A inteligência artificial (IA) tornou-se uma força transformadora onde os agentes de IA desempenham um papel cada vez mais central se combinados com os agentes humanos
Apesar das diferenças, ambas as formas de inteligência podem coexistir de forma complementar, contribuindo para a criação de valor num ecossistema human-AI. Os agentes de IA podem ser descritos como sendo entidades orientadas para objetivos, que aprendem e evoluem dinamicamente o seu comportamento, permitindo-lhes executar tarefas em ambientes complexos de forma eficaz. É essa automação baseada em objetivos que os difere da automação baseada em tarefas (Robotics Process Automation ou RPA) e da automação baseada apenas na pergunta-resposta (Natural Language Processing ou NLP prompts). Os agentes de IA destacam-se por não dependerem de instruções explícitas nem produzirem resultados pré-determinados, o que os torna altamente adaptáveis a diferentes contextos. Essa capacidade de receber instruções, elaborar planos e utilizar ferramentas de forma não determinística permite-lhes atuar como participantes ativos no ecossistema digital, interagindo com aplicações, humanos e outros agentes. O seu poder transformacional manifesta-se na eficiência, ao automatizarem tarefas e operarem continuamente; na adaptabilidade, que lhes permite responder a condições variáveis, aprendendo em tempo real e ajustando processos sem necessidade de intervenção humana; e na escalabilidade, que garante que os agentes conseguem lidar com o aumento das solicitações mantendo o desempenho. Transpondo para um cenário hipotético, pensemos no recente incêndio no aeroporto de Heathrow que obrigou ao cancelamento de mais de 1300 voos e prejudicou mais de 290 mil passageiros. Um contact center suportado em agentes de IA poderia ter escalado rapidamente a capacidade de resposta, fornecendo informações atualizadas sobre a situação, os impactos e as medidas em curso, de forma mais célere e eficiente. Da mesma forma, seria possível percecionar, através dos vários contactos a ocorrem em simultâneo, quais seriam as principais preocupações dos passageiros e atuar em conformidade. Este exemplo ilustra como os agentes de IA podem operar em tempo real, encontrar insights importantes e adaptar workflows com pouca ou nenhuma intervenção humana. Esta combinação de intervenientes humano-agentes IA forma a riqueza do ecossistema humano-IA. No entanto, e embora os agentes de IA tenham um enorme potencial transformador, é essencial que sejam controlados e geridos adequadamente por agentes operacionais. Como refere o CEO da OpenAI, a integração dos agentes de IA nas organizações requer estratégias claras, tecnologia apropriada e uma abordagem cuidadosa para garantir os resultados desejados [Sam Altman blog, “Reflections”, 6 de janeiro 2025]. Para garantir que os agentes de IA operam de forma alinhada com o propósito para o qual foram concebidos, é essencial que o sistema seja confiável e sujeito a monitorização contínua. Isso exige uma framework robusta que estabeleça diretrizes claras para a interação entre humanos, agentes e sistemas, assegurando rigor, transparência, responsabilidade e conformidade regulatória em todas as fases do seu ciclo de vida. A escolha dessa framework deve considerar um conjunto abrangente de capacidades, incluindo orquestração, inteligência dos agentes, controlo, segurança e integração eficaz nas organizações, de modo a mitigar riscos materiais, legais e reputacionais. Relativamente à capacidade de orquestração, devem ser avaliados aspetos como a gestão da concorrência entre agentes, os padrões de interação multiagente suportados, os mecanismos disponíveis para a distribuição de tarefas e os protocolos oferecidos para resolução de conflitos. No que respeita à inteligência dos agentes, a análise deve abranger desde a seleção dos modelos LLM (Large Language Models), às capacidades de raciocínio em múltiplas etapas, os mecanismos de aprendizagem e adaptação, a retenção de contexto, o grau de transparência na tomada de decisões, e a flexibilidade na integração com ferramentas e API’s externas. Ao nível do controlo e segurança, é importante considerar a capacidade da framework para impor restrições às ações dos agentes, os métodos existentes para validação das suas decisões, o nível de monitorização disponível e as opções de supervisão humana que permitem manter o controlo operacional e ético do sistema. Por fim, no que no que se refere à integração com as organizações, é essencial avaliar a forma como o modelo se articula com as soluções já existentes, designadamente com os mecanismos de autenticação e autorização, os métodos de invocação de aplicações, passando também pela compatibilidade com sistemas legados, capacidades de processamento e tratamento de dados, e critérios relacionados com os custos de computação. Assim, seja para explorar agentes de IA ou para escalar a automação, é fundamental ter uma estratégia bem definida, tecnologia apropriada e um modelo de governação robusto. Isso garantirá que as iniciativas com agentes de IA alcancem os melhores resultados e funcionem de forma eficiente, escalável e responsável. |