Young Global Leaders acreditam em futuro do trabalho mais flexível e empático

O World Economic Forum compilou os insights de alguns jovens líderes sobre o mundo do trabalho pós-pandémico, que referem que será orientado para as pessoas

Young Global Leaders acreditam em futuro do trabalho mais flexível e empático

É já uma verdade globalmente aceite que a pandemia da COVID-19 veio mudar drasticamente os moldes da nossa sociedade. Entre várias disrupções, a ideia tradicional de local de trabalho transformou-se e mudou de espaços físicos para espaços remotos, móveis e flexíveis, sem perda de produtividade. Contudo, as mudanças exigem um maior investimento por parte das organizações, afirma o World Economic Forum (WEF).

É de notar que, no seguimento da virtualização dos espaços de trabalho, foram muitos os colaboradores que viram a sua saúde mental e física vitimizada, de linhas cada vez mais ténues entre vida pessoal e laboral e um excesso de horas à frente dos seus dispositivos. Num relatório recente, citado pelo WEF, quase 90% dos colaboradores inquiridos reportaram burnout e o número reflete-se nas crescentes demissões. Um outro estudo mostra que a causa subjacente ao esgotamento não é individual, mas sistémica e está enraizada na cultura e local de trabalho. A incerteza dos últimos dois anos deverá continuar no futuro próximo e, segundo o WEF, exige mais agilidade, humanidade e clareza. 

O World Economic Forum olhou para a comunidade de Young Global Leaders, que deram os seus insights perante o mundo do trabalho, sugerindo práticas para apoiar ambientes de trabalho mais inclusivos e sustentáveis no futuro. Num primeiro plano, destacam a importância de ver os colaboradores como stakeholders. Nili Gilbert, Presidente do Comité de Investimento do Fundo David Rockefeller afirma que “os líderes devem ver os trabalhadores não apenas como um meio, mas como parceiros e partes interessadas no futuro das nossas instituições e da nossa sociedade em geral”. 

Por outro lado, políticas de trabalho flexíveis deverão ser o padrão, explica Imani Duncan, Fundadora da Imani, Grace & Love Foundation, segundo a qual o impacto da pandemia “foi particularmente perturbador para as mulheres”. Porque muitas sociedades “ainda veem as mulheres como cuidadoras primárias”, quando as escolas fecharam “o mundo das mulheres trabalhadoras enlouqueceu. As políticas de trabalho flexíveis têm de ser um pilar, uma vez que beneficiam as mulheres e os homens, independentemente de quem é o cuidador principal, permitindo aos gestores gerir os resultados e não as horas cronometradas; saúde mental e apoio ao bem-estar são uma obrigação. Um maior nível de empatia para os membros da equipa e para si mesmos como líderes, bem como a criatividade na criação de respostas e planeamento proativo para o futuro é mais necessário do que nunca hoje”.

O novo mundo do trabalho pede, ainda, uma comunicação aberta e clara, acredita Alejandro Brenes, Cofundador e Diretor Executivo da Enertiva, que diz que um dos “aspetos-chave” para a adaptação ao mundo pós-pandémico “é ter uma comunicação e feedback eficazes e constantes com todas as partes interessadas. Estamos em território desconhecido onde é necessário tomar decisões complexas com menos informação num prazo mais curto. Neste ambiente, os erros serão mais comuns, por isso a única forma de ter sucesso e adaptar-se é através da iteração. É necessário investir e inovar em canais de comunicação adequados e eficientes com funcionários, clientes, acionistas, sociedade civil, governo e outras partes interessadas”, conclui.

Adicionalmente, Rodrigo Tavares, Fundador e Presidente do Grupo Granito urge para a importância de valorizar o processo e não apenas o resultado. “Com o tempo, o resultado final ganhou substancialmente mais importância do que os próprios esforços” e o “trabalho tornou-se orientado para a produção, para a concretização e para o produto”. Mas, “a maioria dos trabalhadores trabalha para obter uma compensação financeira, um impacto social positivo ou ambiental, ou um sentido emocional de realização pessoal ou realização social” e “o trabalho tornou-se num meio e não um fim”. Rodrigo Tavares conclui que, “no futuro, ser líder talvez não seja tanto sobre alvos e concretizações, mas sobre ter a coragem de nos reconectarmos com as nossas forças interiores, valores e ritmos”.

Já Farzana Yaqoob, Diretora Executiva do Mantaq Center for Research, afirma que se deve abraçar a mudança para prosperar. “A COVID-19 levou a uma rápida mudança de estilos de vida, o que foi muito desafiante para todos. Mas este desafio tornou-se uma oportunidade para mudar hábitos e aprender novas habilidades para sobreviver. A relação entre empregador e empregado também evoluiu. O futuro é acolher líderes que estão a capitalizar a empatia e a confiança para transformar os locais de trabalho”, acredita.

Juliana Chan, Diretora Executiva do Wildtype Media Group, afirma que “18 meses depois [da pandemia começar], a necessidade de flexibilidade tanto no tempo como no espaço vai permanecer. O trabalho remoto vai apoiar a retenção de talento e a contratação a nível regional reforçar os planos de crescimento. Surgirão novas prioridades, como o ajuste cultural e o apoio à saúde mental, e os líderes terão de transitar de operacionais para inspiradores – motivando as suas equipas em termos de missão e propósito, para além das recompensas e promoções financeiras”.

Adicionalmente, Nino Zambakhidze, Presidente da Associação de Agricultores da Geórgia, acredita que “a crise revela um verdadeiro líder – aquele que é flexível para se adaptar às circunstâncias em mudança. A pandemia COVID-19 revelou-se um desafio de magnitude inimaginável e, embora o meu trabalho se centre na indústria da agricultura, tive a necessidade de tomar medidas. Consequentemente, juntamente com os meus amigos, estabeleci uma plataforma chamada COVIDER que fornece informações sobre o vírus e dicas e recomendações para o tratamento através da inteligência artificial. A partir de hoje, 130 mil doentes que eram utilizadores da plataforma conseguiram tratar o vírus enquanto estavam isolados em casa, evitando a necessidade de internamento”, conclui. 

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