as empresas devem adotar para se adaptarem ao AI Act

Cinco passos para as empresas se adaptarem à Lei da IA da União Europeia

A União Europeia (UE) aprovou recentemente o AI Act – o Regulamento para a Inteligência Artificial (IA) –, uma lei pioneira que exige as organizações a reforçar as normas de IA utilizadas.

De acordo com uma investigação da Boston Consulting Group (BCG), em parceria com o Responsible AI Institute (RAI Institute), as empresas devem começar a preparar-se para garantirem uma adaptação eficaz ao novo quadro legal europeu sobre a IA, nomeadamente através da definição de objetivos concretos para a utilização da tecnologia, identificação de lacunas, adoção de normas existentes e participação nos processos de desenvolvimento de novas regras para a IA.

Após a entrada em vigor do AI Act, as organizações têm um prazo máximo de seis meses para eliminar os casos de uso proibido da IA, de 12 meses para assegurar o cumprimento das regras relativas à utilização desta tecnologia para fins gerais e de dois anos para estarem em total compliance.

“Os padrões que têm sido estabelecidos sobre IA estão a ser encarados como um mecanismo para os líderes empresariais se posicionarem como pioneiros na sua adoção e demonstrarem conformidade com as normas aos clientes, parceiros, reguladores e outras partes interessadas”, comenta Steve Mills, Managing Director & Partner da BCG em Washington DC e Chefe Global de Ética de IA da consultora. “Ao contribuir para o desenvolvimento de padrões de IA, os executivos podem ajudar a moldar o cenário global de governação da tecnologia, com contributos singulares das suas organizações, tendo uma visão antecipada das melhores práticas e desafios emergentes”.

No seu artigo “Putting AI Standards into Action”, a BCG e o RAI Institute indicam dois exemplos de normas que dizem respeito à inteligência artificial que já estão a ser praticadas. A norma ISO/IEC 42001, criada pela Organização Internacional de Normalização (ISO), é a primeira orientação para a gestão de sistemas de IA a nível mundial, estabelecendo guidelines sobre a sua implementação, manutenção e melhoria contínua e ajudando as organizações a introduzir uma abordagem holística para gerir os riscos associados.

Já o regulamento ISO/IEC 23894 foi desenvolvido pela Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC) e define as linhas orientadoras sobre a gestão de riscos de IA nas organizações, especialmente sobre a conceção e administração de avaliações de riscos ao nível dos produtos de IA.

Neste sentido, a BCG e o RAI Institute sublinham que já existem dois comités europeus de normalização que podem adotar estas normas ou inspirar-se nestas para a criação de outras, com vista a esclarecer os requisitos da lei da IA da UE.


Cinco estratégias para a implementação do AI Act nas organizações

Neste contexto, a BCG recomenda cinco estratégias que poderão ajudar as organizações na sua adaptação e integração das novas normas de inteligência artificial, bem como tirar o máximo partido das mesmas.

  1. Definir objetivos específicos para a utilização de IA: numa fase inicial, as empresas devem estabelecer metas-chave exequíveis, que deverão passar por alinhar a gestão da IA da organização com as melhores práticas mundiais e demonstrar compliance regulatória, adaptando o cenário global de governação da tecnologia;
  2. Começar pelas normas de IA bem estabelecidas: as organizações devem começar pelas normas de IA já conhecidas, uma vez que já têm bases de apoio estabelecidas e podem assegurar uma incorporação mais fácil pela parte de fornecedores, clientes, utilizadores finais e organizações governamentais. Além disto, estas normas mais sólidas são certificáveis e auditáveis, o que permite uma fácil adoção e monitorização dentro das empresas;
  3. Identificar as áreas de especialização das normas que já estão a ser utilizadas: para a BCG, é essencial que as empresas façam um inventário das áreas onde já estão a utilizar IA, uma vez que estas poderão servir como bases de especialização para a restante organização e são fontes de informação importantes sobre a melhor forma de adotar e cumprir novas normas;
  4. Analisar as lacunas: em primeiro lugar, uma organização deve identificar lacunas através do mapeamento das normas de IA selecionadas para a estratégia, gestão e processos internos existentes para, de seguida, criar um roteiro para ajudar a empresa a caminhar para a compliance total com as normas. Para tal, a BCG considera crucial a criação de comité de líderes seniores para assegurarem a supervisão do desenvolvimento e adoção do programa de IA responsável;
  5. Participar nos processos de desenvolvimento de normas: as empresas devem ter conhecimento das diretrizes voluntárias existentes para compreenderem quais são as melhores práticas dentro da indústria e as questões legais que ainda estão em desenvolvimento. Numa fase posterior, as organizações devem envolver-se no desenvolvimento de normas de IA através de comités nacionais ou diretamente com organizações de desenvolvimento de normas, diz a BCG.
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