Relatório da BCG e CO2 AI revela que 82% das empresas já registam ganhos económicos com a descarbonização e o investimento em sustentabilidade deverá crescer 16% nos próximos cinco anos
As empresas estão a perder terreno na luta contra as alterações climáticas. De acordo com o quinto relatório anual do inquérito climático “How Companies are Tackling the Climate Challenge – and Creating Value”, da Boston Consulting Group (BCG) e da CO2 AI, apenas 7% das organizações reportam integralmente as emissões de gases com efeito de estufa nos scopes 1, 2 e 3. O valor representa uma queda face a 2024 (9%) e 2023 (10%). O cenário é semelhante no que toca à definição de metas de redução: o número de empresas que estabelecem objetivos em todos os scopes diminuiu três pontos percentuais em relação ao ano passado, após um crescimento de 19% em 2023. A avaliação do risco climático também continua limitada, com apenas 12% a medir riscos físicos e de transição de forma completa. Apesar destes recuos, o estudo mostra sinais positivos. Nos próximos cinco anos, as organizações planeiam aumentar em 16% o orçamento de capital dedicado à sustentabilidade, o que equivale a mais 69 milhões de dólares por empresa. “Cerca de 70% das empresas estão a manter, ou mesmo a aumentar, os seus investimentos em sustentabilidade. Isto mostra que a ação climática não estagnou e que o impulso continua firme em todo o mundo”, afirma Hubertus Meinecke, líder global de Clima e Sustentabilidade da BCG. O relatório revela que 82% das empresas já registam benefícios económicos com a descarbonização. Em 6% dos casos, o impacto supera 10% da receita anual, o que corresponde a uma média de 221 milhões de dólares por empresa. Estes ganhos resultam sobretudo de novos produtos sustentáveis e de poupanças operacionais obtidas através da eficiência e da otimização de recursos. As empresas que avaliam riscos físicos e de transição estimam uma exposição financeira média de 790 milhões de dólares até 2030. No entanto, quase metade destas organizações refere que os investimentos em adaptação climática já geram um retorno superior a 10%. “O mais importante é que o investimento e a ação estão a acelerar. As empresas estão a apostar onde há um verdadeiro caso de negócio: gestão de risco estratégico e retornos financeiros sólidos”, explica Diana Dimitrova, diretora-geral e sócia da BCG X. O estudo identifica quatro práticas que distinguem as empresas que mais valor retiram da ação climática: a mensuração abrangente das emissões e riscos, a utilização de mecanismos internos de preço do carbono aliados à modelação de riscos, a adoção de planos de transição e adaptação e, por fim, o recurso a múltiplas soluções digitais avançadas, incluindo a Inteligência Artificial (IA). “As empresas que estão a obter valor real da sustentabilidade são as que recorrem a IA e ferramentas digitais”, afirma Charlotte Degot, CEO da CO2 AI. “Quando combinam várias soluções avançadas, têm mais do dobro da probabilidade de gerar benefícios significativos”. |