De que forma é que as instituições de crédito podem utilizar os ecossistemas para impulsionar o crescimento sustentável

De que forma é que as instituições de crédito podem utilizar os ecossistemas para impulsionar o crescimento sustentável

A transformação digital da banca continua a definir os produtos e serviços bancários através de plataformas digitais. As grandes empresas de tecnologia de produtos de consumo, como a Amazon, que oferecem experiências fáceis e sem atritos, estão a definir as expectativas dos clientes. Ou seja, os clientes esperam ter essas mesmas experiências quando interagem, por exemplo, com o seu banco

Num mundo como o atual, em que o imediatismo prevalece perante a necessidade de realizar uma determinada transação ou atividade, os clientes ficam insatisfeitos e consideram uma perda de tempo terem de mudar de uma aplicação para outra . Por exemplo, se uma empresa muda de localização, o que faria sentido é que pudesse fazer toda a gestão dessa alteração — com a agência imobiliária, com o fornecedor de energia, com o fornecedor de comunicações, etc. — através de uma plataforma única.  Ou, face à necessidade de adquirir veículos de frota, um processo que muitas vezes envolve, entre outros detalhes, a organização simultânea de financiamentos e seguros, poder aceder e gerir os serviços necessários a partir de um único local significaria uma experiência muito mais satisfatória para o cliente.

Há o consenso de que o modelo de plataforma é uma disrupção necessária para que os bancos permaneçam relevantes para os seus clientes e evitem que estes mudem para a concorrência.  As faturações de Block, Stripe ou PayPal, que oferecem estas soluções, indicam que existe uma quota de mercado substancial que está a migrar do setor bancário para estas empresas tecnológicas.

Crescimento e dados do consumidor

As empresas baseadas em plataformas, como a Alibaba e o Facebook, cresceram rapidamente nas últimas duas décadas devido, em grande parte, a um modelo de negócio que permite a interação direta com os seus utilizadores. Essas grandes empresas de tecnologia também acumularam grandes quantidades de dados de consumidores, permitindo-lhes oferecer serviços com base na atividade na sua plataforma. Isso, por sua vez, gera mais atividade do utilizador, o que produz ainda mais dados.

Através do uso de tecnologias como inteligência artificial e análise de big data, as grandes empresas de tecnologia também podem mapear a capacidade de risco dos seus clientes e fornecer serviços financeiros em linha com os seus perfis, o que, por sua vez, ajuda a minimizar as faltas de pagamento.

Note-se que, embora os bancos tenham feito progressos consideráveis na criação de aplicações que influenciam a experiência do cliente, ainda há um longo caminho a percorrer. É necessária uma grande mudança de mentalidade, uma vez que se trata de propostas construídas em torno de ecossistemas e que estão muito longe da abordagem convencional de venda de produtos ou serviços bancários tradicionais.

A chave é projetar caminhos digitais, mapear as jornadas dos clientes do início ao fim e desenvolvê-las em plataformas integradas. Não será a banca como a conhecemos, mas os benefícios são cada vez mais evidentes para todos os envolvidos no ecossistema.

Criar um negócio sustentável

Cabe-nos então perguntar, de que forma é que o modelo de plataforma com base em ecossistemas pode ajudar as empresas a melhorar a sua sustentabilidade? É verdade que a mudança para um negócio neutro em carbono e a crescente necessidade de definir e cumprir metas de desempenho ambiental, social e de governança (ESG) podem ser difíceis para muitas grandes empresas, mas para as pequenas e médias empresas, as chamadas PMEs, a tarefa pode parecer especialmente assustadora.

Os ambiciosos objetivos climáticos estabelecidos no Acordo de Paris não podem ser alcançados sem a transição verde para as PMEs. Para ajudar a garantir que as PMEs podem apoiar a sua evolução ecológica há que envolver muitos intervenientes, prestadores financeiros, reguladores e agências de rating. A magnitude da tarefa pode parecer avassaladora.

Por sua vez, esta é uma enorme oportunidade para os bancos criarem plataformas especialmente concebidas para resolver estas questões. Assim, um banco poderia reunir os serviços de que as PMEs necessitam para atingir os seus objetivos ambientais, criando um ecossistema que reúna um conjunto de organizações relevantes, incluindo financiadores públicos e privados especializados.

Produtos e serviços específicos

De qualquer forma, não é apenas uma questão de dinheiro. As PME podem também procurar ativos verdes, como painéis solares, bombas de calor e veículos com baixas emissões, o que exigirá o acesso a fornecedores com produtos e serviços sustentáveis. Serão também necessários especialistas em dados terceirizados, já que muitas PMEs não estão preparadas para analisar o seu próprio desempenho ESG.  Estes especialistas deverão também ser integrados no ecossistema, para que estejam todos acessíveis a partir de uma única interface.  

O mais importante é que as instituições bancárias que se comprometam com a sustentabilidade consigam ter sucesso a longo prazo e que esta seja outra forma de mostrar que, ao mesmo tempo que geram valor, levam também a responsabilidade a sério. Dito de outra forma, colocar negócios verdes numa plataforma faz muito sentido.

Prosperar num mundo em constante mudança

Pode parecer um cliché dizer que o cenário bancário está a passar por uma profunda transformação impulsionada por tecnologias digitais emergentes, mudanças nas preferências dos clientes e novas pressões competitivas, mas não deixa de ser verdade. 

Para competir e prosperar nesta fronteira digital, as instituições bancárias devem desenvolver as suas próprias estratégias de ecossistema, que as ajudem a criar valor e a impulsionar o crescimento, proporcionando experiências hiperrelevantes em serviços bancários e não bancários. Os mercados emergentes, como a sustentabilidade, estão a abrir a porta a novas oportunidades de negócio.

O mundo caminha para um lugar onde a banca continua a ser necessária, mas os bancos poderão não estar preparados. O desenvolvimento de plataformas é a resposta óbvia e, por isso, os bancos têm de começar a criar os seus próprios ecossistemas que lhes permitam alcançá-lo, de forma eficiente, eficaz, sem descontinuidades... e também de forma sustentável.

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