IDC FutureScape 2023: aceleração e velocidade da mudança obriga à disrupção das organizações

Gabriel Coimbra, Group Vice President and Country Manager da IDC, e Bruno Horta Soares, Executive Senior Advisor da IDC, apresentaram um conjunto de previsões da realidade da transformação digital das organizações e os investimentos que ainda deverão ser feitos

IDC FutureScape 2023: aceleração e velocidade da mudança obriga à disrupção das organizações

Os últimos anos foram marcados pela resiliência e pela aceleração da transformação digital nas organizações, provocadas sobretudo pela pandemia da Covid-19.

A edição de 2023 do IDC FutureScape concentrou-se em olhar para estas mudanças dos últimos anos, apresentando um conjunto de previsões sobre para onde caminha a tecnologia e a transformação dentro das organizações, com destaque para o clima empresarial português.

Gabriel Coimbra, Group Vice President and Country Manager da IDC, acredita que 2020 trouxe um “novo paradigma económico e social”, com a tecnologia a assumir um papel relevante, numa área onde o investimento, apesar do contexto, foi desproporcional à economia, uma vez que não parou de crescer. A realidade da pandemia obrigou a uma “mudança mais disruptiva, mais rápida” das organizações. Na perspetiva de evolução do mercado, com fatores como a pandemia e a invasão da Ucrânia, “a aceleração e a velocidade de mudança e de volatilidade vai ser cada vez mais significativa”, obrigando as organizações a uma maior necessidade de disrupção.

Em 2021, o investimento em tecnologia atingiu quase os 20%, um crescimento a dois dígitos que não era visto há mais de duas décadas. Em 2022 a previsão aponta para um crescimento de 4,9%. Apesar das previsões de desaceleração, os investimentos significativos deverão continuar.

Para Bruno Horta Soares, Executive Senior Advisor da IDC, muitos dos investimentos que serão feitos nos próximos tempos “são simplesmente para as organizações se manterem à tona”.

Só a componente de transformação digital – as tecnologias da 3ª plataforma em diante – o crescimento é oito vezes superior, ou seja, 2% da economia representa um crescimento de 16% nas novas tecnologias. Dois terços das organizações afirmam que vão investir mais em transformação digital.

Para onde vai o investimento?

A cloud registou um grande crescimento - o investimento nesta área deverá ainda crescer a dois dígitos; outra das áreas com maior crescimento foi o IoT e a segurança, garantindo a resiliência da infraestrutura; e a Analytics, Data e inteligência artificial, assim como o As a Service.

“Entrar na cloud foi uma preocupação que vimos nos últimos anos e começa a ser muito claro que a eficiência começa a ser a principal preocupação no que toca à utilização de plataformas de cloud”, explica Bruno Horta Soares, justificando esta mudança de paradigma com as implicações provocadas também pela pandemia.

O Executive Senior Advisor da IDC considera que depois do movimento de recursos para a cloud e da flexibilidade que esta ferramenta ofereceu, “a cloud é verdadeiramente a ferramenta para alinhar a tecnologia com o negócio”

Aceleração: De que forma?

Com a ambição de continuarem a crescer e a criar valor, as organizações terão agora de acelerar o processo já iniciado. “Temos de avançar duas vezes mais rápido. Este é o sinal dos tempos”, sublinha Bruno Horta Soares. As grandes alterações que estão a decorrer estão ligadas à mudança de conceito – de acordo com as previsões da IDC, a transformação digital passará a ser definida como transformação do negócio (digital business).

Este novo conceito configura a 3ª etapa da transformação digital, uma vez que a grande parte das organizações fez já esta mudança de transformação digital. As organizações devem questionar-se sobre qual a sua maturidade, perceberem onde estão e para onde querem caminhar. “Cada vez mais as organizações vão ser forçadas a mapear aquilo que são os investimentos digitais em digital revenue”, defende o Executive Senior Advisor da IDC.

Nos próximos anos, numa primeira fase, as organizações preveem que 40% das suas receitas terão origem a partir do digital, entre produtos, serviços e experiências.

A redefinição dos modelos de negócio é uma das maiores previsões. As organizações estão já à procura de criar novos mercados com recurso à criação de espaços para que consigam obter mais receitas. Só o mercado do metaverso deverá, de acordo com a McKinsey, atingir os cinco triliões em 2030. 

Esta procura por novos mercados está assente, sobretudo, não numa lógica de arquitetura empresarial que suporte a tecnologia, mas “uma arquitetura de negócio”. Para Bruno Horta Soares, as organizações que estão ainda muito preocupadas com o “fazer” não conseguem construir “as capacidades que preparem a plataforma digital para que, no futuro, continuem em cima dessa plataforma, a desenvolver novos produtos”.

O futuro das organizações passa pela aposta na implementação destas plataformas digitais que oferecem “uma probabilidade duas vezes maior [da organização] atingir crescimentos a dois dígitos”, ou seja, o desenvolvimento de arquiteturas de negócio está intrinsecamente ligado ao desenvolvimento destas plataformas digitais.

Tecnologia ao serviço da sustentabilidade

A inovação e tecnologia são também elas ferramentas aliadas das organizações que pretendem apostas em estratégias mais sustentáveis, numa era em que “a tecnologia está a ser utilizada porque as pressões dos outros Parceiros, fornecedores, clientes, é cada vez maior”.

Os dados da IDC mostram que as organizações em Portugal ainda têm um longo caminho a percorrer nas iniciativas sustentáveis. Apesar da tecnologia colocar-se ao serviço da sustentabilidade, quase 40% das empresas admite que ainda não está a aumentar o investimento nesta área.

Escassez de talentos: como contornar?

Atualmente, a falta de talentos e recursos é uma das maiores preocupações das organizações, sendo já o fator número um para a rejeição/não realização de projetos na área da transformação digital. Bruno Horta Soares considera que este é um “problema em mãos” para as organizações – só na Europa 90% das organizações não está a avançar com projetos porque não tem talentos para os colocar em prática. Esta é também uma preocupação da realidade portuguesa – 81% das organizações inquiridas admite que a falta recursos tem sido uma limitação para a realização de projetos, o que, por si só, pode levar a constrangimentos nas receitas da organização.

A confiança das organizações

O tema da soberania é crítico e um desafio às empresas europeias. A preocupação com a confiança está ainda muito dependente das administrações executivas. “Há cada vez mais uma preocupação dos CEO das organizações questionarem os investimentos e questionarem se estão a fazer os investimentos certos”, frisa Bruno Horta Soares.

Tags

NOTÍCIAS RELACIONADAS

RECOMENDADO PELOS LEITORES

REVISTA DIGITAL

IT INSIGHT Nº 48 Março 2024

IT INSIGHT Nº 48 Março 2024

NEWSLETTER

Receba todas as novidades na sua caixa de correio!

O nosso website usa cookies para garantir uma melhor experiência de utilização.