As tendências do fintech nos próximos anos

Um novo estudo que junta a Universidade Católica ao Bynd Venture Capital, desenha o futuro da Financial Technology em direção a soluções mais sustentáveis

As tendências do fintech nos próximos anos

Antes da pandemia, a adoção de fintech estava a duplicar a cada dois anos. O Global Fintech Adoption Index assinalou um crescimento de 16% para 64%, de 2015 a 2019. Mas com a transformação digital que o “novo normal” potenciou e que deverá continuar ao longo dos próximos anos, a fintech tende a crescer e a tomar novos contornos e novas preocupações. 

O estudo desenvolvido pelo Venture Capital Club da Universidade Católica com a sociedade de gestão de capital de risco, Bynd Venture Capital, revela as dez principais tendências da indústria Fintech nos anos que se avizinham e prevê as principais linhas de atuação e análise dos mercados ibérico, europeu e mundial. Para além disso, evidencia o impacto da pandemia, que acelerou a adoção de soluções fintech, em particular nas instituições financeiras mais tradicionais.

As tendências estão delineadas tendo em vista a otimização do sistema financeiro com foco na sustentabilidade e com o ecossistema financeiro “green” em crescimento, devido à preocupação em reduzir a pegada de carbono e tornar as transações eco-friendly. Tomás Penaguião, da Bynd Venture Capital, explica que “a Bynd VC procura não só acompanhar tendências do ecossistema, mas também contribuir para este tipo de análises que nos ajudam a compreender e a avaliar o panorama global de investimento em diferentes setores”.  

As dez tendências são: autonomia financeira, digital-only banks, cibersegurança, literacia financeira, Open Banking, RegTech (regulatory technology), finanças integradas, criptomoedas, financiamento alternativo e sustentabilidade, e foram agrupadas em cinco macrotendências.

Num primeiro plano falamos em digitalização dos processos financeiros. Uma das consequências da pandemia foi o crescimento da procura de processos digitais que permitam uma maior autonomia financeira, como a utilização de assinaturas digitais. Com estas mudanças, o uso de Inteligência Artificial (IA) e machine learning foi reforçado, através de chatbots de assistência, para originar as melhores soluções financeiras para o cliente e detetar possíveis fraudes. Como tal, os bancos 100% digitais estão cada vez mais em voga como uma solução mais simples na gestão de finanças, oferecendo uma maior flexibilidade, preços mais competitivos e serviços inovadores. 

Apesar de neste campo a empresa inglesa Metro Bank e a alemã wefox se destacarem, Markus Duczek, do Venture Capital Club da Universidade Católica explica que “os membros do nosso clube formar-se-ão em breve e, com mais de metade das empresas portuguesas Fintech ainda em fase pre-seed ou seed, há hoje uma oportunidade de crescimento financeiro, mas também pessoal e uma grande oportunidade de carreira” e por isso espera “ver surgir no mercado ibérico algumas startups relevantes, especialmente com soluções baseadas em dados e IA e machine learning".

Numa segunda instância falamos em cibersegurança, onde a IA também ganha terreno. Não é só no mercado financeiro que a cibersegurança ganhou destaque, mas com a crescente digitalização, a segurança dos clientes subiu para o topo da lista de preocupações. Destaca-se a portuguesa Fluxe Insurance Software, que desenvolve ferramentas digitais centradas no cliente. Penaguião alega que “o mercado ibérico apresenta um potencial enorme de crescimento na área fintech” e “apesar da maioria das startups estar baseada nos EUA, a Europa começa a acelerar o passo e a desenvolver excelentes projetos na indústria”. Para proteger os dados e assegurar estabilidade, surge o sistema regulatório RegTech. 

A terceira macrotendência diz respeito à literacia financeira, essencial para a otimização dos sistemas financeiros. As organizações começaram a conceber soluções tecnológicas de coaching financeiro, o que permite fortalecer laços estáveis e duradouros com clientes. A espanhola Payflow, por exemplo, é uma plataforma de e-learning que ajuda a alcançar o bem-estar financeiro. Duczek partilha que "vemos a indústria ibérica de Fintech como uma promissora oportunidade de investimento, mas também como uma área atrativa para se trabalhar” e com a literacia a crescer, mais pessoas pensam em investir dinheiro. Com o Open Banking, os clientes podem gerir as próprias contas, enquanto se mantêm próximos dos bancos e fintechs.

Falamos ainda em financiamento alternativo. Atualmente, existem formas de empréstimo alternativas às tradicionais, como o Peer-to-Peer, que liga diretamente os investidores aos mutuários; o Crowdfunding, no qual várias pessoas investem individualmente num empreendedor; e o financiamento baseado no rendimento, que fixa um valor a ser retornado tendo em conta o rendimento corrente. 

Por fim, o relatório dá destaque a soluções de pagamento integradas e segura. As criptomoedas têm ganho grande relevância em diferentes setores a nível mundial e em muitas empresas já podem utilizadas como método de pagamento, reforçando a importância de estabelecer transações seguras. A fintech acompanha a transformação tecnológica, mas ela própria transforma a indústria. O Banking-as-a-Service tem crescido e exige a criação de novas soluções, como as finanças integradas, que simplificam os processos financeiros e os incorpora em modelos de negócio não-financeiros. 

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