Caminhamos a passos largos para 2026 e o setor tecnológico enfrenta uma combinação rara de maturidade e turbulência. As empresas já interiorizaram que a transformação digital deixou de ser um projeto. É agora um estado permanente. Ainda assim, a velocidade da mudança tecnológica continua a desafiar a capacidade das organizações para se adaptarem com segurança e eficácia
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Em tempos incertos, o que se exige das empresas de TI é clareza, continuidade e capacidade de antecipar riscos. Estes são os princípios que continuarão a orientar-nos em 2026, internamente e nos contactos com parceiros. 1. Inteligência Artificial: da disrupção para a operacionalização2026 será o ano em que a Inteligência Artificial (IA) deixará definitivamente de ser apenas um fator de inovação e passará a ser um pilar operacional das empresas. Os modelos de IA estarão cada vez mais integrados nos processos de negócio, automatizando operações e apoiando decisões estratégicas. O grande desafio das empresas não será apenas adotar a IA, mas garantir governação, segurança e ética no seu uso, evitando a fragmentação entre ferramentas e assegurando que existe capacidade interna para avaliar e controlar o risco. O problema já não é “ter IA”, mas sim manter o controlo sobre ela. 2. Cibersegurança em modo permanenteA complexidade do panorama de ameaças continuará a intensificar-se em 2026. O número, a sofisticação e a rapidez dos ataques obrigam a uma abordagem contínua e preventiva. A maturidade exigida pela diretiva NIS2 já levou muitas organizações a repensar processos. A monitorização constante, as equipas especializadas, os serviços avançados de SOC (Security Operations Centre) e a capacidade de deteção e resposta a incidentes serão, cada vez mais, um requisito básico para qualquer organização. O desafio estará em abandonar modelos reativos e construir estratégias verdadeiramente preventivas, garantindo continuidade operacional, mesmo em cenários adversos, e conseguindo ao mesmo tempo responder à escassez de talento especializado. Esta será sempre uma prioridade, reforçada pelos valores de proximidade e confiança que cultivamos com os nossos clientes. 3. Cloud híbrida e automação inteligenteA incerteza económica prevista para 2026 fará com que as empresas privilegiem arquiteturas flexíveis. A cloud híbrida continuará a afirmar-se como a abordagem dominante, permitindo equilibrar eficiência, segurança e otimização de custos. No entanto, esta evolução traz consigo desafios significativos, como a escolha dos modelos de cloud adequados, a garantia de interoperabilidade entre plataformas, o controlo rigoroso dos custos e a automatização inteligente dos processos, sem criar dependências excessivas de fornecedores. Em 2026, destacar-se-á não quem investe mais, mas quem opera melhor. 4. Infraestruturas resilientes: continuidade como vantagem competitivaNum contexto em que a volatilidade tecnológica e regulatória é constante, as empresas estão a reconhecer a resiliência técnica como um fator estratégico. A competitividade dependerá cada vez mais da capacidade de manter as operações a funcionar sem interrupções, independentemente do que possa acontecer. Os desafios passam por implementar redundância real, garantir a maturidade dos processos de resposta a incidentes, manter os sistemas atualizados e, sobretudo, assegurar que a infraestrutura suporta o crescimento do negócio sem comprometer a estabilidade. Como tenho defendido, a confiança nasce da capacidade de acompanhar os clientes ao longo do tempo, com soluções sólidas, consistentes e adaptadas às suas necessidades. 5. Talento e formação: a pressão silenciosaO ritmo da inovação é cada vez maior, mas a formação de talento qualificado não acompanha esta velocidade. Em 2026, este continuará a ser um dos maiores desafios para as organizações. A retenção e capacitação das equipas, especialmente nas áreas críticas da tecnologia, serão aspetos determinantes. Esta relação permite contribuir para a preparação da próxima geração de profissionais e manter um contacto permanente com o ecossistema educativo. O próximo ano será exigente, mas também repleto de oportunidades. A tecnologia continuará a evoluir a grande velocidade, mas o verdadeiro diferencial estará na capacidade das empresas criarem bases sólidas, assegurarem continuidade, reforçarem a segurança, investirem no desenvolvimento das suas equipas e manterem uma relação de proximidade com os clientes. |