Bens de informática de consumo diminuíram 8% em 2022

A 27.ª conferência “GfK Teck Market Insights’23” teve como objetivo analisar as tendências ao nível dos mercados de tecnológicos e de bens de consumo e os desafios que Portugal e a Europa vão enfrentar nestes setores.

De acordo com o estudo da GfK Portugal, fatores como a subida dos preços das matérias-primas e da energia, a pressão dos custos de produção, a escassez de chips, o retomar das atividades fora de casa após a pandemia, o maior número de pessoas deslocadas e o valor histórico da inflação foram os que mais impactaram as decisões dos consumidores em 2022, nomeadamente ao nível das compras por impulso, que diminuíram neste período, em detrimento das aquisições por necessidade.

Os bens de informática de consumo diminuíram 8% face ao período homólogo e 51% das compras registadas foram sobretudo para substituir aparelhos estragados. 26% tiveram um upgrade de equipamento funcional e 10% de um primeiro produto.

As escolhas dos consumidores no mercado tecnológico

A tendência demonstrada pelos consumidores aponta para uma escolha de produtos premium em prol de maior qualidade.

Entre a aquisição de bens que mais cresceu, destaque para os bens eletrónicos de consumo e de fotografia, com um crescimento de 1% face ao ano anterior e 5% nas telecomunicações. No total, esta área gerou uma receita de 1060 milhões de euros em vendas. A compra de acessórios cresceu 18%, o que corresponde a 154 milhões de euros, com os wearables a registarem uma maior procura – mais 4% (74 milhões de euros em vendas).

O crescimento registado ao nível dos telemóveis não foi além dos 3% devido, sobretudo, à subida do preço dos equipamentos, com um valor médio de 346 euros em 2022.

Escolha de eletrodomésticos recai na qualidade…ou no preço?

No que toca aos eletrodomésticos, o estudo mostrou que a escolha dos consumidores recai em eletrodomésticos premium ou standard. Entre os principais fatores que influenciam estas escolhas está a publicidade, a comparação de preços online, utilizada mais em Portugal comparativamente a outros países que participaram na análise e as recomendações dos funcionários em loja. Na hora de adquirir o próprio produto, o preço ou promoção (69%), a disponibilidade de stock (35%) e a conveniência (28%) são os fatores que mais pesam.

As promoções atingiram máximos o ano passado devido à guerra na Ucrânia e à quebra nas vendas. A desaceleração da procura provocou uma necessidade no mercado de ações promocionais.

Para 2023, a perspetiva é de recuperação para valores verificados em anos anteriores, com a ajuda de estratégias de promoção e preços mais equilibrados.

Mercado, no seu global

O valor das receitas do mercado Business to Consumer permaneceu num nível elevado, superior a 2019 e 2020. Movimentos como a promoção da Black Friday têm subido, com uma forte progressão no movimento promocional de 2022 nas semanas que antecederam a promoção.

O mercado de bens tecnológicos de consumo atingiu em Portugal o valor mais elevado de sempre – mais 2,5% do que em 2021, o que se traduz em 3.336 mil milhões. Os setores das telecomunicações e dos eletrodomésticos foram os que registaram o maior crescimento.

No entanto, o comércio eletrónico desacelerou, com 39% das vendas a realizarem-se online e 61% em lojas físicas.

A evolução do mercado global apresenta um valor negativo para 2022 (-6%). No entanto, as previsões apontam para que se situe entre 0 e 2% em 2023. No caso de Portugal, o valor deverá estabilizar-se entre os 0 e os 3%, semelhante ao valor registado o ano passado.