No palco da IT Insight Talks, numa manhã dedicada à inteligência artificial e aos dados, Henrique Carreiro, Diretor da IT Insight, abriu a segunda edição de 2025 com uma conversa sobre a implementação da IA em diversos contextos e a automatização de processos através desta tecnologia
Na quinta edição da IT Insight Talks, que decorreu no Fórum Tecnológico Lispolis, em Lisboa, Henrique Carreiro, Diretor da IT Insight, subiu a palco para uma conversa com a audiência sobre a Inteligência Artificial (IA) e tudo o que esta tecnologia incorpora. Na introdução do tema, que considera ser um tema “que nos diz a todos”, começou por questionar o público sobre o papel das pessoas quando se vê a IA a surgir de todos os lados e como se deve agir nesta situação. Ao inquirir a audiência presente sobre se conhecem algum processo que esteja totalmente automatizado, Henrique Carreiro notou que talvez “este seja um tema por resolver”, procurando diminuir o medo dos profissionais relativamente a qualquer tipo de automatização. O Diretor da IT Insight acredita que “os sistemas mais inteligentes não são aqueles que vão decidir por nós, são aqueles que nos permitem ver mais longe”, fazendo comparações com ferramentas que auxiliaram os portugueses e a humanidade a ver mais longe e a evoluir. “Aquilo a que estamos a assistir com as evoluções da IA é uma ampliação, é um telescópio, ou é um microscópio, depende da perspetiva”, referiu. IA como parceiro de trabalhoCada vez mais começam a surgir rankings que abordam os temas da substituição de profissionais por inteligência artificial. Henrique Carreiro considerou que uma das conversas mais importantes neste momento, em relação à implementação de IA nos meios de trabalho, é “ir além do medo da substituição. A ideia não é ‘a IA vai-nos substituir’, a ideia é ‘vamos ter um parceiro de trabalho’”. O especialista reforçou que a inteligência artificial é, cada vez mais, uma utility: “é uma utility especial, mas é uma utility”. Henrique Carreiro deu o exemplo da criação, por parte de alguns países, de uma “espécie de IA mínima universal”, algo que poderá ter impacto na forma como as pessoas se relacionam com a inteligência artificial, alertando para a possibilidade de apagões de IA: “hoje muitas pessoas já se sentem um bocadinho perdidas se o ChatGPT estiver em baixo”. Outro aspeto que o Diretor da IT Insight destacou foi a especialização futura em psicologia relacionada com a IA, mencionando que, apesar de todos ainda não se preocuparem com isso, já se começaram a sentir os efeitos da utilização desta nova tecnologia na interação entre colaboradores. Henrique Carreiro referiu que uma das características faladas é a “inteligência irregular”. A jagged intelligence, explicou, é a sensação que, algumas vezes, sentimos de que estamos a trabalhar com uma entidade que parece muito inteligente e, outras vezes, parece pouco inteligente. O que faz a diferença neste sentimento, recordou, é a utilização de modelos que recorrem a dados guardados, ao contrário de modelos que não o fazem. Os botões de autonomiaHenrique Carreiro abordou também o tema do prompt engineering, um tema que se discutia muito há cerca de um ou dois anos, referindo que esta mecânica não desapareceu, apenas assumiu o novo termo de context engineering, passando a ser uma questão de fornecer um bom contexto à ferramenta de inteligência artificial, ao contrário de uma boa prompt. “Dentro desta perspetiva da inteligência irregular dos modelos, os modelos só funcionam bem ou mal, melhor ou pior, consoante o contexto que tiverem”, reforçou. O especialista alertou para a necessidade de uma maior noção do “contexto e de que contexto é que temos de dar para obter um determinado resultado”. Em termos da autonomia dos Large Language Models (LLM), Henrique Carreiro apresentou o tema dos autonomy slider, ou os botões de autonomia, para a adaptação da quantidade de autonomia que queremos dar às ferramentas de IA. “Vamos ter de aprender a ser líderes”, alertou, reforçando que o que precisamos de fazer com os LLM é o mesmo que se faz com “um colaborador novo”. Cada vez mais as pessoas conseguem identificar conteúdos criados por IA, sejam textos, imagens ou outros conteúdos, “mas para verificar é preciso saber”. O especialista alertou que é cada vez menos verdade a ideia de que, para identificar algo que seja gerado por IA, não é preciso saber como funciona a IA. “Cada vez vamos mais ter de nos tornar especialistas porque os erros são o mais simples. Vamos ter de aumentar a nossa capacidade de julgar, a nossa capacidade de ser editores”, reforçou. Para terminar, Henrique Carreiro enumerou diversas capacidades que será necessário aumentar com a crescente adoção da inteligência artificial, como é o caso da capacidade de diálogo, ou a capacidade de julgar e de criticar sistematicamente os conteúdos gerados por IA. O especialista apelou ainda à responsabilidade por parte dos utilizadores de IA: “vamos ser pilotos e não passageiros. Vamos ter de ter o controlo, não entregar o controlo a algo que não sabemos exatamente como se comporta”. |