A análise de dados está a evoluir para um modelo autónomo e perceptivo, suportado por IA generativa, capaz de impulsionar decisões dinâmicas e remodelar processos de negócio
A Gartner estima que, até 2027, 75% do novo conteúdo analítico estará contextualizado para aplicações inteligentes através de Inteligência Artificial generativa (IA generativa), permitindo uma ligação mais fluida entre os insights e as ações. A previsão foi apresentada durante o Gartner Data & Analytics Summit, em Sydney. Durante o evento, Georgia O'Callaghan, diretora e analista da Gartner, explicou que o setor está a passar de uma fase em que as ferramentas analíticas servem de apoio à decisão para um cenário onde a análise baseada em IA generativa se torna “perceptiva e adaptável”. A especialista acredita que este novo modelo abrirá caminho a decisões “dinâmicas e autónomas”, com potencial para transformar aplicações, processos e modelos de negócio, tanto empresariais como de consumo. De acordo com uma pesquisa recente da Gartner, realizada entre outubro e dezembro de 2024 com 403 líderes de análise ou IA, mais de metade das organizações já utilizam ferramentas de IA para gerar insights automatizados e permitir consultas em linguagem natural (NLG). Apesar disso, a maioria das abordagens analíticas ainda é demasiado estática e não acompanha a necessidade de decisões em tempo real. O futuro delineado pela Gartner passa pela consolidação da análise aumentada em plataformas de análise autónoma até 2027, capazes de gerir e executar de forma completa 20% dos processos de negócio. Estas plataformas vão integrar elementos como proatividade, colaboração, conectividade, contexto e continuidade, transformando a análise numa função transversal ao negócio. “A análise perceptiva usará agentes de IA e outras tecnologias suportadas por IA generativa para monitorizar continuamente as condições em mudança, como alterações no mercado, comportamento dos clientes ou interrupções na cadeia de fornecimento”, afirmou Georgia O'Callaghan. Esta abordagem permitirá uma adaptação autónoma da análise e das recomendações em função do ambiente, tornando as infraestruturas analíticas mais resilientes e reativas. Para a analista da Gartner, a adoção de capacidades perceptivas poderá remodelar as operações empresariais e acelerar o crescimento organizacional, tornando a análise um motor de ação estratégica. No entanto, alerta para os riscos que acompanham esta transição. A principal preocupação está relacionada com a excessiva dependência de decisões autónomas sem validação humana, o que pode originar consequências negativas, danos reputacionais e até problemas ao nível da conformidade regulatória. A Gartner chama a atenção para o fenómeno do “desvio do agente”, em que as ações dos sistemas se afastam dos resultados esperados devido a alterações nos dados ou a interações inesperadas. Nesse sentido, a empresa destaca o papel emergente dos chamados agentes guardiões, concebidos para supervisionar e aplicar políticas e regras que garantam o funcionamento seguro dos sistemas de IA. “A construção de agentes guardiões precisará ser um ponto focal importante de novas iniciativas de governança para líderes de dados e análises, à medida que a análise agencial e perceptiva se torna a forma padrão de entrega de insights entre plataformas”, concluiu Georgia O'Callaghan. |