A CGI distinguiu projetos de inovação desenvolvidos pelos seus membros europeus no Innovathon 2019. O Blindspots venceu na categoria Imprensa, tendo sido o mais votado pelos jornalistas inquiridos
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Um projeto que está em fase embrionária, mas que já foi capaz de reconhecer, através da inteligência artificial, os sinais do metro de Paris. Esta ideia é francesa e venceu a categoria de Imprensa dos prémios Innovathon da CGI, numa segunda edição dedicada a “Tech for Good”. Dedicado a ajudar pessoas com deficiência visual e cegos, o Blindspots está a desenvolver uma app capaz de ser incluída diretamente nos dispositivos de GPS já existentes. Só é preciso possuir um smartphone. A participação de todos será bem-vinda para a identificação de obstáculos. A Blindspots está à procura de financiamento? Qual é o valor necessário?Estamos a pedir ajuda financeira para podermos dedicar o nosso tempo no desenvolvimento de projetos e parcerias. Temos um programa de incubação, chamado ICE, com fortes subvenções e dedicado à criação de soluções para quando o modelo de negócio for validado (com um teto máximo de cerca de 68 mil euros). Além do financiamento, precisam de outros apoios, parcerias e/ou patrocínios para implementar a ideia?Atualmente, estamos à procura de parceiros. Precisamos de entrar em contacto com empresas de transporte público e aplicações de GPS. Estamos também à procura de mais pessoas habilitadas para fazerem parte da nossa equipa, a fim de desenvolvermos a aplicação. O que podem revelar sobre o custo de produção do Blindspots?Ainda não sabemos quais serão exatamente as nossas primeiras opções na aplicação. Acreditamos que o reconhecimento de imagens offline para sinais e obstáculos de transporte público será a nossa principal prioridade. Depois, entraremos na parte de interações sociais - vídeo ao vivo e indicação de obstáculos com votos positivos e negativos [à semelhança dos “likes” e “dislikes” de outras aplicações]. Também pretendemos facilitar a experiência de navegação de pessoas com deficiência visual, através de uma ferramenta de conversação de voz e vibrações. Em que fase está o projeto?Estamos a trabalhar para encontrar uma equipa motivada e com todas as capacidades necessárias. Já conseguimos ler sinais do metro através do reconhecimento de imagens, com base em fotos de telemóveis. Que testes já foram realizados?Tentámos utilizar a aplicação mantendo os olhos fechados, para entender os obstáculos para a adoção da nossa solução por parte de pessoas com deficiência visual. Sabemos que teremos que ensinar estas pessoas a usar a app. Como o produto é totalmente gratuito e requer apenas um smartphone, pode ser atrativo para quem precisa desta ferramenta. Como se avaliam os resultados alcançados até agora?Estamos muito otimistas em relação à parte de inteligência artificial do projeto. Em apenas duas semanas, conseguimos reconhecer os sinais do metro parisiense. É um bom começo. Agora precisamos de nos concentrar na parte da experiência do utilizador e na melhoria do nosso algoritmo, para reconhecer obstáculos como escadas, áreas de construção, buracos, postes, portões,... e poder funcionar em modo offline. Quando é que o Blindspots pode ser comercializado?Esperamos comercializar a ideia o mais rápido possível, para encontrarmos parceiros. Na verdade, existe uma nova lei agora, desde fevereiro, para ajudar as pessoas com deficiência na sua mobilidade, e sabemos que as empresas de transportes públicos francesas estão interessadas em ajudar os seus utentes a usar novas tecnologias. O que há de diferente em relação a outros projetos de acessibilidade que também permitem a geolocalização?Não queremos substituir nenhum produto útil que permita acessibilidade... o nosso objetivo é facilitar a experiência do utilizador em aplicações existentes e conseguir permitir o reconhecimento de imagens em modo offline. Já estabeleceram contacto com alguma(s) associação/associações de pessoas com deficiência visual? Qual/Quais?Temos estado em contacto com a AVH (Associação Valentin Haüy) através de um dos seus responsáveis, Manuel Pereira. Também pedimos ajuda às pessoas com deficiência visual que utilizam transportes públicos e contactámos a AlterMassage, uma empresa de massagens [que emprega apenas deficientes visuais]. Em resumo, que oportunidades é que este dispositivo oferece a pessoas com deficiência visual, que elas já não tenham?A Blindspots App não só oferece a oportunidade para pessoas com deficiência visual poderem usar transportes públicos com mais independência, como também visa incluir toda a comunidade no processo de ajudar estas pessoas e facilitar a sua vida quotidiana. Trata-se também de aumentar a consciência para o facto de a acessibilidade nos transportes públicos ser atualmente um problema. Queremos ajudar as pessoas a olharem para o ambiente à sua volta enquanto olham para o telefone. |