Um novo estudo prevê que espaços espalhados pelas diversas localizações das empresas vão substituir grandes centros das big tech, como Silicon Valley
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Há já algum tempo que se fala num terceiro espaço de trabalho, além dos escritórios e de casa, em que os colaboradores de deslocam virtualmente para o ambiente de trabalho. Com a pandemia, a rotina de deslocação ao espaço físico tornou-se obsoleta, abrindo um caminho para pensar na forma de trabalho que mais se adequa às necessidades individuais e ao bem-estar dos trabalhadores. Dessa forma, os líderes empresariais estão a pensar em criar novos hubs em detrimento dos centros tradicionais de inovação tecnológica, mas a escolha do espaço vai caber aos trabalhadores. Uma nova investigação da KPMG reforça a tendência ao descobrir que entre os 800 líderes empresariais inquiridos, apenas um terço acredita que o Silicon Valley vai manter a posição de liderança de inovação tecnológica, com outro terço a dizer que não. “Antes, se estivesse a gerir uma grande empresa, o talento teria de se deslocar e vir até si. O que estamos a ver é uma mudança na influência”, declara Alex Holt, chefe global de tecnologia da KPMG, à ZDNet e completa: "as organizações estão a reconhecer que o talento pode não querer estar exatamente onde está e, se quiser esse talento, deve oferecer um cenário flexível que funcione para eles também". A atual norma passa pelo Work from Home mas com o afastar da pandemia, a transformação digital e a hesitação em voltar a velhos hábitos, especula-se que as tecnológicas pensem na criação de diferentes hubs, espalhados por diferentes geografias. Rapidamente, um espaço como a Silicon Valley, com ginásios, lojas e cafetarias, poderá desaparecer. "A Tecnologia é uma indústria em que todos os navios estão em ascensão e seria uma loucura pensar que tudo vai continuar num só lugar", diz Holt, acrescentando que “(a empresa) não pode se adaptar a cada pessoa da organização, mas em vez de dizer: 'É Silicon Valley ou nada', as empresas vão criar cinco ou dez centros fora do Vale para que as pessoas possam trabalhar e operar a partir de outro lugar". A especulação é fundamentada por duas razões, sendo que num primeiro plano prevê-se que o talento saia da área das big tech devido aos elevados custos de vida e pelo aumento do trabalho remoto, que está a criar novas cidades líderes em hubs tecnológicos, como está a acontecer na área circundante do Lake Tahoe. "Se avançarmos um pouco no tempo, acho que um grande grupo de pessoas sentiu a falta de estar com sua equipa. Poder fazer uma viagem nas montanhas ou perto de um lago e ainda assim ser possível trabalhar é incrível, mas à medida que o tempo avançou, as pessoas perderam a interação pessoal", afirma Holt. Segundo a KPMG, Singapura, Nova Iorque, Tel Aviv, Pequim e Londres estão em ascensão, assim como Bangalore, Hong Kong, Austin e Seattle. Para manter as equipas, as empresas tiveram de encontrar um equilíbrio entre a crescente tendência de nómadas digitais e a necessidade de reunir as equipas e criar espaços colaborativos. Holt acredita que, dessa forma, a solução poderá ser multiplicar o número de centros nas várias localizações das empresas para que, se necessário, os funcionários se desloquem aos escritórios. A análise da KPMG conclui que a única certeza é a mudança de equilíbrio de poder entre o empregador e o empregado, e cabe aos trabalhadores decidir quando e para onde se deslocam. |