Escassez de competências técnicas impacta equipas jurídicas e de compliance

A Gartner indica quatro áreas em que os líderes jurídicos e de compliance se deverão focar para resolver a lacuna de competências técnicas

Escassez de competências técnicas impacta equipas jurídicas e de compliance

De acordo com a Gartner, a lacuna de competências técnicas é um desafio atual para os líderes jurídicos, de compliance e de privacidade, com 65% de 179 inquiridos a relatá-la como uma das cinco principais preocupações nos próximos dois anos.

Perante a rápida adoção da Inteligência Artificial (IA) generativa nas empresas e a introdução de novos regulamentos técnicos, os especialistas da Gartner consideram que são exigidas novas combinações de competências técnicas e jurídicas ou de compliance, que são atualmente muito escassas.

“Normalmente vistas como uma barreira à inovação, as funções jurídicas e de compliance terão dificuldades para competir por esse tipo de talento, mesmo dentro da empresa, contra departamentos que oferecem melhores oportunidades de progressão na carreira e podem fornecer benefícios e pacotes de remuneração mais atraentes”, afirma Stuart Strome, diretor de investigação na Gartner Legal, Risk & Compliance Practice.

“Os chefes de departamentos jurídicos deveriam começar a desenvolver a sua estratégia de gestão de talentos de longo prazo”, recomenda Strome. “Mesmo os advogados que acabaram de sair da escola não estarão equipados com certas habilidades exigidas, então os líderes devem criar oportunidades nos seus departamentos para que os advogados possam aprender essas habilidades – seja no trabalho ou através de parcerias com instituições educacionais”.

A Gartner identificou dois problemas principais associados à escassez de competências técnicas, que os departamentos jurídicos estão a enfrentar atualmente. O primeiro está relacionado com a possível resistência dos advogados à implementação de tecnologias emergentes nos seus fluxos trabalhos. Neste sentido, com a crescente pressão para aumentar a produtividade com novas ferramentas, os líderes de operações jurídicas devem assegurar o seu bom funcionamento, bem como a formação adequada dos advogados para a sua utilização.

O segundo problema, diz a Gartner, prende-se com os novos requisitos impostos por medidas regulatórias, tanto pela Lei da União Europeia sobre a IA como pela recente ordem executiva da Administração Biden sobre esta tecnologia, que procuram minimizar os riscos de enviesamento e explicabilidade do modelo.

“Os líderes jurídicos devem ser capazes de comunicar estes requisitos aos parceiros de negócios e ter um nível suficiente de compreensão técnica para saber se os esforços das suas empresas alcançarão a compliance”, alerta Strome.


Como a lacuna de competências técnicas impactará os departamentos jurídicos

Segundo os especialistas da Gartner, as quatro áreas principais em que a falta de competências técnicas impactará as equipas jurídicas e de compliance são:

  1. Estratégia de gestão de talentos: haverá áreas em que estes departamentos não conseguirão contratar todas as competências necessárias e, por isso, os líderes jurídicos deverão fazer concessões e considerar contratações que normalmente não fariam, como níveis inferiores de experiência. “A longo prazo, os departamentos jurídicos devem garantir que são atraentes para candidatos com competências exigidas. A competição por esses talentos está a aumentar e os líderes jurídicos precisarão fazer parceria com os RH para desenvolver uma estratégia de recrutamento de talentos e uma proposta de valor atraente para os funcionários”, explica.
  2. Desenvolvimento de competências internas: através de programas de formação internos, cursos externos ou parcerias com consultores externos, existem competências técnicas que podem ser desenvolvidas internamente, em vez de serem contratados novos colaboradores para todas as competências.
  3. Parcerias técnicas internas: estabelecer parcerias internas pode ser uma forma de combater as competências técnicas escassas, sendo que outras funções da empresa, como IT e segurança da informação e dados, podem já ter os conhecimentos necessários aos departamentos jurídicos. “Quando o Departamento Jurídico e de Compliance é visto como um obstáculo, outros departamentos podem hesitar em partilhar recursos”, sublinha Strome. “Para obter acesso às capacidades técnicas de que necessitarão, os líderes jurídicos devem abandonar esta perceção e procurar oportunidades mutuamente benéficas para partilhar competências e capacidades técnicas”.
  4. Alocação de carga de trabalho: tendo em conta que cerca de metade do trabalho jurídico enviado para fornecedores externos, segundo a Gartner, os departamentos jurídicos deverão priorizar o envio de trabalhos que exijam experiência técnica, quando for muito dispendioso desenvolver internamente. 
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