Depois de um trimestre de quebra, as perspetivas de emprego no setor das IT em Portugal registam sinais de recuperação com a Projeção para a Criação Líquida de Emprego a subir para +22%, embora se mantenha abaixo da média global
O mais recente relatório da Experis Tech Talent Outlook concluiu que a tendência de recrutamento no setor tecnológico português mostra uma recuperação face ao trimestre anterior, com a Projeção para a Criação Líquida de Emprego a situar-se em +22% para o último trimestre de 2025, um crescimento de três pontos percentuais em comparação com o período anterior. Apesar desta evolução positiva, a contratação no setor tecnológico cresce a ritmos diferentes em Portugal e no mundo: Portugal continua 14% abaixo da média global, que se mantém nos +36%. No universo de colaboradores portugueses inquiridos, 36% planeiam aumentar as suas equipas, 15% admitem reduzir trabalhadores e 49% pretendem manter o número atual de colaboradores. Para Nuno Ferro, Brand Leader da Experis, a tendência reflete um equilíbrio entre otimismo e cautela, já que “apesar de o setor tecnológico em Portugal mostrar sinais de recuperação no próximo trimestre, o contexto global continua marcado pela prudência, reflexo de um clima económico e político de incerteza que leva as empresas a adiar ou reduzir projetos que não são críticos para o negócio”. O responsável sublinha ainda que a modernização tecnológica, a cloud, a cibersegurança e a gestão de dados continuam a concentrar investimentos estratégicos, muito associados à preparação para a inteligência artificial. “Esse movimento traz consigo dois desafios claros: por um lado, as empresas precisam de assegurar que dispõem do talento certo para acelerar a sua preparação digital; por outro, enfrentam uma transformação no perfil de competências procuradas”, acrescentou. Entre as razões que levam os colaboradores nacionais a reforçar equipas, o estudo, que resulta de um inquérito a 6.533 empresas tecnológicas em 42 países e territórios, aponta o crescimento das empresas como o principal fator, responsável por 37% das intenções de contratação. O preenchimento de funções em aberto surge logo a seguir, com 33%, seguido da necessidade de atualizar competências para manter a competitividade, com 30%. Os projetos específicos ou iniciativas temporárias representam 22% das justificações para novos recrutamentos, enquanto a diversificação para novas áreas de negócio é apontada por 19% dos colaboradores como razão para criar funções. Já no que diz respeito à redução de postos de trabalho, 45% dos colaboradores de IT referem a necessidade de alinhar as equipas com a procura atual do mercado. A otimização de processos, que conduz à consolidação de funções, representa 36% das respostas, enquanto 27% mencionam reorganizações ou downsizing. As alterações nas necessidades de competências explicam ainda 18% dos casos de redução. Mercado global mantém perspetivas sólidasA nível global, os planos de contratação no setor tecnológico mantêm-se estáveis, sendo que a Projeção de +36% representa uma ligeira descida de 2 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior, mas mantém-se inalterada face ao período homólogo de 2024. Entre os países com perspetivas mais otimistas destacam-se a Bélgica (+52%), a Índia (+48%) e o Canadá (+47%). No extremo oposto, a Eslováquia regista -8%, enquanto Panamá e Taiwan apresentam apenas +3%. Na região EMEA, o setor tecnológico mantém-se relativamente estável, com uma Projeção de +30%. Os números são idênticos aos do mesmo período de 2024, quando se situavam em +30%, e próximos dos +31% registados no trimestre anterior. Os colaboradores de IT, globalmente, destacam o crescimento das empresas como motor principal para a criação de novos postos de trabalho, identificado por 41% dos inquiridos. A necessidade de novas competências ligadas aos avanços tecnológicos surge em segundo lugar, com 35%, seguida da expansão para novas áreas de negócio, com 30%. Também os projetos específicos ou temporários e a procura de competências para reforçar a competitividade aparecem com peso significativo, ambos com 28%. No que toca às reduções a nível internacional, os fatores mais apontados são os desafios económicos, referidos por 34% dos inquiridos, a automação que elimina certas funções, indicada por 29%, as mudanças no mercado que reduzem necessidades de recrutamento, mencionadas por 27%, e a consolidação de funções resultante da otimização de processos, assinalada por 25%. |