Logística vai normalizar visão artificial nos próximos cinco anos

A visão computacional é um domínio da Inteligência Artificial (IA) que permite aos computadores e sistemas extrair informações de interesse de imagens digitais, vídeos e outros dados visuais, e tomar medidas ou fazer recomendações com base nessas informações. Se a IA permite aos computadores pensar, a visão artificial permite-lhes ver e analisar. 

O mercado da visão artificial está em plena expansão. Os especialistas preveem que as vendas neste domínio atinjam 41,11 mil milhões de dólares em 2030, quatro vezes mais do que em 2020, quando geraram 9,4 mil milhões de dólares. Trata-se de uma tecnologia com uma capacidade significativa para melhorar a eficiência, poupar tempo, aumentar a sustentabilidade e reduzir os custos. Esta é uma das principais conclusões do último “Trend Report: AI-Driven Computer Vision” publicado pela DHL, que a empresa acaba de lançar e que pode ser descarregado na íntegra aqui.

O estudo identifica o advento da visão artificial como uma tendência fundamental para as operações logísticas. A análise afirma que a visão artificial se tornará, de facto, num padrão na indústria logística nos próximos cinco anos, sendo aplicada em áreas tão diversas como o retalho, os cuidados de saúde, o fabrico e a resposta e recuperação em caso de catástrofe, devido à sua versatilidade. A tecnologia abrange áreas que vão da saúde e segurança às operações, e da gestão de ativos logísticos à expedição.

Como explica Katja Busch, Diretora Comercial da DHL e responsável pelas Soluções e Inovação para Clientes da DHL (CSI), “a visão artificial tem vindo a desenvolver-se rapidamente e tudo indica que está a tornar-se uma tecnologia revolucionária na indústria. Será uma grande promessa para toda a cadeia de abastecimento, para os nossos clientes, funcionários, parceiros e, certamente, para o ambiente. É um momento empolgante para as indústrias e para os operadores logísticos aproveitarem o potencial da visão artificial, ajudando a alcançar processos mais eficientes e operações mais seguras e sustentáveis”.

Por seu turno, Klaus Dohrmann, Vice-Presidente e Diretor de Inovação e Investigação de Tendências da DHL CSI, acrescenta que “estamos a assistir a casos de utilização iniciais no setor da logística que demonstram o valor desta tecnologia, incluindo aplicações de cuidados de saúde, segurança e dimensionamento de envios. À medida que a visão artificial evolui em áreas como a perceção de profundidade, a reconstrução de imagens 3D e a interpretação de imagens escuras e desfocadas, abrir-se-ão novas áreas de oportunidade, trazendo benefícios adicionais significativos aos operadores logísticos”.

Para o setor da logística, a visão artificial traz várias aplicações em quatro áreas principais:

• Saúde e segurança: entre outras coisas, pode melhorar a segurança no local de trabalho, identificando potenciais perigos em armazéns, depósitos e outras instalações logísticas, minimizando assim os riscos e prevenindo acidentes. Pode também melhorar a saúde dos empregados, reconhecendo más posturas e movimentos, detetando sinais precoces de fadiga e assegurando que estão a usar o equipamento de proteção adequado para garantir a sua segurança e o cumprimento das normas de segurança;
• Operações: a visão artificial pode criar mapas de calor para analisar padrões de fluxo de trabalho dentro e fora de uma instalação e até atuar como garante de segurança, identificando rapidamente entradas ou intrusões não autorizadas. É, em suma, uma ferramenta poderosa para detetar estrangulamentos e outras ineficiências da cadeia de fornecimento;
• Gestão de ativos: pode ajudar a monitorizar os ativos logísticos de forma holística e alertar as equipas de manutenção antes de surgirem quaisquer problemas. Mesmo que uma situação indesejável já tenha ocorrido, pode ajudar a identificar automaticamente falhas, erros e anomalias;
• Processamento de envios: a visão artificial oferece a vantagem de automatizar e simplificar o processo de dimensionamento de envios, em que as medições precisas de áreas ou volumes de objetos são essenciais para calcular capacidades de armazenamento, planeamento de cargas, logística de transporte e faturação de envios. Também é possível verificar se as expedições estão corretamente identificadas para triagem, bem como automatizar os ciclos de contagem de inventário.

Embora a visão artificial seja uma tecnologia promissora, apresenta uma série de desafios e preocupações. Por exemplo, a crescente aceitação pública, em particular entre os cidadãos que não se sentem confortáveis com um ambiente de vigilância ou monitorização constante. A cibersegurança é, portanto, também crucial neste contexto, uma vez que aborda o processamento de dados, a conformidade com o RGPD e outras leis de proteção de dados e privacidade. A resposta a estes desafios exige uma orquestração cuidadosa e a colaboração de todas as partes envolvidas.