O fator humano

Um deles é o conceito de Learning Organization, popularizado por Peter Senge há algumas décadas e que não tem merecido o destaque que lhe é devido atualmente, numa altura em que, por todo o lado, um dos problemas mais prementes é a falta de recursos qualificados para endereçar os desafios com que as organizações se confrontam.

Podemos, com elevado grau de confiança, dizer que muitas das atuais questões de recursos, se bem que agravadas pela pandemia, poderiam ter sido previstas e mitigadas. Não o foram, ou pelo menos não foram acauteladas e agudizaram-se entretanto.

Em muitas empresas, o orçamento de formação é o último a ser pensado e, com frequência, para evitar que fundos sejam perdidos. Daqui resulta que as organizações tenham uma desadequação de perfis entre os recursos de que dispõem e aqueles de que necessitam. Tudo seria, senão resolvido, pelo menos minorado, com uma política continuada que antevisse estas necessidades e as endereçasse a nível de formação e qualificação. Mas mesmo as empresas tecnológicas, que deveriam servir de porta-estandarte nesta área, são muitas vezes as que mais descuram tal atualização, ou pelo menos descuram à escala das necessidades que têm.

Atualizar em permanência, de forma sistemática, os recursos humanos, normalmente, é questão relegada para segundo plano, apenas muitas vezes uma “checkmark” que é preenchida após tudo o mais o ter sido. Tal passa pelos planos de compensação, naturalmente, mas também pelos de formação e atualização e, por outro lado, por ação da uma liderança que se quer cada vez mais transformacional e menos transacional. A próxima fase de transformação digital deverá ser, paradoxalmente, não orientada ao digital, mas ao analógico – ao humano. Sem uma renovada aposta no fator humano, não há transformação digital. Nem sequer chega a haver transformação.