“Temos um grande objetivo: transformar a realidade das operações”

João Rodrigues, Country Manager da Schneider Electric em Portugal, fez o balanço do ano de 2018 e perspetivou o que aí vem em 2019. Em conversa com a IT Insight, abordou, ainda, as principais tendências, como edge computing, e a IoT

“Temos um grande objetivo: transformar a realidade das operações”

IT Insight – Para a Schneider Electric, como é que foi o ano de 2018, tanto a nível global, como a nível local?

João Rodrigues – Podemos dizer que 2018 nos vai trazer crescimento com o qual estamos satisfeitos. Diria que vamos conseguir alcançar os nossos objetivos na maioria das áreas de negócios e isso traz-nos uma grande satisfação.

No nosso entender, conseguimos interpretar as tendências. Falamos muito de tendências globais, mas também de tendências locais; aqui, posso dizer que as tendências locais que observámos e que continuamos a confirmar são turismo, renovação urbana, renovação e modernização do tecido industrial – procurando ser mais competitivo, procurando ter mais capacidade de produção, exportar mais – e são claramente estas as tendências que nós observámos há algum tempo e que se confirmam. 2018 aponta claramente para termos um resultado muito positivo. Sentimos que é uma característica do mercado, não é uma bolha de oxigénio.

 

Em termos de mercado, estamos a falar de uma renovação tecnológica ou é mais do que isso, há uma transformação da natureza das empresas e da forma como trabalham?

Falou da transformação tecnológica e transformação digital. No meio desta expressão que utilizamos da transformação digital costumamos dizer que a “transformação” é o mais importante da expressão “transformação digital”. Costumamos dizer que o digital é a tecnologia que nos possibilita, enquanto a transformação altera estruturalmente as empresas.

No campo das indústrias, observamos que o que está em curso não é apenas uma adaptação necessária com cinco anos de atraso. É a tentativa de avançar mais no tempo, de ganhar competitividade e sustentabilidade. É aí que nos tentamos posicionar nas parcerias que tentamos estabelecer com os nossos clientes e com os nossos parceiros de negócios, que para nós são fundamentais.

É uma relação duradoura, uma relação que veio para ficar, e humildemente dizemos que a nossa vontade é ajudar os clientes a serem mais competitivos. A renovação urbana: claro que é muito alavancado pelo turismo, mas não só. Hoje já não procuramos

só a construção de algo para resolver os problemas de hoje. Falamos sobre os desafios que vamos enfrentar no futuro, mas estamos a construir a realidade já hoje.

 

Falando da Indústria 4.0, como é que a Schneider Electric está a endereçar esta área, esta tendência?

Podemos falar de Indústria 4.0 quando falamos para as indústrias, mas hoje falamos do digital em sentido genérico. Para as indústrias é evidente que temos de ter um discurso específico, ter uma proposta de valor, mas para nós a proposta de valor não é apenas a nossa oferta, é pensar no cliente e o que o cliente precisa de nós.

Para cada um dos segmentos, procuramos ter uma proposta de valor assente nas necessidades do cliente. Para um fabricante de máquinas se calhar pensamos mais na necessidade da sensorização e monitorização e muitas vezes até vender um serviço de utilização da máquina e menos o equipamento per si. Para nós, a Indústria 4.0, o digital, é isto. Temos um grande objetivo: transformar a realidade das operações.

 

O cliente hoje procura um dispositivo inteligente que seja mais do que uma solução para um problema concreto?

Acho que todos estamos num processo evolutivo. Claramente, hoje, quando mostramos o que é a nossa proposta de valor e aquilo que convictamente pensamos ser capaz de ajudar o nosso cliente, o cliente interessa-se pela nossa apresentação, por aquilo que nos propomos a realizar.

Há muita gente interessada em perceber o que é que estas novas tecnologias trazem de oportunidades e não pensamos apenas nas grandes empresas que já traçaram o seu caminho digital, mas estamos a falar também de muitas outras pequenas e médias empresas. O mundo das startups hoje é uma realidade que de forma nenhuma é descurável; é um mundo muito interessante porque, provavelmente, vêm daí novas funcionalidades que, somadas às nossas atuais ofertas, nos permitem criar um verdadeiro ecossistema para endereçar os problemas comuns.

Hoje observamos as pessoas e o topo das organizações muito preocupadas com estas novas realidades e interessadas em explorar o caminho.

Daí também dizermos que os nossos clientes são os nossos parceiros de negócio. Desejamos que os nossos clientes nos entendam como o parceiro de confiança. Com este diálogo construtivo e continuado, o cliente não está apenas numa operação para conseguir ter sucesso na venda; está para ter sucesso na venda, na manutenção, na otimização do recurso em permanência, trazer novos sistemas, novas ofertas e o que aí vem.

 

Como é que a Schneider Electric vê o mercado de IoT e o setor de Smart Buildings em Portugal?

Vemos com muito interesse. Quando mostramos aquilo que é hoje o estado da arte e as nossas competências, temos clientes muito interessados em escutar ainda mais, a desafiarem-nos. Muitos dos nossos sucessos recentes foram conseguidos por desafios conjuntos, com os nossos clientes e parceiros e com o ecossistema.

Lançamos continuadamente ofertas novas, seja na base do produto, pensando nos edifícios inteligentes e pensando, por exemplo, nos disjuntores de altos calibres de baixa tensão, que lançámos e remodelámos a gama este ano. Sempre equipamentos conectáveis, equipamentos carregados de eletrónica, carregados de comunicação.

 

O mercado português tem evoluído favoravelmente? O aumento da procura tem sido gradual?

É uma evolução continuada, confirmada, e muitas vezes o mercado português é pioneiro. Um exemplo: hoje temos um equipamento que chamamos de unidade de telecomando para rede pública de média tensão e Portugal foi o primeiro de dois países a nível mundial a ter acesso para a venda daquele equipamento.

Posso dizer que sim, que vejo como um mercado dinâmico, ativo e que responde às novas necessidades. O mercado português é o suprassumo? Não generalizaria.

Estamos no pelotão. O mercado em geral evoluiu, as indústrias evoluíram, os clientes evoluíram. Nuns setores se calhar vamos mais adiantados, noutros mais atrasados.

 

Uma das tendências para o próximo ano é o edge computing. Qual será o investimento nesta tendência?

Para nós, o edge computing não é novo. Em 2016, já estávamos a apresentar as primeiras soluções de edge computing, falamos de micro data center. É uma tendência que sentimos que veio para ficar.

Hoje com a massificação dos dados, com a capacidade e a necessidade de produção de conhecimento em tempo real junto da fonte que gera aqueles dados, é absolutamente fundamental a solução do edge computing. O edge computing não veio para substituir a cloud, da mesma forma que a cloud não veio para dar resposta à necessidade de computação local.

O edge computing é uma ferramenta para uma solução completa das necessidades do IT das infraestruturas e das empresas. Quando há necessidade local, ela deve existir através do edge. A cloud deve continuar a existir dando resposta às respetivas necessidades. Portanto, sistemas híbridos que respondam mais e melhor às necessidades dos utilizadores são para nós a solução.

 

Quais são as previsões para 2019?

Continuar o crescimento em todas as nossas áreas de negócio. Continuar a ver o mercado nacional como um mercado ativo, interessante e sob o qual continuamos a apostar. O crescimento do negócio não acontece por desejo. Acontece porque apostamos muito em pessoas e na sua valorização, na integração de novos talentos, de novas gerações e fazer coexistir todas estas gerações diferentes.

Claramente, parece descritivo e uma resposta standardizada de desenvolver o negócio, as pessoas e os clientes. Mas é assim que fazemos. Para cada uma pomos um plano de trabalho, para cada uma colocamos uma ambição, um conjunto de ações, um conjunto de vontades de fazer. Como é que o executamos: comunicando ao mercado. Em breve vamos comunicar, também, que vamos preparar o maior evento alguma vez organizado no mercado ibérico pela Schneider onde vamos apresentar toda a modernidade das nossas soluções, parceiros e das nossas intenções, ouvindo os nossos clientes, parceiros e experiências.

Acreditamos que 2019 nos vai trazer oportunidades de negócio e não vamos ficar à espera delas, vamos trabalho muito para sermos bem-sucedidos.

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