Relatório da Agência Nacional de Inovação destaca o aumento do investimento em I&D, especialmente na Segurança e Defesa, mas alerta para desafios na retenção de talento e na aposta em tecnologias disruptivas
A inovação em Portugal registou uma trajetória positiva em 2023 e 2024, marcada pelo crescimento da despesa em Investigação e Desenvolvimento (I&D), pelo aumento da qualificação da população e pelo reforço da inovação empresarial. A conclusão consta do Relatório Nacional de Inovação 2024 (RNI 2024), publicado pela Agência Nacional de Inovação (ANI), que este ano se dedica às áreas estratégicas da Segurança e Defesa. O relatório, resultado de um processo de cocriação com entidades públicas e privadas, sublinha a importância destas áreas num contexto de tensões geopolíticas e de crescentes exigências de soberania tecnológica. Entre os principais indicadores, destaca-se o aumento da percentagem de população entre os 25 e os 64 anos com ensino superior, que passou de 27,5% em 2020 para 29,8% em 2023. Já a despesa total em I&D ultrapassou os 4,5 mil milhões de euros, correspondendo a 1,7% do PIB. Só as entidades da Base Tecnológica e Industrial de Defesa (BTID) e o Ministério da Defesa Nacional investiram 485,2 milhões de euros, mais 29% face a 2020. O relatório indica ainda que 44,7% das empresas desenvolveram atividades inovadoras entre 2020 e 2022, percentagem que sobe para 79,1% nas grandes empresas. No European Innovation Scoreboard 2024, Portugal mantém-se classificado como inovador moderado. No plano da infraestrutura digital e científica, registaram-se avanços significativos: a plataforma NAU aumentou em 25% o número de utilizadores, a rede RCTS100 já cobre 90% das instituições de ensino superior e a plataforma de dados científicos POLEN ultrapassou os 10 petabytes de informação armazenada. Apesar dos progressos, o relatório aponta vários desafios que Portugal ainda enfrenta. No European Innovation Scoreboard 2024, o país continua a ser classificado como inovador moderado, sinalizando que há um caminho a percorrer para atingir os líderes europeus. Os principais obstáculos identificados são a necessidade de reforçar a proteção da propriedade intelectual, de melhorar a capacidade de atração e retenção de talento, e de aprofundar a cooperação internacional. O relatório alerta ainda para a importância de uma aposta mais forte em áreas disruptivas como as tecnologias quânticas, a Inteligência Artificial (IA) e as aplicações de tecnologias espaciais. |