CIO do futuro – Agile e Devops no centro da estratégia

No relatório “Predictions 2020: CIO”, a Forrester revela as maiores oportunidades e desafios para os Chief Informations Officers durante o próximo ano

CIO do futuro – Agile e Devops no centro da estratégia

 

Destacam-se cinco grandes previsões identificadas pela Forrester, a que se junta o fator “incerteza económica”, propulsor das tarefas do Chief Information Officer (CIO) em 2020. Rui Serapicos, Managing Partner da CIONet, e Sérgio Trindade, CIO da EPAL, refletem sobre o papel do “CIO do Futuro”

 

Os CIO vão transformar 10% das suas tarefas de IT em processos automatizados 

A Forrester acredita que a volatilidade económica vai influenciar os CIO a concentrarem-se nas medidas de controlo de custos dos seus departamentos. 

A este propósito, refere Rui Serapicos que “em Portugal, as iniciativas de redução de custos são uma realidade em épocas de volatilidade” e acrescenta que, na prática, “os CIO irão concentrar- se em fazer mais com menos”, adotando “práticas como Agile e DevOps, mas não se limitará a isso”, prossegue, já que se pode esperar, “a consolidação de aplicações” e a automatização de implementações. 

O caminho para isto é, no entanto, assimétrico, e por culpa da “cultura de liderança das empresas”, não pelo seu tamanho, assinala. Sérgio Trindade, por seu lado, crê que a “introdução das técnicas como Agile, DevOps e outras, faz parte da criação de capacidade de resposta e gestão da eficiência”, admitindo que em Portugal já existem “excelentes exemplos” do seu uso - o país “tem um forte ADN tecnológico”, diz. 

 

Os CIO vão ter mais atenção à estratégia de dados e ao orçamento para tecnologia 

A estratégia de dados empresariais vai continuar a ser uma prioridade para os CIO, apesar da “queda significativa” no interesse em big data em 2018 e 2019. 

“Com a proliferação de ferramentas de tratamento de dados enfocadas no autosserviço e com o desenvolvimento de equipas cada vez mais autónomas é natural que as empresas estejam a despertar para estratégias de dados”, assinala o Managing Partner da CIONet, e este “despertar” não acontece apenas nas grandes empresas. 

“O sentimento de falta de dados de qualidade, em tempo real e corretamente interpretados para a gestão das empresas”, refere Sérgio Trindade, fez com que o investimento em big data fosse “embrionário e sem a estratégia correta”. A chave é uma “abordagem segura”, que já é possível conseguir, com o grau de maturidade da tecnologia e os “exemplos do que fazer e não fazer”

 

Mudar a dinâmica da workforce e da experiência do trabalhador – as pessoas vão estar no topo da agenda dos CIO 

A Forrester conclui que o progresso feito na transição da infraestrutura tradicional para a infraestrutura de cloud vai deixar claro que os maiores problemas estão relacionados com as pessoas e não com a complexidade da tecnologia. Devem mudar-se a composição da workforce, a aprendizagem das equipas e a forma de adquirir talentos. No entanto, o atrito com os departamentos de Recursos Humanos poderá continuar. 

Mudar a dinâmica do workforce é um problema de “escassez de recursos”, afirma o CIO da EPAL. Apesar de o talento começar já a ser trabalhado em meio académico, não o é “nos primeiros 12 anos de ensino”, e aquilo que (apenas) o ensino superior oferece ainda não é suficiente para colmatar o problema, acredita. 

Então, é preciso - e toma-se como responsabilidade do CIO - “usar uma abordagem de boa utilização da tecnologia, focada não apenas nos resultados diretos da empresa, mas também em proveito de uma vida melhor por parte dos que delas fazem parte, com uma abordagem transversal nas organizações e cidadãos”, explica, e deve ser o CIO a fazer a ponte com os Recursos Humanos (RH). Rui Serapicos diz mesmo que um CIO deve ser um “hacker de cultura empresarial”, ou seja, alguém “que percebe muito bem a cultura empresarial, passa a informação aos RH e trabalha no sentido de ajudar a organização a otimizar essa cultura, em parceria com os recursos humanos”

 

As empresas vão pedir ajuda aos CIO para navegar nos ecossistemas de inovação 

A Forrester acredita que as “empresas avançadas” estarão mais concentradas na inovação e, como tal, criarão ecossistemas digitais para promover as suas ambições de crescimento. 

No próximo ano, isto levará a uma complexidade crescente nesse ecossistema, e os CIO vão precisar de resolver o problema, que cada vez mais será encarado em board-level. 

“A função de CIO ganhará cada vez mais relevância, não tanto pela aplicação da tecnologia, mas muito mais pela permeabilização da inovação”, segundo Rui Serapicos. 

Sérgio Trindade acrescenta que “a realidade onde os CIO são um conselheiro de confiança, em entidades onde as pessoas estão envolvidas e agradadas de forma natural com a tecnologia, obtendo informação útil para as suas decisões” será visível já “nos próximos anos”, assegura. 

 

Empresas com cio que reportem a CFO ou COO não vão cumprir as metas de crescimento 

Hoje em dia, metade dos CIO já reporta diretamente aos CEO. No entanto, as empresas que alinham os CIO sob o CFO ou COO negligenciam métricas orientadas para o crescimento. 

A Forrester acredita, assim, que “as empresas avançadas elevarão o papel do CIO como orquestrador de informações, sistemas e transformação de negócios”. Além disso, nomearão CIO que podem atuar como líderes de negócios colaborativos e não apenas como gestores de tecnologia. 

“O CIO tem uma oportunidade fantástica de ser o elemento mais transversal a todas as pessoas e processos da empresa”, já que nenhuma outra área “tem a mesma envolvência end-to-end”, expõe o CIO da EPAL. “A sua responsabilidade e autonomia têm que responder diretamente ao nível da organização que tenha a mais alta gestão de todas as áreas da empresa”, remata. 

Rui Serapicos concorda: “de facto, as organizações que têm um CIO no seu Conselho Executivo têm maior capacidade de antecipar mudanças apoiadas pela tecnologia, explorar novas áreas e modelos de negócio baseados em inovação, e implementar projetos transformacionais baseados em tecnologia, conhecimento e inovação”, que são, no fundo, “os fatores críticos de crescimento das organizações”, conclui o responsável. 

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