Perante um cenário de crescente instabilidade geopolítica, a Microsoft anunciou cinco compromissos com a Europa, que vão desde o reforço da infraestrutura de cloud e IA até à defesa da privacidade e da resiliência digital
Quarenta e dois anos após o lançamento do primeiro Microsoft Word – o primeiro produto da empresa a chegar ao mercado europeu em várias línguas – a Microsoft reforça a sua ligação à Europa com o anúncio de cinco compromissos estratégicos. Estes foram revelados no contexto da volatilidade geopolítica atual, com o objetivo de garantir estabilidade, inovação tecnológica e alinhamento com os valores e leis europeias. O primeiro compromisso da tecnológica é ajudar a construir um ecossistema abrangente de inteligência artificial e cloud no continente europeu. Para tal, a Microsoft planeia expandir a capacidade dos seus data centers na Europa em 40% até 2026, com operações em 16 países. Esta expansão, que deverá duplicar a capacidade de cloud entre 2023 e 2027, visa apoiar áreas como a saúde, a administração pública, a educação e a inovação industrial, mantendo os dados sob jurisdição europeia. A empresa compromete-se ainda a reforçar modelos de cloud pública, cloud soberana e parcerias com fornecedores europeus, promovendo um ecossistema diversificado e compatível com requisitos nacionais. O segundo compromisso passa por defender a resiliência digital da Europa mesmo em contextos de volatilidade geopolítica. Para garantir que os serviços de cloud operam de forma contínua, mesmo sob eventuais pressões externas, a Microsoft vai transferir a supervisão dos seus data centers europeus para um conselho de administração europeu. A empresa assume ainda o compromisso contratual de contestar judicialmente qualquer tentativa de interrupção de serviços por parte de governos. Além disso, prevê parcerias com entidades europeias que assegurem planos de contingência e continuidade operacional. O terceiro compromisso é o de proteger a privacidade dos dados europeus. A empresa sublinha os seus investimentos técnicos e contratuais para garantir que os clientes têm controlo sobre o armazenamento, encriptação e acesso aos seus dados. Um exemplo é o projeto EU Data Boundary, já implementado, que permite o armazenamento e processamento de dados exclusivamente dentro da União Europeia. Cumprir as leis europeias representa o quarto compromisso. A Microsoft sublinha que os seus investimentos em infraestruturas são permanentes e sujeitos às legislações e regulamentações locais. A empresa reconhece a autoridade das normas europeias, como o Regulamento dos Mercados Digitais e o direito da concorrência, e compromete-se a alinhar os seus produtos e serviços com esse enquadramento legal. Por fim, a empresa assume o quinto compromisso: colaborar com a Europa no desenvolvimento e aplicação de políticas públicas de inteligência artificial. Embora o comunicado se refira brevemente a este ponto, a Microsoft reitera que pretende contribuir de forma ativa para políticas que garantam que a inteligência artificial é usada de forma ética, segura e responsável, através da promoção da inovação com responsabilidade. Numa estratégia assente na abordagem local, jurídica e operacionalmente enraizada na realidade europeia, a Microsoft revela que estes compromissos representam um prolongamento do seu percurso histórico na Europa e uma resposta às novas exigências do cenário digital global. |