Inovação Circular: Um novo paradigma

“Nada se perde, tudo se transforma”. A máxima de Lavoisier ganha um novo significado com o conceito de economia circular, onde a inovação pelas tecnologias e sistemas de informação tem uma palavra determinante

Inovação Circular: Um novo paradigma

No 13º Encontro Nacional de Inovação, que contou com a presença do Presidente da República, em novembro do ano passado, a COTEC colocou o enfoque na importância da economia circular para a competitividade e sobrevivência do tecido empresarial português. No início de fevereiro, em Madrid, o XI Encontro COTEC Europa voltou a tocar no tema, também na inovação que lhe está associada.

A economia circular é um modelo pelo qual o ciclo de vida dos produtos é otimizado. Recuperar, reutilizar e reciclar é o mote. Mais do que uma forma de minimizar o impacto da atividade humana sobre o meio ambiente e de promover o desenvolvimento sustentável, este é um imperativo da rentabilização e utilização eficiente dos (finitos) recursos – com o qual a Comissão Europeia assumiu recentemente um forte compromisso, aliás –, possível sobretudo pelas tecnologias de informação.

“As TI são essenciais para a inovação circular. São fundamentais porque permitem, com eficiência, conhecer o posicionamento, o estado e a disponibilidade de cada ativo e assim permitir uma gestão do seu ciclo de vida de forma muito mais eficiente e com maior valor para os respetivos utilizadores”, observa Jorge Portugal, diretor-geral da COTEC Portugal. “O caso das plataformas de partilha, a manutenção preditiva ou a logística inversa inteligente são exemplos de aplicações de inovação circular que assentam na combinação de tecnologias digitais como sensores, armazenamento em cloud e algoritmos de aprendizagem”.
 

Capacidades a desenvolver

Neste paradigma económico, é imperativo não só estabelecer a inovação “como base da estratégia de mercado”, mas também ser capaz de definir os problemas que é necessário resolver para atingir os objetivos estratégicos. Para que assim seja, aconselha Jorge Portugal, as empresas devem criar “uma rede de inovação aberta que envolva outras empresas e entidades do sistema científico e tecnológico”. Deste modo é possível conquistar ou ampliar a capacidade de desenvolver as soluções necessárias “à resolução dos problemas de inovação”.
 

Começar por casos piloto

Para adotar este modo de atuação, as organizações têm, antes de mais, de acordo com o diretor-geral da COTEC, procurar explorar e testar a aplicação de tecnologias de informação em casos piloto. “Deste modo é possível compreender o ganho de eficiência na gestão dos ativos, a maior produtividade na utilização de recursos e novas possibilidades de criação de valor para os clientes”. Na fase de desenvolvimento do produto, adverte, é fundamental considerar todo o seu ciclo de vida, o que significa “projetá-lo e desenhá-lo de forma a durar mais tempo” e a impactar o mínimo possível o meio ambiente, ou até mesmo não impactar, aquando da sua desmaterialização. “Um produto deve ser desenhado para poder ser reparado e reutilizado, e só em última instância reciclado”, realça. “Para além disso, deve ser utilizada cada vez mais informação sobre o desempenho do produto na gestão do seu ciclo de vida, desde a sua conceção até à sua eliminação, e tal será possível precisamente graças à utilização de tecnologias de informação”, reforça.
 

Na agenda política

A COTEC considera que o ecossistema de inovação circular em Portugal tem registado “assinalável progresso nos últimos anos”. Segundo o seu diretor-geral, não só há “excelentes exemplos” de empresas que têm mostrado ser capazes de introduzir conceitos de economia circular como o próprio sistema científico e tecnológico “tem sido capaz de desenvolver soluções tecnológicas para problemas complexos”. Por outro lado, a economia circular tem nos decisores políticos um importante aliado. “De uma forma global estão a empreender políticas públicas que estimulem a transição para uma economia mais circular”, observa Jorge Portugal.


UE GARANTE APOIO FINANCEIRO

A União Europeia estabeleceu a economia circular como uma prioridade. “No Horizonte 2020, cujo financiamento global dedicado à transição para uma economia mais circular é de 650 milhões de euros, há vários programas dedicados ao I&D e à inovação circular”, esclarece Jorge Portugal. “Para além do mais, acrescem ainda 5,5 biliões de euros de fundos estruturais também dirigidos a essa transição. A nível nacional, no quadro do Portugal 2020, o programa POSEUR é o principal instrumento temático nesta matéria, com cerca de 2,25 mil milhões de euros destinados ao nosso país até 2020”.

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