Expectativas apontam para um aumento de 327% na adoção de agentes de IA até 2027, o que poderá levar a uma redistribuição de 23% da força de trabalho
A mais recente pesquisa da Salesforce com 200 executivos de recursos humanos revela uma profunda transformação no mundo laboral, impulsionada pela integração crescente de agentes de Inteligência Artificial (IA). Os dados indicam que a adoção destes agentes pode crescer 327% nos próximos dois anos, com ganhos estimados de 30% em produtividade e uma redução de 19% nos custos com pessoal. A antecipação desta mudança está a obrigar os departamentos de recursos humanos e redesenhar as suas estruturas organizacionais. A expectativa é de que quase um quarto da força de trabalho seja redistribuído internamente, enquanto 61% dos profissionais vão manter as suas funções, mas devem passar a colaborar com agentes digitais. Segundo o estudo, 80% dos líderes de RH acredita que, dentro de cinco anos, a força de trabalho será composta por uma combinação de humanos e agentes digitais. No entanto, apenas 15% das organizações já implementaram plenamente esta tecnologia, o que demonstra o descompasso entre a visão estratégica e a maturidade operacional atual. A requalificação surge como uma prioridade, com mais de quatro em cada cinco líderes de RH a afirmarem já ter iniciado ou planeiam iniciar programas de capacitação em IA. Esta preparação não se limita a competências técnicas – as competências interpessoais, como colaboração, gestão de relações e adaptabilidade, ganham nova centralidade num contexto de trabalho híbrido entre humanos e agentes. Os líderes também apontam que a integração do trabalho digital será uma parte crítica das suas funções, com 86% a assumir essa responsabilidade a curto prazo. A literacia em IA é destacada como a competências mais urgentes, sendo acompanhada por outras capacidades técnicas, como ciência de dados e arquitetura tecnológica. Neste cenário de transição, a redistribuição interna de talentos é encarada como uma solução mais eficiente do que a contratação externa. Para 88% dos responsáveis de RH, esta abordagem representa uma alternativa mais económica e estratégica para preencher funções emergentes no contexto digital. As áreas de tecnologia da informação, investigação e desenvolvimento e vendas deverão ganhar peso nas empresas que estão a adotar agentes de IA. Os líderes preveem a movimentação de profissionais para estas equipas, à medida que as exigências técnicas crescem com a implementação dos novos sistemas. Por outro lado, funções mais operacionais, como atendimento ao cliente, operações e finanças, são vistas como áreas que poderão ser reduzidas ou reorganizadas, dado o potencial dos agentes de IA para aumentar a eficiência e automatizar tarefas rotineiras. Ainda assim, o estudo alerta para um défice de consciencialização nas organizações: 73% dos líderes de RH afirmam que os seus colaboradores ainda não compreendem como o trabalho digital afetará as suas funções. Esta lacuna pode comprometer a aceitação e eficácia das transformações em curso. Nathalie Scardino, Chief People Officer da Salesforce, resume a urgência do momento ao afirmar que “atravessamos uma transformação única do trabalho, com o trabalho digital a desbloquear novos níveis de produtividade, autonomia e agentes a uma velocidade nunca antes imaginada”. A responsável defende que todos os setores vão ter de redesenhar os empregos e requalificar os seus profissionais para enfrentar os desafios desta nova era. |