O inquérito da SkillSoft revela que a maioria das empresas não tem as competências necessárias para cumprir os objetivos de negócio, com lacunas a travar projetos, expansão e retenção de talento
As empresas querem inovar, crescer mais rápido e manter-se à frente da concorrência. Mas enfrentam um obstáculo comum: a falta de competências. Segundo o Inquérito Global de Inteligência de Competências 2025, realizado pela SkillSoft, apenas 10% dos profissionais de Recursos Humanos e Learning & Development (L&D) acreditam que as suas equipas têm as competências necessárias para atingir os objetivos de negócio nos próximos dois anos. O estudo, que inquiriu mil profissionais nos EUA, Reino Unido, Alemanha e Austrália, conclui que as lacunas de competências estão a atrasar projetos, a comprometer o alinhamento entre desenvolvimento e necessidades de negócio e a dificultar a tomada de decisões estratégicas. As consequências são claras: 28% dos profissionais de RH e L&D dizem que a falta de competências limita a expansão para novos mercados. Quase um terço admite que entre 41% e 60% das novas contratações chegam com lacunas críticas. Já 37% temem perder talentos para concorrentes que oferecem programas de desenvolvimento mais robustos. Além disso, 91% acreditam que os colaboradores sobrestimam a sua proficiência, sobretudo em liderança, Inteligência Artificial (IA) e áreas técnicas. Apenas 18% das empresas medem regularmente as competências dos seus colaboradores ao longo da sua evolução profissional. Como resultado muitos líderes iniciam projetos estratégicos acreditando que as suas equipas estão preparadas, mas descobrem a meio do caminho que não conseguem entregar — desperdiçando tempo e orçamento. A IA surge como uma oportunidade para transformar esta realidade. Pode ajudar a identificar lacunas, personalizar a aprendizagem e fornecer insights em tempo real. No entanto, há barreiras: 41% dos inquiridos citam a resistência à mudança, 28% apontam a falta de conhecimento técnico e quase 50% querem a IA integrada nas ferramentas de inteligência de competências para aumentar a precisão. Mas os especialistas alertam: a IA não é mágica. Integrada em sistemas desatualizados ou alimentada por dados de fraca qualidade, não gera impacto. Embora 85% das empresas tenham programas de desenvolvimento, apenas 20% os consideram alinhados com os objetivos de negócio e apenas 6% avaliam os seus sistemas como “excelentes”. As maiores barreiras são o baixo envolvimento dos colaboradores (42%) e a falta de tempo para formação (41%). Apesar de formatos como vídeos, mentoria, formação presencial e simulações serem bem avaliados, muitos trabalhadores recebem sobretudo conteúdos genéricos, sem ligação às suas funções ou objetivos. O estudo sublinha a necessidade de recentrar a estratégia empresarial nas competências, em vez dos cargos. Para isso, é essencial começar pelas competências, medir o progresso de forma contínua, utilizar a IA como facilitador e não como substituto e, ainda, ligar a formação diretamente aos resultados do negócio. As organizações que fizerem esta transição para a inteligência de competências vão ganhar visibilidade, agilidade e confiança para se adaptar rapidamente. As que não o fizerem, continuarão a tomar decisões baseadas em suposições — e a falhar no crescimento. |