O inquérito global da Gartner identifica lacunas na confiança, enquanto a IA surge como o principal investimento para aumentar o valor para o acionista nos próximos dois anos
|
Um novo inquérito da Gartner revela um ceticismo generalizado nos conselhos de administração globais face à cibersegurança. O estudo aponta que 90% dos administradores não executivos (NED) não têm confiança no valor do investimento feito em cibersegurança pelas suas empresas. Apenas 10% dos NED manifestaram uma forte convicção, acreditando que a sua organização alcançou o equilíbrio certo entre proteção e custo. O Inquérito aos Conselhos de Administração da Gartner de 2026 inquiriu 330 NED de empresas privadas e públicas em várias regiões, incluindo Europa e América. Para os CIO e CISO, o ceticismo dos NED representa uma oportunidade para mudar a narrativa, traduzindo a complexidade técnica em valor para o negócio. Kristin Moyer, Distinguished VP Analyst da Gartner, identifica a origem do problema: “Os conselhos de administração têm muitas vezes dificuldade em ligar os investimentos em cibersegurança a resultados reais para as empresas. Os painéis de controlo e as atualizações de conformidade podem confundir em vez de tranquilizar, deixando os administradores não executivos incertos sobre se as organizações estão realmente mais seguras”. A chave para conquistar a confiança reside na transparência e na interpretação dos factos. Os conselhos procuram insights claros sobre como ameaças específicas se traduzem em riscos reais para as suas empresas, indo além das tendências gerais de ciberataques. Os líderes de IT devem traduzir a cibersegurança em métricas de negócio, como receita, custo e impacto para os acionistas. Os NED reconhecem que os ciberriscos são parte de um conjunto mais vasto de ameaças externas, sendo que 70% dos NED identificaram a instabilidade geopolítica e os conflitos internacionais como as ameaças externas mais significativas para o valor para o acionista nos próximos 12 meses. Adicionalmente, um em cada três administradores não executivos considerou os ciberriscos, disrupção tecnológica e os desafios à inovação como as principais ameaças externas. Tina Nunno, Managing VP da Gartner, salientou que a cibersegurança e a Inteligência Artificial (IA) estão no centro das atenções dos conselhos, em parte devido às novas regulamentações e à disrupção tecnológica. Apesar de a tecnologia ser vista pelos NED como uma área de risco emergente, é simultaneamente vista como a alavanca essencial para navegar na volatilidade futura. 63% dos NED afirmaram que o investimento em tecnologia e inovação é a melhor forma de combater a atual volatilidade global. De acordo com os resultados do inquérito, a IA foi classificada como o investimento número um (57%) com expectativa de impacto positivo no valor para o acionista nos próximos dois anos, à frente dos investimentos em novos produtos (56%) e das fusões e aquisições (45%). A maioria dos conselhos (71%) está a incentivar ativamente os seus CEO e equipas executivas a demonstrarem que têm uma estratégia de IA e que se estão a adaptar com rapidez suficiente, mostrando uma grande apetência para assumir mais riscos tecnológicos neste domínio. |