Os ataques cibernéticos não são apenas uma preocupação técnica: são fundamentalmente uma ameaça à reputação, aos processos operacionais e, em último caso, à prevalência e sustentabilidade do negócio.
Neste contexto, a liderança executiva deve assumir um papel ativo na definição de políticas de segurança, promovendo uma abordagem transversal que a trilogia que todos conhecemos – tecnologia, processos e cultura organizacional (pessoas). Falando sem rodeios, hoje deixou de ser tolerável que a proteção e resiliência dos ativos digitais — dados, sistemas e recursos digitais essenciais para o desenvolvimento do negócio e diferenciação da oferta — seja encarada como um custo operacional ou uma questão puramente técnica. A evolução das ameaças cibernéticas, cada vez mais sofisticadas, exige que as empresas deixem para trás abordagens reativas e adotem soluções avançadas, com obrigatória incorporação de sistemas de deteção, análise e resposta baseados em Inteligência Artificial (IA), que permitam identificar anomalias em tempo real e aumentar significativamente a capacidade de resposta antes que um ataque possa causar danos graves. Essencial a esta abordagem é a monitorização contínua de ambientes e sistemas, que permite detetar precocemente padrões anómalos e antecipar potenciais ameaças. A integração de soluções de SIEM (Security Information and Event Management) reforça essa capacidade ao centralizar e correlacionar eventos de múltiplas fontes, funcionando como centros de comando da segurança digital com visão integrada e em tempo real. Paralelamente, a encriptação de dados críticos — sobretudo em ambientes Cloud — e a autenticação multi-fator, indispensável num contexto em que mais de 80% das violações de dados envolvem credenciais comprometidas, devem ser práticas fundamentais. Só assim será possível construir uma estratégia de cibersegurança alinhada com os objetivos de negócio e com as normas de compliance. No entanto, a eficácia da cibersegurança depende também da maturidade dos processos internos. Sem uma gestão estruturada dos acessos, mesmo as soluções mais avançadas podem falhar. É por isso que a adoção de modelos de gestão de identidades e acessos (IAM) e de gestão de acessos privilegiados (PAM) se torna essencial: esses mecanismos, dentro de um quadro de compliance, definem, controlam e monitorizam quem acede a quê, em que circunstâncias e com que permissões. Esse controlo é crucial para as organizações sujeitas a requisitos de conformidade rigorosos ou expostas a riscos de social engineering e ameaças internas. Mas mais do que vigiar acessos, importa garantir a visibilidade e o controlo sobre tudo o que acontece nos “confins” dos sistemas críticos, o que exige uma abordagem centralizada e coordenada, capaz de consolidar a informação dispersa em múltiplos pontos do ecossistema digital. Neste contexto, ganha relevância a orquestração de segurança, combinando automação inteligente com análise contextual para permitir decisões mais rápidas e eficazes, reduzindo a dependência de intervenções manuais e minimizando o tempo de exposição a ameaças. No entanto, a eficácia da resposta só é plena quando articulada com estratégias de continuidade de negócio e recuperação. Arquiteturas Cloud resilientes, planos de Disaster Recovery testados regularmente, bem como políticas de backup e restauro automatizado, são componentes estruturais de uma organização preparada para resistir a disrupções. Como não é demais repetir – a cibersegurança não pode funcionar à margem da operação. Deve estar alinhada com os objetivos do negócio e integrar-se na gestão do risco organizacional como um pilar essencial da resiliência. As pessoas são a primeira linha de defesa contra ameaças como phishing ou ransomware. Promover boas práticas, sensibilizar as equipas e investir em formação contínua é essencial para uma cultura de segurança eficaz. A exigência regulatória, com o RGPD e a diretiva NIS 2, impõe uma abordagem by design à proteção de dados, assente em rastreabilidade, relatórios de impacto e governance robusta. Tecnologia, processos, pessoas e conformidade são os pilares que garantem a proteção dos elementos críticos das organizações, assegurando a sua sustentabilidade num ambiente digital cada vez mais exposto a riscos. É fundamental que as lideranças adotem esta perspetiva integrada, promovendo uma cultura robusta que permita enfrentar de forma eficaz as ameaças em constante evolução.
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