Web Summit 2025: “A inteligência artificial é uma oportunidade geracional”

Cristiano Amon, Presidente e CEO da Qualcomm, apresentou o conceito de Ecossystem of You, uma visão onde os agentes de IA vão assumir uma posição central, contribuindo para a ideia de dispositivos pessoais de IA

Web Summit 2025: “A inteligência artificial é uma oportunidade geracional”

Cristiano Amon foi um dos principais nomes em destaque no primeiro dia completo de Web Summit. O Presidente e CEO da Qualcomm subiu ao palco principal da cimeira de tecnologia, que decorre entre os dias 10 e 13 de novembro, nos espaços da Feira Internacional de Lisboa e MEO Arena, em Lisboa.

Com o tema “The Ecosystem of You”, Cristiano Amon apresentou uma visão onde os agentes de Inteligência Artificial (IA) vão estar no centro da ação.

O Presidente e CEO da empresa de tecnologia norte-americana, que se encontra a celebrar os seus 40 anos, afirmou que quando pensamos no futuro da tecnologia, “a Inteligência Artificial é uma oportunidade geracional”, que traz uma onda de grandes mudanças.

Neste sentido, Cristiano Amon sublinhou que a IA está já a mudar a computação, a forma como interagimos com os computadores e as nossas próprias interações digitais.

Mas esta mudança estende-se para além da utilização da IA; tem como missão tornar os dispositivos cada vez mais inteligentes. E foi com base nesta ideia que o CEO relembrou que a IA está presente em todo o lado – do data center ao edge –, sendo este último o ponto de conexão e interação entre IA e seres humanos.

Futuro da IA: uma piscadela de olho à mobilidade

Com base nesta ideia, Cristiano Amon apresentou seis tendências que vão liderar o futuro da IA.

A primeira coloca a IA como uma nova interface dos utilizadores ao nível da computação. Depois do primeiro computador ter sido projetado com base na interface humana, incluindo a arquitetura, o sistema operacional e as aplicações, a jornada foi marcada por uma mudança de retórica que passou dos programas para as aplicações.

“Existem muitas vezes debates que não fazem sentido sobre onde vai estar a IA: na cloud, nos dispositivos ou noutro local. Mas esta questão nunca deveria ser alvo de debate. Basta pensarmos no nosso telemóvel: é o dispositivo mais conectado à cloud no mundo. Se o colocarmos em modo voo, vamos considerá-lo inútil. Mas continua a ocorrer muita computação no telemóvel e na cloud. A interface humana é o que o humano é. Então, o que temos enquanto humanos é o que teremos no UI (user interface), é aí que a IA se vai focar. Acho que esta é uma grande mudança”, garantiu.

Este é, igualmente, o ponto de viragem para os dispositivos móveis como os telemóveis. O conceito de aplicações, tão familiar para os utilizadores, vai sofrer alterações, assim como o seu centro de gravidade: o agente de IA passará a assumir um lugar central, compreendendo as intenções humanas e agindo de acordo com as mesmas.

O futuro do mobile passa, assim, por transferir o centro da experiência digital dos utilizadores para o agente. “A partir daqui todo o dispositivo passa a conectar-se com o agente, proporcionando ao utilizador a sua própria experiência de computação móvel”, observou Cristiano Amon.

Esta visão inclui também dispositivos wearables que vão viver igualmente de agentes de IA para aperfeiçoar a experiência dos utilizadores, transformando-se naquilo que o líder classifica como “dispositivos pessoais de IA”.

“Quando o smartphone surgiu era um computador que nos cabia na palma da mão. Muitas pessoas disseram na altura que era o fim do laptop e que as pessoas nunca mais necessitariam dele. Mas isto não é verdade: vocês ainda têm o vosso laptop, ainda o utilizam. No entanto, é verdade que alguns dos fluxos de trabalho mudaram. O mundo costumava fazer negócios e e-commerce através do laptop, mas hoje já não o faz. A maioria dos negócios a nível global acontece no telemóvel. E é aqui que começamos a ver o fluxo de trabalho a mudar. E isso é que vai acontecer com a IA: ainda teremos o nosso telemóvel, vai continuar a fazer ‘coisas que os telemóveis fazem’, mas vão surgir outros dispositivos que, de repente, tornar-se-ão também inteligentes, como os óculos, os earbuds ou os relógios”.

A combinação entre o novo e o antigo

Outra das grandes tendências acontece na arquitetura computacional, com o agente a percecionar o contexto onde o humano se insere, compreendendo tudo o que dizemos, ouvimos ou vemos.
“O que vamos ter é uma arquitetura que coexiste entre o novo e o antigo. Um telemóvel que tenha um propósito duplo; um telemóvel que continue a fazer ‘coisas de telemóvel’, que tenha as aplicações e todas as apps legacy, mas que vai contar agora com esta capacidade de computação incrível”, acrescentou.

Outra das tendências mostra que os modelos vão tornar-se cada vez mais híbridos. Com o ímpeto da IA, e à semelhança do que acontece com a computação, os modelos estão hoje mais distribuídos. Neste ponto, os dispositivos edge tornam-se “extraordinariamente importantes”. “Hoje, os modelos são treinados com a informação disponibilizada na internet. No entanto, neste futuro projetado em que o modelo está constantemente presente, a ouvir o que dizemos, o que vemos, a quantidade de dados será muito elevada”. Aqui, sublinhou o CEO, e graças à integração do modelo como parte da interface dos utilizadores de computador, o grande beneficiário serão os dispositivos edge.

E é a partir daqui que surge mais uma das tendências: a evolução da conetividade, em particular o 6G, desenhado para a IA e que serve de contexto para os agentes de IA interagirem com os humanos.

Na reta final da sua apresentação, Cristiano Amon enaltece a oportunidade que os dispositivos de IA pessoal oferecem, numa jornada que está já em marcha: “Vemos uma oportunidade de dez mil milhões. É uma escala maior do que aquela que vimos com os telemóveis”.

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