Apple, o fim de 13 anos meteóricos?

Pela primeira vez desde a colapso da bolha “dot-com”, no início deste milénio, o gigante Apple reporta uma queda nas vendas. O modelo de crescimento da Apple, que se baseou desde 2007 no iPhone, parece agora esgotado.

Apple, o fim de 13 anos meteóricos?

A Apple apresentou na passada 3ª feira resultados do seu primeiro trimestre, que por si não seria notícia não fosse o facto de representarem possivelmente o início de um declínio para uma empresa nada habituada a lidar com problemas nas vendas.

O mercados bolsistas reagiram mal, com uma queda que chegou aos 8 por cento, mas o problema agora declarado era há muito antecipado e reside na incapacidade da Apple ser disruptiva, como foi no passado com Steve Jobs, o que leva à maturidade dos seus produtos e a um inevitável declínio.

Na verdade, o ciclo de inovação da Apple parou em 2010 com o iPhone 4 e o Macbook Air 3, os últimos dos produtos verdadeiramente inovadores. Depois disso o fabricante limitou-se a lançar versões que incorporam os avanços da indústria de microprocessadores e pouco mais.
Claro que ainda veio o Apple Watch, mas cedo se percebeu que não sendo um flop nunca seria a "Next Big Thing”.

Em declarações ao New York Times, um analista (Toni Sacconaghi) não poderia ser mais claro:

-“There’s no question that Apple’s best days are behind it”.

A par da queda de vendas de 10 milhões de iPhones no primeiro trimestre de 2016 (de 61,2 milhões para 51,2 milhões), as más notícias não se ficam pelos smartphones. O iPad continua a tendência de descida dos últimos 2 anos, com uma queda de 12,6 milhões para 10,2 milhões de unidades vendidas no espaço de um ano, representando uma queda de 19 por cento, e também os Mac caíram 12 por cento, aqui possivelmente a única surpresa a registar.

“Tivemos um trimestre muito concorrido e desafiante”, disse Tim Cook numa call conference com os investidores da Apple. “Apesar da pausa no crescimento, os resultados demonstram uma execução excelente da nossa equipa perante os ventos contrários da macroeconomia”.

Palavras sempre difíceis para um CEO que tem de explicar aos acionistas porque 22 por cento dos lucros se evaporaram num ano, quando na verdade não foi macroeconomicamente desfavorável (pese o dólar), em nada comparável à adversidade do crash económico de 2008 a que a Apple resistiu, apresentando sempre crescimento.

O que Tim Cook não pode explicar é que a Apple está numa crise de inovação e de criatividade, possivelmente fruto do seu próprio sucesso recente e do desaparecimento do espírito “inquieto” do seu fundador. 
Se o futuro é competir no mesmo terreno com a Samsung, a Huawei e outros fabricantes, então não há futuro para a Apple que conhecemos.

O lado positivo, onde reside a inovação por parte da equipa que lidera a Apple, está na componente de serviços e numa nova visão estratégica para o mercado empresarial, onde se enquadra a parceria com a IBM e com a Cisco.

Obviamente que, neste momento de declínio agora anunciado, não está em causa o futuro da Apple, mas sim a necessidade desta se reinventar e regressar ao espírito disruptivo que tem sido a sua imagem de marca desde 1977.

Os utilizadores de Mac continuarão a ser a base fiel de utilizadores porque todo o ecossistema integrado da Maçã é demasiado fiável e gratificante para que considerem qualquer outra opção. Mas a maior fatia da atual faturação do gigante de Cupertino não advém desse ecossistema, alimentado por esses utilizadores, mas sim de simples compradores de smartphones que são muito mais suscetíveis a modas de consumo e à oferta da concorrência.
 

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