Software Freedom Day 2020: a liberdade do software é mais importante do que nunca

Software Freedom Day 2020: a liberdade do software é mais importante do que nunca

Código aberto e software livre são hoje sinónimos na indústria do software, que ainda é uma área relativamente nova da computação

Todavia, a iniciativa de “código aberto” mais antiga que conhecemos data de 1911, quando Henry Ford lançou um grupo que fazia com que os fabricantes automóveis dos Estados Unidos partilhassem tecnologia de forma aberta, sem benefícios monetários. Do mesmo modo, na década de 1950, a Volvo decidiu manter a patente de design dos seus cintos de segurança de três pontos aberta para que outros fabricantes automóveis a usassem gratuitamente.

Nas universidades, nas grandes empresas e nas organizações públicas, a partilha de software era a norma. Os computadores eram muito caros, especializados e a maioria do software desenvolvido do zero para resolver problemas específicos. Ao longo dos anos, os computadores tornaram-se mais comuns e padronizados, e o software pôde ser separado do hardware. Isto abriu caminho a empresas viradas apenas para o software, que decidiram que precisavam de proteger o código fonte dos seus produtos. O software proprietário tornou-se então a norma. O software proprietário deu às empresas uma vantagem competitiva, mas ao barrar o acesso ao código fonte, a colaboração cessou de imediato. O software livre e de código aberto (FOSS, em inglês) tornou-se um nicho em que muito poucos participavam. Obviamente, não é possível falar da história dos FOSS sem mencionar Linus Torvalds e o Linux. Mas há muitas mais inovações de código aberto nos últimos 40 anos que ajudaram a fazer com que o código aberto voltasse a ser mainstream: o servidor web Apache, o sistema operativo Android, o PHP, o MySQL, o OpenJDK (uma versão de código aberto da plataforma Java) e o Netscape, só para dar alguns exemplos.

Durante mais de um século, vimos exemplos de como a partilha e a disponibilização de ideias, produtos e projectos para modificação, expansão e remodelação resultaram em melhor tecnologia. Por isso, não surpreende que a utilização do código aberto nas empresas esteja a aumentar. No "The State of Enterprise Open Source Report" 95% dos inquiridos afirma que ele tem uma importância estratégica para o seu negócio, com 77% a concordarem com a ideia de que o código aberto empresarial vai continuar a crescer.

A liberdade do software é mais importante do que nunca

Há muitos exemplos de FOSS, alguns com que estamos familiarizados, como o Android, e outros que só quem está na indústria tecnológica poderá conhecer, como o Kubernetes. Mas alguns dos aspectos mais importantes do desenvolvimento de software de código aberto é a capacidade de as pessoas e as organizações colaborarem de forma aberta para resolver alguns dos problemas mais prementes do mundo.

As ideias tornam-se mais fortes com o código aberto. É uma crença simples, mas poderosa, que ajudou a transformar a tecnologia. Os dados abertos, por exemplo, estão a ajudar activistas e académicos a proteger habitats e a preservar o património no Chile. O hardware aberto está a contribuir para que algumas pessoas façam descobertas científicas revolucionárias e para que os estudantes cultivem a sua própria comida numa sala de aula. O código aberto está a ajudar a UNICEF a mapear cada escola no mundo e a mostrar a sua conectividade em tempo real. O código aberto está a ajudar a Greenpeace a desenhar uma novíssima plataforma de envolvimento global para deste modo ligar os seus milhões de apoiantes às causas com que se preocupam. Estes são apenas alguns exemplos que demonstram o que as pessoas estão a fazer com o código aberto. O denominador comum é a ideia de que a colaboração e a partilha são aquilo que torna estes projectos mais bem-sucedidos.

Sem liberdade de software, onde estaríamos hoje? Num mundo em que o software seja proprietário e onde o acesso ao código tenha um preço, a vasta maioria das pessoas que mais poderia beneficiar desse software seria excluída. Enquanto tecnólogos, programadores, administradores de sistemas, directores de TI, CTOs, CEOs e outros cargos, é nossa responsabilidade assegurar que a tecnologia e o software permanecem livres e que qualquer pessoa com interesse neles lhes pode aceder. Qualquer um pode fazê-lo através da iniciativa GPL, contribuindo com tempo, conhecimento ou recursos com vista a apoiar projectos de software de código aberto.

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