Península Ibérica marca rota da Internet do futuro

Em cinco anos, a região ibérica aumentou a capacidade de banda larga em 25%, com a implementação de novos cabos submarinos, data centers, pontos de intercâmbio e regiões cloud

Península Ibérica marca rota da Internet do futuro

Um novo estudo solicitado pela DE-CIX, EllaLink e Interxion à TeleGeography – The Interconnection Map of Southern Europe -, analisa o impacto da expansão de data centers e a crescente presença de fornecedores cloud. Em causa está ainda a importância dos novos cabos submarinos e pontos de intercâmbio para a transformação da Península Ibérica num ecossistema estratégico de interligação, que nos últimos cinco anos aumentou a capacidade de banda larga em 25%.

“A Península Ibérica está pronta para responder à crescente procura de interligação e tornar-se um hub essencial para o tráfego de dados proveniente da América, África, Médio Oriente e Ásia” confere Ivo Ivanov, CEO de DE-CIX International. Nos últimos anos, a Europa do sul tem investido de forma significativa nos data centers, que albergam e protegem as ligações à Internet globalmente. Segundo a TeleGeography, o número de data centers nas principais áreas metropolitanas no sul da Europa cresceu 19% desde 2016, ultrapassando os 56 até 2020. Madrid é uma região-chave deste crescimento, com um nível de atividade muito elevado, acumulando 25% deste tipo de infraestruturas em relação a todas as cidades em análise, e 98 mil metros quadrados de espaço de colocação em data centers em 2020.

Com o crescimento da conetividade, a necessidade de desenvolver um internet direcionada para o humano é cada vez maior e os utilizadores dão prioridade a fiabilidade, velocidade e interligação. Como tal, é premente melhorar as infraestruturas da internet, nomeadamente a redução da latência da rede, que vai permitir aproximar as aplicações e os conteúdos digitais dos utilizadores. A Península Ibérica enfrenta todos os desafios da Internet do futuro, com um elevado potencial de crescimento, pelo que é um dos principais pontos de passagem do tráfego de dados que conecta a Europa, Américas, África, o Médio Oriente e a Ásia. 

“A crescente sofisticação dos conteúdos e aplicações digitais exige uma infraestrutura de interligação tão próxima quanto possível dos utilizadores finais. Isto assegura a menor latência possível, que se tornou a moeda de troca da era digital, e proporciona uma melhor experiência para pessoas e empresas”, explica Ivanov, e acrescenta que “com as nossas novas localizações vamos aumentar a presença de pontos de troca de Internet no Sul da Europa e oferecer novos serviços, bem como a melhor interligação possível”.

Madrid é um ponto de grande importância para o mercado da Internet porque reúne pontos de intercâmbio, data centers, regiões cloud e ligações essenciais com os principais cabos submarinos da região ibérica, através de Bilbao e Lisboa. Raquel Figueruelo, Diretora de Marketing da Interxion, confirma que "Madrid está a atrair cada vez mais investimentos consideráveis para a implementação de data centers" e "devido à sua localização geográfica, capacidade e conetividade com o resto do continente, são cada vez mais os players do mercado a apostar em Madrid para localizar os seus data centers e serviços cloud. Este é o caso da Interxion que já está a trabalhar para abrir o seu quarto data center na capital espanhola, uma infraestrutura que terá 15 mil metros quadrados e uma potência de 30 MW".

Desde 2016, a largura de banda no sul da Europa registou um crescimento anual de 30%, multiplicando a sua capacidade por quase 2,75 neste período, e atingindo os 150 Tbps de capacidade entre todos os territórios. Barcelona alcançou um dos maiores crescimentos, aumentando a largura de banda em 35% e atingindo agora os 5 Tbps. Madrid, por sua vez, cresceu 18%, com quase 15 Tbps. 

As Internet Exchanges são o tecido base dos ecossistemas de interconexão e servem como pilares essenciais para a construção da própria Internet. À medida que a procura por uma maior conetividade entre as redes aumenta, é necessário estar em novas localizações e o mesmo acontece com a procura de pontos de peering distribuídos. Segundo dados da TeleGeography, o peering na Europa tem mudado drasticamente nos últimos cinco anos e o número de trocas locais aumentou 47% desde 2016 no Sul da Europa.

O DE-CIX Madrid, o maior centro de interconexão neutro da Península Ibérica em número de redes, tornou-se desde a sua inauguração, há cinco anos, uma das rampas de lançamento deste crescimento na zona sul da Europa, que vai ser ainda mais expressivo com a abertura do próximo ponto de intercâmbio em Barcelona. O DE-CIX conta que as redes locais espanholas representam mais de 60% das ligações de Madrid, mas a cidade deixou de ter exclusivamente tráfego europeu desde 2016 e aumentou as conexões com o norte de África, os EUA e o Canadá.

O estudo da Telegrography relata que tem havido um aumento da procura de ecossistemas de rede baseados na cloud. Em 2016 ainda não havia um grande fornecedor de cloud no sul europeu, mas até 2020 já existiam dois. Espera-se que nos próximos dois anos sejam oito fornecedores, dos quais quatro já estão sediados na área metropolitana de Madrid. A cidade de Barcelona vai ter um novo ponto de intercâmbio de dados da DE-CIX, com a presença de três grandes fornecedores de data centers.

Mas para alimentar os data centers e os pontod de Internet Exchanges é preciso falar nos cabos submarinos. Atualmente, o sul da Europa conta com ligações através de 45 cabos submarinos, 10 dos quais ligados a Espanha e nove a Portugal, número que pode vir a aumentar com os seis cabos em vias de serem implementados, dos quais metade vão chegar à Península Ibérica, nomeadamente o Grace Hopper para Bilbau, o 2Africa para Barcelona e Lisboa, e o Equiano para Lisboa. 

É de destacar o cabo da EllaLink, uma das mais recentes implementações de cabos submarinos, que vai permitir ligar a América Latina à Europa, o primeiro cabo a ligar diretamente ambos os continentes. Diego Matas, COO da EllaLink observa que “a construção de cabos submarinos é uma das prioridades para melhorar a interligação em longas distâncias, especialmente para ligar territórios através do oceano” e com o seu ponto de acesso à península localizado em Lisboa, a EllaLink permitirá também, através de Madrid, reforçar as ligações transatlânticas de Espanha, que por sua vez tem ligações em Bilbao com o MAREA e o Grace Hopper, o cabo submarino anunciado pelo Google no ano passado. 

"Com a implementação em curso da EllaLink seremos capazes de reduzir drasticamente a latência entre a América Latina e a Europa, encurtando mais do que nunca a distância entre ambos os continentes. Sabemos que as aplicações são muito sensíveis à latência e dependentes desta, as novas latências irão alterar, sem dúvida, a entrega de TI das empresas entre os continentes", completa o COO. Os projetos reforçam as rotas já existentes na Península Ibérica, enquanto abrem novas rotas e oportunidades para estabelecer uma interconexão cada vez mais diversificada e de baixa latência. 

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