Habituámo-nos a pensar na inteligência artificial como um conjunto de abstrações incorpóreas: tokens, prompts, interfaces de chat. Dois mil e vinte e seis será o ano em que tal perspetiva pode mudar radicalmente
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A convergência entre robótica e IA generativa está a acelerar de forma que poucos anteciparam. Não se trata apenas da banalização de robôs industriais mais eficientes ou de assistentes virtuais com melhor compreensão contextual. Estamos perante a emergência de sistemas que pensam e agem no mundo físico, com autonomia crescente e capacidade de improvisação. Os humanoides da Unitree e da Fourier Intelligence já demonstram manipulação de objetos através de instruções em linguagem natural, aprendendo tarefas domésticas complexas por observação. A Figure integra modelos de linguagem diretamente no controlo motor. A Boston Dynamics abandonou a coreografia pré-programada. A DeepRobotics apresentou robôs quadrúpedes que navegam terrenos irregulares com planeamento autónomo em tempo real. O que antes exigia anos de engenharia acontece agora em iterações quotidianas. Vamos espantar-nos. Não espaçadamente, mas a cada dia. A velocidade de progressão nesta intersecção não é linear — cada avanço em compreensão multimodal, em planeamento sob incerteza, em aprendizagem por imitação, multiplica as capacidades de todos os sistemas em simultâneo. As implicações extravasam a automatização industrial. Falamos de cuidados de saúde, logística urbana, resposta a emergências — domínios onde a presença física inteligente redefine o possível. E, inevitavelmente, de questões éticas e laborais que exigirão respostas rápidas a transformações que nos habituámos a considerar distantes. |