Porque são as cleanrooms essenciais para uma ciberrecuperação eficaz?

As salas limpas ou cleanrooms, também conhecidas como ambientes de recuperação isolados (Isolated Recovery Environments, IRE) — são tecnologias seguras, concebidas para evitar a contaminação de dados e o acesso não autorizado ou a introdução de código malicioso.

Porque são as cleanrooms essenciais para uma ciberrecuperação eficaz?

Estes espaços seguros, independentes e isolados de software ou hardware infetado estão a tornar-se um elemento essencial para prevenir danos nos dispositivos de armazenamento e preservar a integridade dos dados recuperados após uma violação de segurança. São amplamente utilizadas por organizações que exigem um controlo rigoroso dos seus processos de proteção e recuperação de dados. Entre estas contam-se entidades governamentais e de defesa, empresas de cibersegurança e os sectores financeiro, aeroespacial e da saúde, entre outros, onde o impacto de um ciberataque pode ser especialmente prejudicial.

Na prática, as cleanrooms desempenham um papel crucial na garantia da segurança, manutenção da integridade dos dados, proteção da propriedade intelectual e cumprimento das normas regulamentares do sector. No entanto, o conceito de cleanroom vai muito além de um espaço físico seguro: trata-se de uma abordagem abrangente à cibersegurança e à recuperação, que envolve um ambiente seguro, independente e controlado. Estes ambientes funcionam de forma autónoma em relação às redes de produção e dependem igualmente de um planeamento rigoroso, processos definidos, boas práticas e testes regulares.

O verdadeiro valor da tecnologia de cleanrooms reside na capacidade de reunir, de forma coesa e eficiente, várias funcionalidades essenciais. Para compreender plenamente o papel de uma sala limpa, é importante entender primeiro os riscos que ajuda a mitigar. Os ciberataques aumentaram drasticamente nos últimos anos e representam uma ameaça séria para organizações de todos os sectores, frequentemente com consequências devastadoras — desde perdas financeiras significativas até danos duradouros na reputação. Neste contexto, as cleanrooms são aplicadas à ciberrecuperação, especialmente em situações em que ataques maliciosos exigem processos mais complexos para identificar, isolar e erradicar ameaças.

Casos de utilização diversos

A recuperação em cleanroom é normalmente aplicada em cenários em que os métodos-padrão de recuperação de dados são insuficientes. Por exemplo, se um colaborador apagar acidentalmente um ficheiro ou ocorrer uma falha de sistema — como o incidente da CrowdStrike — uma sala limpa permite uma recuperação operacional, proporcionando acesso à cópia mais recente e intacta dos dados e acelerando o tempo de restauro.

Num cenário de recuperação de desastre em que os dispositivos de armazenamento sofrem danos físicos causados por água, fogo, impacto ou defeitos de fabrico, um ambiente de cleanroom controlado garante que o processo de recuperação decorre sem risco de danos adicionais no hardware ou nos dados. De forma semelhante, quando os dispositivos são expostos a contaminantes como pó, sujidade ou partículas microscópicas — por exemplo, em ambientes industriais ou laboratoriais — pode ser necessário recorrer à recuperação em sala limpa para evitar a perda de dados e restaurar a plena funcionalidade dos sistemas.

Em situações em que os métodos convencionais de recuperação de dados não são adequados — como ataques de ransomware, fugas massivas de informação ou infeções generalizadas de malware — a recuperação em cleanroom oferece uma abordagem especializada, capaz de isolar os sistemas comprometidos, garantir a integridade dos dados recuperados e proporcionar um ambiente seguro para o restauro da produção. Além disso, permite realizar testes antes de um ataque e análises forenses seguras após o mesmo. 

Estas capacidades são especialmente relevantes para sectores industriais altamente sensíveis ou regulados, nos quais a recuperação eficaz de dados é não só uma função crítica, como também uma exigência de conformidade. Ao assegurar que a informação crítica pode ser recuperada de forma segura, as salas limpas ajudam as organizações a cumprir as suas obrigações em matéria de privacidade, segurança e integridade dos dados. Em contextos em que fugas de informação e perdas de dados sensíveis podem ter consequências legais e financeiras graves, torna-se essencial implementar controlos e protocolos rigorosos para proteger a confidencialidade e integridade dos dados recuperados.

Isto significa que a recuperação em cleanroom também contribui para o cumprimento de diretivas de cibersegurança, como a NIS2, e de regulamentações específicas de cada sector, como a HIPAA (saúde), a PCI DSS (cartões de pagamento) ou a DORA (serviços financeiros). Estas normas exigem que as organizações implementem medidas adequadas para proteger dados sensíveis, incluindo processos de recuperação seguros.

Como funciona a recuperação em cleanroom?

Perante estes desafios, as organizações recorrem à implementação de salas limpas para se protegerem contra riscos de violação e maximizar a sua capacidade de recuperação em caso de ataque. O uso de tecnologias de cleanroom para recuperação deve assentar num processo sistemático e rigoroso, num ambiente seguro e controlado.

O processo inicia-se com a identificação da natureza e da extensão da violação de dados e com o isolamento dos sistemas ou dispositivos afetados da rede de produção, evitando assim a propagação do incidente. Uma vez isolados, os dados são transferidos para o ambiente cleanroom através de canais cifrados, preservando a confidencialidade e a integridade. Dentro de uma cleanroom, os dados comprometidos são analisados detalhadamente para determinar o alcance da violação, identificar os sistemas afetados e avaliar vulnerabilidades que possam ter contribuído para o ataque. Seguidamente, são restauradas cópias de segurança limpas ou cópias não afetadas dos dados, garantindo que a informação recuperada está livre de malware ou código malicioso.

Os dados restaurados são sujeitos a verificações rigorosas de integridade e validação, assegurando a sua exatidão e fiabilidade. Isto inclui confirmar a coerência, executar verificações de checksums e comparar com cópias conhecidas como boas, de modo a confirmar a autenticidade. Para proteger o ambiente, aplicam-se ainda medidas adicionais de segurança, como a correção de vulnerabilidades e o reforço dos controlos de acesso. Após a recuperação são testadas a funcionalidade, o desempenho e a fiabilidade dos sistemas e dados restaurados. Quando o ambiente da sala limpa é considerado seguro e os dados validados, procede-se à transição controlada para o ambiente de produção, minimizando o risco de interrupções nas operações em curso.

Processos de recuperação eficazes dependem igualmente de controlos e protocolos rigorosos que garantam a integridade e segurança dos dados restaurados. Isto implica a adoção das melhores práticas do sector, o uso de tecnologias de segurança avançadas e a realização de auditorias e avaliações periódicas para assegurar a conformidade com as normas de proteção de dados.

Olhar para o futuro

As soluções de cleanroom continuarão a evoluir à medida que a inteligência artificial (IA), o machine learning (ML) e as tecnologias de cloud alarguem o seu alcance e tragam novas capacidades ao mercado. Por exemplo, a IA está já a ser utilizada para analisar padrões, identificar potenciais problemas e automatizar determinados aspetos do processo de recuperação, aumentando a eficiência e a precisão.

A capacidade de recuperar dados diretamente a partir de ambientes cloud ajudará as organizações a reduzir o tempo de inatividade e a agilizar os processos de recuperação. Além disso, contribui para a otimização de custos, uma vez que as salas limpas podem ser ativadas apenas quando necessário e desativadas após a conclusão da recuperação ou dos testes, permitindo às empresas pagar apenas pelo que utilizam.

Para as organizações que enfrentam riscos de cibersegurança e de proteção de dados cada vez mais complexos e perigosos, as cleanrooms continuarão a desempenhar um papel vital no processo de recuperação. Para além de fornecerem capacidades eficazes de proteção e restauro, acrescentam uma camada adicional de confiança, garantindo que os dados mais valiosos podem ser protegidos de forma segura — mesmo que as defesas de perímetro sejam violadas.

Para as organizações que enfrentam riscos de cibersegurança e de proteção de dados cada vez mais complexos e perigosos, as cleanrooms continuarão a desempenhar um papel vital no processo de recuperação

O verdadeiro valor da tecnologia de cleanrooms reside na capacidade de reunir, de forma coesa e eficiente, várias funcionalidades essenciais.

 

Conteúdo co-produzido pela MediaNext e pela Commvault

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