Estudo revela que executivos C-Suite destacam a inteligência artificial como um fator-chave para o aumento da produtividade, mas que a maioria dos colaboradores não se sente preparada para a transformação
A Mercer divulgou a mais recente edição do estudo “Global Talent Trends”. Partindo das respostas de mais de 12 mil executivos, líderes de recursos humanos, colaboradores e investidores a nível mundial, a pesquisa revela as decisões que as empresas estão a tomar de forma a serem bem-sucedidas nesta nova era. “As conclusões deste ano apresentam mudanças surpreendentes no mundo do trabalho”, afirma Pat Tomlinson, Presidente da Mercer, em comunicado. “Apontam para uma clara divergência entre o que os executivos C-Suite e os líderes de recursos humanos acreditam ser a estratégia mais eficaz para 2024. À medida que entramos numa era de cooperação Homem-Máquina, as organizações têm de colocar os colaboradores no centro da transformação”. A rápida evolução da IA generativa promoveu a esperança de ganhos de produtividade dos colaboradores, com 40% dos executivos a preverem ganhos superiores a 30%. Contudo, três em cada cinco (58%) acreditam que a tecnologia está a avançar a uma velocidade superior do que a capacidade de reconversão dos colaboradores, com apenas um em cada cinco a acreditar conseguir satisfazer a procura deste ano com o seu atual modelo de talento. “Aumentar a produtividade através da IA é uma prioridade para os executivos, mas a resposta não está apenas na tecnologia. Uma maior produtividade requer um design de trabalho intencional e centrado nas pessoas”, afirma Kate Bravery, Líder Global de Consultoria de Talentos da Mercer e autora do estudo, também em comunicado. “As empresas líderes reconhecem que a IA é apenas uma parte da equação. Estão a adotar uma visão holística para lidar com as quebras de produtividade e a proporcionar uma maior agilidade através de novos modelos de trabalho Homem-Máquina”. Existem ainda desafios para encontrar um caminho sustentável para o futuro do trabalho. três em cada quatro (74%) executivos estão preocupados com a rotação de talento e menos de um terço (28%) dos líderes de recursos humanos afirmam estar muito confiantes de que podem constituir um modelo de trabalho Homem-Máquina bem-sucedido. A chave para uma maior agilidade passa por adotar modelos de talento baseados em competências, algo que as empresas de elevado crescimento já dominam. Em 2023, a confiança nos empregadores caiu de um máximo histórico em 2022 – um mau sinal, uma vez que o estudo mostra que a confiança tem um grande impacto na motivação dos colaboradores, na sensação de prosperidade e na intenção de permanecer. Os colaboradores que acreditam que os seus empregadores farão o que é melhor para o bem-estar interno e para a sociedade são duas vezes mais prováveis de afirmarem que estão a prosperar, com um forte sentido de propósito e de pertença, sentindo-se valorizados. Quase metade dos colaboradores diz querer trabalhar para uma organização da qual se possa orgulhar, sendo que algumas empresas estão já a priorizar os seus esforços de sustentabilidade e os princípios de “Good Work”. Dado que, em 2024, a remuneração justa (34%) e as oportunidades de desenvolvimento (28%) serão fatores determinantes para a permanência dos colaboradores, as organizações são incentivadas a promover uma progressão mais rápida em matéria de equidade salarial, transparência e acesso equitativo a oportunidades. Globalmente, os colaboradores afirmam que o sentimento de pertença os ajuda a sentirem-se prósperos, mas apenas 39% dos líderes de recursos humanos afirmam que as mulheres e as minorias estão bem representadas na equipa de liderança da sua organização, com apenas 18% a afirmarem que os recentes esforços de diversidade, equidade e inclusão aumentaram a retenção dos principais grupos de diversidade. Três em cada quatro colaboradores (76%) já foram vítimas de discriminação em razão da idade. Uma vez que estes desafios se juntam à atual escassez de competências, é necessária uma maior atenção à inclusão e à satisfação das necessidades dos colaboradores, de forma a garantir que todos possam prosperar. Os recentes investimentos na mitigação de riscos deram resultado, com 64% dos executivos a afirmarem que a sua empresa está preparada para desafios imprevistos, contra os 40% registados há dois anos. As preocupações a curto prazo, como a inflação, influenciam significativamente os planos trienais, no entanto, os riscos a longo prazo, como os riscos cibernéticos e climáticos, podem não estar a receber a devida atenção. Construir a resiliência individual é tão crucial quanto a resiliência da empresa, com quatro em cada cinco (82%) colaboradores a afirmarem estar preocupados com a possibilidade de um esgotamento. Redesenhar o trabalho para o bem-estar interno é fundamental para mitigar este risco, com 51% das empresas de alto crescimento (com crescimento de receita de 10% ou mais em 2023) a afirmarem estar já a trabalhar nesse sentido, em comparação com apenas 39% dos seus pares de menor crescimento. Mais de metade dos executivos (58%) receiam que a sua empresa não esteja a fazer o suficiente para motivar a adoção de novas tecnologias por parte dos colaboradores, sendo que dois terços (67%) dos líderes de recursos humanos partilharam a preocupação de terem implementado novas soluções tecnológicas sem transformar o trabalho. A experiência dos colaboradores é a principal prioridade dos recursos humanos para 2024 – um enfoque valioso, dado que os colaboradores prósperos são 2,6 vezes mais prováveis de afirmar que a empresa promove experiências de trabalho que fazem sobressair o seu melhor. Os recursos humanos desempenham um papel fundamental para tornar o trabalho melhor para todos, mas é cada vez mais imperativo que trabalhem em conjunto com os líderes digitais e de risco para introduzir as mudanças necessárias ao ritmo exigido. Para satisfazer as expetativas organizacionais e dos colaboradores, 96% das empresas estão a planear uma reformulação funcional dos recursos humanos este ano, centrada na eliminação de silos e na liderança de formas de trabalho digitais. Este ano, pela primeira vez, a Mercer recolheu as opiniões dos gestores de ativos acerca do modo como a estratégia de talento de uma organização influencia as suas decisões de investimento. Quase nove em cada dez (89%) consideram que o envolvimento da força de trabalho é um fator-chave para o desempenho da empresa e 84% consideram que uma abordagem “churn-and-burn” é prejudicial para o valor do negócio. Os investidores afirmam também que a promoção de um clima de confiança e justiça é o fator mais importante para a criação de um valor verdadeiro e sustentável nos próximos cinco anos. |