A Microsoft divulgou recentemente o seu segundo relatório de progresso sobre a Secure Future Initiative (SFI), um esforço plurianual descrito como o “maior projeto de engenharia de segurança informática da história” da empresa
Lançada sob o lema “Segurança acima de tudo”, a SFI representa uma tentativa ambiciosa de reformular fundamentalmente a forma como a empresa projeta, desenvolve, testa e opera os seus produtos e serviços. O relatório de abril de 2025 detalha progressos realizados desde maio de 2024, quantificando o investimento no trabalho equivalente a 34 mil profissionais a tempo inteiro durante 11 meses. A iniciativa estrutura-se em torno de três princípios (Segurança pensada desde o início, Segurança ativa por defeito, e Segurança operacional contínua) e seis grandes áreas de foco técnico (pilares de engenharia), abordando desde a proteção de contas de utilizador e redes até à segurança dos sistemas de desenvolvimento e à rapidez na resposta a incidentes. Não apenas tecnologia, mas cultura e supervisãoSignificativamente, a SFI não se foca apenas em controlos técnicos. O relatório sublinha uma mudança cultural, com a segurança a tornar-se uma prioridade central nas avaliações de desempenho de todos os funcionários. A formação foi intensificada, com mais de 50 mil participações na Microsoft Security Academy (a academia interna de segurança) e 99% dos colaboradores a completar cursos base. A estrutura de supervisão foi reforçada, com adjuntos do responsável máximo pela segurança (Deputy CISO) dedicados a áreas de produto específicas, centralizando o acompanhamento de riscos e alinhando-os com a informação estratégica sobre ameaças e atacantes (intelligence de ameaças). Áreas técnicas: reforço abrangenteNas áreas técnicas, o progresso é significativo, embora a própria Microsoft admita que muitos objetivos levarão anos a completar. De destacar os seguintes:
Implicações para o futuroEmbora os progressos sejam evidentes, a SFI é, em parte, um reconhecimento implícito de falhas passadas que permitiram incidentes de segurança significativos. O lema “Segurança acima de tudo” é poderoso, mas levanta questões sobre o equilíbrio real com a velocidade de inovação e lançamento de novas funcionalidades – um dilema constante na indústria. Para os decisores, a SFI sinaliza uma mudança potencialmente profunda na postura de segurança da Microsoft. A aplicação mais rigorosa de controlos como a autenticação multifator (MFA) ativada por defeito, a melhoria na proteção de sistemas essenciais (infraestruturas críticas) e o foco na transparência (como o alinhamento com as recomendações do CSRB – Cyber Safety Review Board, um painel consultivo de segurança dos EUA) são desenvolvimentos positivos. No entanto, a execução a longo prazo e a manutenção do foco serão determinantes. A natureza “não linear” do progresso, admitida pela Microsoft, significa que contratempos são possíveis. Em suma, a SFI é uma iniciativa massiva e necessária. O seu sucesso ou fracasso parcial terá repercussões diretas na segurança das organizações que dependem da Microsoft. Monitorizar a sua evolução e as suas manifestações práticas nos produtos e serviços utilizados continua a ser um imperativo para qualquer líder de IT informado. |