Da digitalização de conteúdos ao uso de inteligência artificial generativa, passando pela gestão de dados e ambientes híbridos de aprendizagem, as instituições estão a redesenhar o seu papel e a repensar o futuro da formação
O ritmo acelerado da evolução tecnológica e os acontecimentos dos últimos anos – como a pandemia de COVID-19 – têm levado a uma profunda transformação no setor da educação. As mudanças acontecem para lá da simples digitalização de conteúdos: desde metodologias, modelos de gestão, passando pelas aprendizagens e competências, a integração de ferramentas tecnológicas e de novos métodos no processo de ensino-aprendizagem contribui para uma mudança estrutural que está a redefinir o papel das instituições. A NOVA IMS é um dos exemplos a nível nacional onde “o digital assume um papel central e estruturante na estratégia pedagógica e institucional”, começa por explicar Manuela Aparício, Vice-Diretora para a Educação. A instituição teve sempre a preocupação de ligar “a parte tecnológica com a gestão de informação, tendo em vista a capacitação analítica das pessoas, com vista ao desenvolvimento das organizações geridas com base em dados”. Dotada com um conjunto de tecnologias cloud, plataformas digitais para gestão de conteúdos e sistemas de simplificação de processos operacionais, a pandemia “serviu como uma prova de resistência” para a instituição. “Veio confirmar que estávamos no caminho certo da estratégia digital”, sublinha Manuela Aparício, que destaca o contexto pós-pandémico como “um forte acelerador dos planos de transformação digital”, sobretudo na “agilização de processos que se tornaram, alguns deles, 100% digitais”. Do analógico ao digital: todas as ferramentas contamOs fabricantes e fornecedores procuram manter-se atentos, alinhados e, acima de tudo, adaptáveis às novas exigências de ensino.
José Ramón Fernández, Business Manager Home & Office Printing da Epson, destaca a pandemia como um ponto de viragem no setor, nomeadamente para o próprio equilíbrio do uso da tecnologia. “A comunidade educativa – docentes, direções, famílias e alunos – exige uma utilização mais equilibrada dos ecrãs”. Enquanto fabricante de tecnologia para a educação, a Epson posiciona-se neste equilíbrio entre o digital e o analógico, com ofertas na área de impressão sem calor – para materiais impressos – e ecrãs de projeção de grande dimensão, para uma perspetiva mais digital, colaborativa e partilhada, de forma a facilitar o trabalho dos docentes. “Desenvolvemos até soluções de projeção imersiva para salas de laboratório ou práticas, bem como o nosso sistema Interactive Teaching System, com um ecrã de seis metros de largura e interatividade de ponta a ponta, para sair da lógica dos ecrãs individuais e criar uma experiência formativa colaborativa, com maior participação dos alunos”, elabora José Ramón Fernández. Na visão do fabricante, uma instituição que aposta na educação com materiais híbridos “deve dispor de ferramentas que permitam criar aulas interativas e também atividades práticas individuais com materiais analógicos”. O setor da educação é uma área igualmente explorada pela LG através das soluções de quadros interativos. Com o LG CreateBoard, a empresa tem transformado a transição da educação numa experiência “mais digital, intuitiva e rápida”. Com acesso à internet e certificação Google, integra-se no ecossistema Google e permite o acesso a um vasto conjunto de formatos de documentos.
A solução, explica Catarina Barroso, Air Solutions and Information Display Marketing Manager da LG Portugal, “está equipada com o exclusivo LG CreateBoard Lab, que integra recursos de software e hardware para uma fácil criação de documentos, bem como o emparelhamento wireless com outros dispositivos, como smartphones e portáteis para uma partilha fácil e rápida de informação. O LG CreateBoard Share permite a partilha de até nove ecrãs ou de um documento no “quadro” em tempo real”. A interação com o equipamento é um dos pontos fortes destacados pela marca, que aposta na “participação dos alunos nos variados templates e ferramentas educativas de forma intuitiva, potenciando a criação e edição de documentos, imagens e vídeos”. No campo do hardware, a Lenovo tem também desenvolvido um conjunto de “iniciativas estratégicas com o objetivo de responder às necessidades concretas do setor da educação, proporcionando benefícios para todos os intervenientes”, refere Javier Martin, Education Business Manager.
A empresa apresenta hoje uma “ampla gama de dispositivos projetados especificamente para ambientes educativos”, onde se incluem portáteis adaptados ao uso intensivo em contexto escolar. “Apostamos também no desenvolvimento de tablets e computadores ajustados às exigências das instituições de ensino, garantindo fiabilidade, mobilidade e desempenho necessários para fazer mais e melhor. Todas as soluções assentam no princípio de tecnologia acessível a todos”, garante Javier Martin. Mas não só de hardware vive uma sala de aula: “Disponibilizamos o LanSchool, um software que permite aos professores supervisionar, acompanhar e apoiar os estudantes de forma mais eficaz”, acrescenta o Business Manager, que destaca ainda os “programas de formação destinados aos educadores, com o objetivo de os capacitar para a utilização plena e eficiente das tecnologias, maximizando o seu impacto no processo de ensino-aprendizagem”. A plataforma Lenovo ThinkManagement permite às equipas de IT das instituições de ensino gerirem os dispositivos de forma centralizada, com funcionalidades que permitem configurar, atualizar e efetuar a manutenção dos equipamentos. Inteligência artificial generativa: o novo aluno na sala de aula
Do ponto de vista da Vice-Diretora para a Educação, “as tecnologias mais relevantes no apoio à aprendizagem e ao ensino são todas as que não só facilitam a interação entre professor-estudante, bem como as tecnologias emergentes que permitem a gestão inteligente dos dados”. A NOVA IMS tem procurado adotar e desenvolver tecnologias capazes de captarem dados, utilizarem os mesmos e produzirem informação com “várias camadas analíticas” que fornecem “o conhecimento necessário à gestão”. Aliado a este processo, “a Inteligência Artificial [IA] generativa também tem sido relevante no que diz respeito à geração de conteúdos, a automatização de tutoriais, o suporte à escrita académica e à criação de experiências personalizadas de aprendizagem”. Desde 2023, a instituição “adotou e fomentou o uso de ferramentas de inteligência artificial generativa, como parte do seu compromisso com a inovação pedagógica e a transformação digital”, o que representou “um marco significativo de modernização”. “A IA generativa tem sido usada como uma ferramenta que tem permitido inovar pedagogicamente as práticas de ensino e aprendizagem”, explica Manuela Aparício. Desde a sua utilização como tutores inteligentes – com feedback adaptado às necessidades dos estudantes –, passando pelos laboratórios de ciência de dados e pela utilização como co-designer curricular para gerar conteúdos adaptados e sugestões de atividades, a instituição tem procurado compreender o papel da tecnologia no seio da instituição. “Temos vindo a realizar estudos do modo como a IA generativa é usada e percebida pelos estudantes de modo a entender melhor as práticas mais adequadas ao ensino. Na vertente ética, os estudantes são orientados a indicar as ferramentas e os prompts utilizados, assumindo responsabilidade pelo conteúdo entregue, sendo incentivados a discutir o que produziram em contexto de aula. O foco está não apenas no produto final, mas no processo de aprendizagem e no desenvolvimento do pensamento crítico e metacognitivo”, reitera. Os obstáculos no caminho da inovaçãoA integridade académica, a privacidade dos dados, o enviesamento dos modelos de IA e a exclusão digital são alguns dos principais desafios elencados no caminho da transformação digital da educação. Para a Vice-Diretora para a Educação, “estes desafios exigem novas formas de avaliação baseadas em metodologias, processos e discussões presenciais”, assim como a “adoção de práticas de validação de ausência de alucinação nos documentos produzidos pelos alunos”. Os dados estão igualmente no centro das preocupações: se por um lado a recolha e utilização de dados sensíveis por parte destas ferramentas levanta questões sobre a necessidade de preservar a anonimização dos dados e confidencialidade dos mesmos, por outro o desafio assenta também no uso de datasets que poderão não refletir a realidade. No caso do uso de IA generativa, “é necessário que os estudantes tenham a possibilidade de desenvolver competências digitais e adquirir literacia”, defende Manuela Aparício, que acrescenta: “Estas competências são fundamentais para usar estas ferramentas de forma crítica tanto em contexto de aprendizagem, como profissional. Os docentes enfrentam o desafio adicional de redesenhar os seus papéis e criar práticas inovadoras no ensino”. Tecnologia que cria impacto no ensino do presente e do futuroA instituição tem procurado promover uma educação mais inclusiva, com o investimento em tecnologias como a IA generativa, a formação do corpo docente e a criação de ambientes de aprendizagem cada vez mais flexíveis e personalizados. Os próprios estudantes assumem um papel colaborativo ao serem desafiados a propor “ideias impactantes para as organizações/ sociedade”. Para o futuro, a Vice-Diretora para a Educação acredita que “o impacto da tecnologia no ensino dependerá da sua integração crítica, ética e pedagógica, com ênfase no desenvolvimento da análise crítica”, com uma aposta contínua na “valorização do processo de aprendizagem e na formação de estudantes preparados para lidar com ambientes do mundo real”. “A adoção e uso da tecnologia, deve servir para estimular a criatividade, colaboração e autonomia dos alunos, bem como contribuir para capacitar os estudantes para o trabalho do futuro”, conclui. |